CPMF: o que é, como surgiu e por que se fala tanto nela?

Nos últimos meses, a CPMF voltou a ser muito falada. Isso porque o governo decidiu inclui-la na Reforma Tributária. Entenda mais sobre a história desse imposto e saiba como ele seria aplicado atualmente.

Recentemente, os termos “CPMF Digital” e “Nova CPMF” tomaram conta dos noticiários, se referindo a um novo imposto que pode recair sobre transferências bancárias. Mas, para entender como essa novidade tributária poderá funcionar, é importante voltar um pouco na história.

Como surgiu e o que foi a CPMF?

CPMF Digital
(Foto: BTG Pactual Digital/Reprodução)

Em 1966, o então Ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso criou a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira. Tratava-se de um tributo que atingia quase todas as movimentações bancárias. Inicialmente, a alíquota era de 0,20%, mas subiu para 0,38% nos anos posteriores. 

Vale destacar que certas transações ficavam de fora, como a compra de ações na Bolsa de Valores, transferências entre contas de mesmo titular, saque do seguro-desemprego e a retirada do valor da aposentadoria. No entanto, em operações rotineiras não tinha para onde correr. Dessa forma, o tributo era cobrado direto na fonte. Isso acontecia em transferências para terceiros, saques de conta corrente e cheques, pagamento de faturas de cartão de crédito, contas e boletos.

Tributo extinto após pressão popular

Embora tivesse caráter temporário, como o próprio nome reflete, a CPMF foi renovada 4 vezes e perdurou por 11 anos — o que gerou muitas críticas da população. Em 2007, devido à pressão pública, o Congresso Nacional extinguiu o tributo. Apesar disso, governos posteriores tentaram ressuscitar a CPMF, inclusive sob diferentes nomes. 

Vantagens do tributo para o governo

o que e feito com dinheiro arrecadado btg pactual
(Foto: BTG Pactual Digital/Reprodução)

A CPMF costuma ganhar espaço diante de uma reforma tributária ou quando ocorrem rombos nas contas públicas. Mas, afinal, por que esse imposto é tão querido pelos governos? Em primeiro lugar, cabe esclarecer que o valor atinge um número enorme de operações todos os dias. Dessa forma, mesmo que a alíquota seja baixa, o governo arrecada bastante dinheiro. 

Apesar da má-fama, o caráter provisório costuma facilitar sua aprovação, inclusive da população. Além disso, esse é o imposto mais fácil de cobrar e o mais difícil de sonegar. Por fim, ele gera um impacto menor na inflação do que impostos que incidem direto sobre produtos.

Como funcionaria a CPMF Digital?

saiba o que e pix e para que serve crop 1200 630 1602079490 3241 saiba o que e pix e para que s
(Foto: Banco Central/Reprodução)

Segundo o atual Ministro da Economia Paulo Guedes, o imposto foi incluído na Reforma Tributária — que poderá obter aprovação ainda em 2020. Caso a CPMF vigore novamente, ela atingirá pagamentos no crédito e no débito, compras online e transferências (exceto entre contas de mesma titularidade). Até mesmo operações realizadas via Pix podem entrar na lista. Ou seja, apenas pagamentos com dinheiro vivo escapariam.

Até o momento, a CPMF Digital foi anunciada com a alíquota de 0,20%. Mesmo que isso pareça pouco, é preciso analisar a situação com calma. Em 2007, quando a alíquota chegou a 0,38%, ela representava 3,15% da Selic, taxa básica de juros da economia brasileira. Na época, a taxa estava em 12,05%.

Atualmente, a Selic está em seu menor patamar histórico (2%). Nesse cenário, a CPMF representa uma fatia de 10%. Conforme explica o economista, Ângelo de Angelis, “a ‘nova CPMF’ é três vezes maior que a antiga, em relação à Selic”. Além disso, existe uma tendência de que a alíquota cresça com o tempo. Sobre isso, o especialista em contas públicas e mestre em Economia pela Unicamp, Murilo Viana, observa que desta vez o governo não mencionou que se trata de um imposto transitório.

Fonte Canaltech Infomoney Pactual Digital
Você pode gostar também
Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você esteja de acordo com isso, mas você pode optar por não participar, se desejar. Aceito Mais detalhes