Twitter exclui algoritmo de recorte de imagem após críticas de usuários
Recurso gerou polêmica, em 2020, após rede social ser acusada de priorizar fotos de pessoas brancas e do sexo masculino
Depois de ser alvo de críticas, o Twitter decidiu excluir seu algoritmo de recorte de imagens. O recurso gerou polêmica em setembro de 2020, quando usuários perceberam que o sistema da rede social dava prioridade a pessoas brancas no recorte da imagem. Ou seja: se uma foto tivesse uma pessoa negra e uma branca, apenas esta última apareceria no feed ou apareceria com destaque.
Também havia uma preferência por homens em vez de fotos de mulheres. Foram registrados ainda casos em que o recorte, em fotos apenas com a presença de mulheres, tinha um “olhar masculino” de acordo com a empresa, focando nos seios e nas pernas.
Rumman Chowdhury, engenheiro-chefe de software do Twitter e especialista em ética e inteligência artificial, disse que é melhor deixar as opções de recortes para os usuários. “Uma de nossas conclusões é que nem tudo no Twitter é um bom candidato para um algoritmo e, neste caso, a maneira como recortar uma imagem é uma decisão que as pessoas tomam melhor”, acrescentou Rumman, em uma postagem no blog oficial da rede.
O algoritmo, de acordo com o Twitter, já está desativado na rede social em todo mundo.
Diversidade no Twitter
A decisão surge cerca de um mês depois do Twitter lançar uma iniciativa de “aprendizado de máquina responsável”. A proposta era, justamente, incluir análises de igualdade algorítmica e oferecer mais transparência sobre sua inteligência artificial e como lidar com efeitos prejudiciais de suas decisões.
“O uso responsável da tecnologia inclui o estudo dos efeitos que ela pode ter no longo prazo”, escreveram em um blog Jutta Williams e Rumman Chowdhury, da equipe de ética e transparência do Twitter e que estão por trás da iniciativa. “Também estamos construindo soluções de aprendizado de máquina explicáveis, para que nossos algoritmos possam ser melhor compreendidos, o que os informa e como eles impactam o que (o usuário) vê no Twitter”.
Segundo a postagem, uma única decisão errada do algoritmo do Twitter pode afetar a vida de milhões de pessoas, com textos e imagens sobre racismo, violência, machismo e informações semelhantes. “Às vezes, um sistema [algorítmico] pode começar a se comportar de maneira diferente do esperado”, complementam os estudiosos sobre essa iniciativa.