Ibovespa recua com ata do Fed e tensão na CPI da covid
Banco Central dos EUA manteve postura de continuar com estímulos, a despeito temor de aceleração da inflação
O Ibovespa fechou a quarta-feira, 19, em queda. Seguindo o temor das últimas semanas, investidores repercutem a ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), dos Estados Unidos, divulgada durante a tarde. Nela, membros do Federal Reserve disseram que os aumentos de preços devem ter efeitos transitórios na inflação.
No entanto, dois membros do Fomc afirmaram que as pressões inflacionárias poderiam subir a “níveis indesejáveis”. Enquanto isso, diretores do Fed apontam para uma possível redução do programa de compras de ativos. Com isso, o banco central americano pode reconsiderar estímulos monetários, temor do mercado global por causa da possível fuga de investidores.
Com isso, as bolsas reagiram. Nasdaq, Dow Jones e S&P 500 chegaram a recuar até 1%, com Dow Jones liderando as perdas no fechamento, em queda de 0,48%. Enquanto isso, o Ibovespa fechou com recuo de 0,28%, aos 122.636 pontos, e volume financeiro negociado de R$ 31,63 bilhões. Já o dólar registrou alta de 1,17%, cotado a R$ 5,315.
Ibovespa hoje, 19 de maio de 2021
No mercado doméstico, o Ibovespa acompanhou o desenrolar da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, que teve hoje o depoimento do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Há pouco, o ex-ministro passou mal e a sessão foi interrompida. O depoimento será retomado na manhã desta quinta-feira, 20.
Pazuello disse ter informado ao presidente Jair Bolsonaro sobre as negociações de compra das vacinas da Pfizer, indo no sentido contrário de depoimentos de outros membros do governo, como Fabio Wajngarten e Ernesto Araújo. Também disse que respondeu à farmacêutica “inúmeras vezes” sobre uma possível compra de lotes da vacina.
Acrescentando mais uma dose de instabilidade no Ibovespa estão as notícias sobre a operação Akuanduba, da Polícia Federal, que investiga a exportação ilegal de madeira e afastou dez servidores federais. Na mira estão o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Eduardo Bim, um dos servidores afastados. Na primeira hora do dia foram cumpridos mandados de busca em endereços ligados a Salles, no Distrito Federal e no Pará. Mais tarde, Salles, em entrevista a jornalistas, considerou a ação desnecessária.
Por fim, sem conseguir salvar o humor do dia, está a Medida Provisória (MP) de privatização da Eletrobras. As discussões, até o fechamento do Ibovespa, não foram finalizadas, prometendo efeitos na quinta-feira. A votação seria um avanço na área política após idas e vindas em torno dos termos da desestatização e abre espaço para a reforma administrativa. Ao longo do dia, sob efeitos da votação, as ações da Eletrobras chegaram a avançar 4%.