Fintechs brasileiras receberam US$ 731 milhões em 2021

Investimento até o mês de abril supera em seis vezes o feito nos primeiros quatro meses de 2020

As startups de finanças captaram US$ 731 milhões em 2021, até abril, segundo a oitava edição do Insite Fintech Report, relatório mensal do Distrito Dataminer, divulgado na segunda-feira, 17. O valor foi diluído em 45 aportes, sendo que só, apenas no mês de abril,  US$ 123 milhões foram investidos nessas fintechs.

O investimento feito em 2021 já supera em seis vezes o de igual período de 2020.  Assim, as estimativas são de que o ano de 2021 supere com folga o US$ 1 bilhão aportado em startups de finanças registrado em 2019 e 2020.  “Devemos seguir batendo recordes de investimentos no setor, à medida que outros players importantes atingem seu pleno desenvolvimento”, diz Tiago Ávila, head do Distrito Dataminer, em nota.

Segundo o relatório, os late-stages concentram a maioria do investimento em fintechs. Esse quadro se explica pela escala dos desafios a que estão expostas as empresas mais maduras e também pelo próprio perfil dos investidores, que tendem a aportar valores altos nessas fases do empreendimento, já que o retorno financeiro é mais provável. O Nubank, sozinho lidera a lista de maiores aportes no setor, em rodadas Series F e G que chegaram a US$ 400 milhões.

O relatório também aponta 14 fusões e aquisições feitas até o final de abril, o que representa, nesses quatro meses, mais da metade do total em 2020. Mostra, ainda, a baixa concentração nas aquisições. Apenas a Boa Vista e a Locaweb ficaram com duas fintechs até o momento. Outra empresa que adquiriu mais de uma fintech, porém uma em 2020 e outra neste mês, foi a Via, que comprou o banQi e a Celer.

A evolução das fintechs

Além disso, com apoio da KPMG, o Distrito também lança o Mining Report, relatório gratuito que retrata a evolução das fintechs no Brasil. Até agora, de acordo com o documento, são 1.158 startups financeiras mapeadas no País, a maior parte voltada para meios de pagamento (15%), seguido por crédito (13,6%) e backoffice (13,2%).

Na série histórica, que começa em 2012, as fintechs brasileiras receberam, ao todo, US$ 4,6 bilhões em 536 aportes, somando os investimentos feitos até o final de abril de 2021. Esse segundo documento mostra que há uma tendência de especialização no ecossistema, com aumento da competitividade e da complexidade das soluções financeiras tecnológicas. Por tratar-se de um setor maduro, entrantes no mercado buscam estratégias diferenciadas de atuação.

“Com o ambiente regulatório construído pelo Banco Central, por meio de resoluções que reduzem a burocracia, com destaque para o Pix e Open Banking, além da aceleração da digitalização de negócios em função da pandemia, diversas oportunidades têm surgido para atuação das fintechs”, diz o sócio da área de Private Enterprise da KPMG do Brasil, Jubran Coelho. “O Brasil tem se tornado uma referência em tecnologias focadas em serviços financeiros”.

Outro dado que chama a atenção é o de que mais da metade das fintechs (52,3%) oferece suas soluções para outros negócios – as chamadas B2B. Serviços voltados diretamente aos consumidores são pouco mais de um quarto (27,3%). Há, ainda, as que oferecem soluções para ambos (13,6%). No entanto, a discrepância de gênero no quadro societário se mantém elevada. São 87,3% sócios homens e apenas 12,7% de mulheres.

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