Entenda a crise dos chips e como isso pode afetar o bolso do brasileiro

Indústria de chips não consegue acompanhar ritmo de vendas de produtos com chips, fazendo com fábricas e montadoras suspendam produção de celulares e até automóveis

Foi no início da pandemia do novo coronavírus, em 2020, que a indústria se viu obrigada a paralisar suas atividades para barrar o avanço da doença. Agora, um ano depois desse primeiro susto, outro problema começa a preocupar especialmente o setor de tecnologia: uma crise de chips semicondutores, com o componente começando a sumir no mercado.

Isso acontece, justamente, por causa dessa interrupção abrupta feita em 2020. Na época, as fabricantes de automóveis também paralisaram suas operações e o que era produzido de chips conseguia atender, sem grandes problemas, a crescente indústria de eletrônicos — como a de notebooks e celulares, que viu seus números dispararem com o home office.

Com isso, toda a produção foi redirecionada para esse setor. Agora, com a vacinação e uma retomada mais veloz e inesperada da indústria de automóveis, há um problema no balanceamento de mercado. As fabricantes de chips, que ficam principalmente na Ásia, não estão conseguindo suprir toda a demanda desse item, tanto de techs quanto montadoras.

Hoje, a previsão é de que esse mercado volte a ficar balanceado e sem falta de insumos apenas no final do ano. Outros, mais pessimistas, projetam retomada só em 2022.

Indústria e a crise dos chips

Com essa “crise dos chips”, a indústria já começa a sentir os efeitos. Montadoras de automóveis, que usam essa pequena placa para tecnologias embutidas como freio ABS, airbags, sistema de injeção eletrônica, eletrificação e direção autônoma, já está paralisando ou reduzindo suas atividades justamente por falta de insumos — ou seja, não há chips.

Volkswagen, GM, Honda e Ford já anunciaram que vão reduzir ou até suspender a produção de veículos. No Brasil, a Volkswagen interrompeu a produção até abril.

Setor automotivo
(foto: agência brasil)

Analistas também alertam que montadoras devem reduzir a marcha por inovações em seus carros até o próximo ano. Afinal, com esse mercado desbalanceado, há mais entraves para as fabricantes de automóveis adotarem tecnologias como o uso de energia elétrica no lugar de combustíveis. A previsão é de que essa indústria abocanhe 45% dos chips em 2030.

Enquanto isso, empresas de eletrônicos também estão começando a se movimentar e a adaptar seus calendários para lidar com a crise dos chips. A Samsung, que hoje é a maior fabricante de chips no mundo, alertou para uma “sério desequilíbrio” no mercado e anunciou que vai pular o lançamento do seu próximo Galaxy Note em 2021.

A associação da indústria de semicondutores da China classificou a crise como “sem precedentes”. “É preciso lembrar que em 1999 houve uma crise semelhante nesta indústria, mas era muito menor”, disse Zhou Zixue, funcionário sênior da Associação da Indústria de Semicondutores da China (CSIA). A associação também projeta retomada no final de 2021.

E o Brasil?

No Brasil, não há produção de chips. Tudo aqui é importado de fora. Algumas empresas importam o produto completamente montado. Essas estão tendo ainda mais dificuldades, já que o chip está sendo disputado por empresas do mundo todo — em alguns casos, até mesmo com situações de “quem pagar mais, leva”. Isso tem dificultado muito a importação.

Smartphones entram na crise dos chips
Pexels/reprodução

Com isso, especialistas e analistas do setor já começam a enxergar uma possível alta nos preços em 2021 com a crise dos chips. Afinal, sem semicondutores nos mercados e com produção reduzida, empresas devem começar a repassar os custos para o consumidor. Isso, aliado ao dólar alto, na casa dos R$ 5,50, pode fazer com que eletrônicos e até automóveis tenham uma disparada.

Por isso, neste momento, é aconselhável fazer pesquisa de preços e analisar com cuidado a compra de novos produtos. Além disso, para os que esperam lançamentos de smartphones, é bom acompanhar os movimentos do setor. Afinal, essa crise dos chips está longe de acabar. E, no final, pode afetar o seu bolso às empresas mais valiosas do mundo.

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