O Fundo Monetário Internacional, FMI, e o Banco Mundial estudam a possibilidade de trocar dívida externa de países pobres por financiamento climático.
Qual é a lógica por trás dessa troca?
As duas instituições financeiras avaliam maneiras para incluir a mudança climática nas negociações sobre a redução do peso da dívida externa de alguns países pobres. Dessa forma, a reestruturação das dívidas estaria vinculada ao financiamento de ações de mitigação e adaptação em nações mais pobres.
A inclusão do clima no processo de reestruturação da dívida dos países pobres pode ser algo disruptivo. Afinal, poderia ajudar a motivar os credores soberanos e até mesmo os privados a cancelar uma parte da dívida. Isto porque há uma troca que interessa os credores privados. Assim viabiliza-se iniciativas para redução de emissões de carbono, adaptação de comunidades aos efeitos da mudança do clima e viabilização dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU para 2030.
Além disso, financiamentos climáticos envolvem iniciativas de energia solar fotovoltaica, proteção de florestas, pesquisas e desenvolvimento de baterias para veículos híbridos, dentre muitos outros. E mais, a escala dos projetos é ampla: pode-se pensar desde a instalação de energia solar residencial para os telhados de famílias africanas até projetos de reflorestamento da Amazônia.
Na mesma linha, uma pesquisa recente do FMI descobriu que a vulnerabilidade ou a resiliência de um país à mudança do clima pode ter um efeito direto sobre sua capacidade de crédito, os custos de seus empréstimos, e, em última instância, a probabilidade de calote de sua dívida soberana. A pesquisa é a primeira a relacionar a vulnerabilidade a riscos climáticos de um país com o risco de inadimplência de sua dívida soberana.
E quão longe estamos dessa troca por financiamento climático?
Não muito. Afinal 3 países – Etiopia, Chad e Zambia – já iniciaram negociações com credores para suas reduzir dívidas.
De fato, a pandemia do corona vírus deteriorou as condições econômicas de muitos países endividados. Afinal as receitas caíram e despesas de saúde explodiram.
Os principais credores ofereceram algum alívio temporário no pagamento das dívidas.
A opção de troca de dívidas por financiamento climático pode ser mais um novo argumento de valor na mesa de negociação. De um lado, as nações pobres aprimoram sua situação de liquidez. Enquanto, de outro lado, os credores privados cumprem seus objetivos de desenvolvimento sustentável.