Qual é o potencial do mercado de crédito de carbono no Brasil?

Conversamos com um especialista no assunto para entender o verdadeiro potencial do crédito de carbono no Brasil, país que detém 50% das reservas de carbono do mundo.

O mercado de crédito de carbono no Brasil está em expansão. No início de fevereiro, o primeiro token do ativo foi disponibilizado no mercado Bitcoin, o maior do segmento de criptomoedas e ativos digitais. Com isso, os brasileiros interessados em investir no crédito ambiental puderam ter acesso a ele, assim como investe em bitcoin ou em ações na Bolsa de Valores.

Para entender qual  é o verdadeiro cenário do segmento no país, e também o seu potencial, o DCI entrevistou um especialista no assunto, o empresário e CEO da plataforma MOSS, responsável por criar o MCO2 token, primeiro token criptográfico habilitado para blockchain que representa créditos de carbono. Confira a seguir o que aprendemos com Luis Felipe Adaime.

Imagem mostra aparelho de celular com tela de fundo verde
(foto: andre neel/pexeks)

Como funciona o crédito de carbono no Brasil?

Assim como no resto do mundo, o mercado de crédito de carbono acontece por vias digitais, ou seja, é um mercado de criptomoedas. Por não ser um selo físico, e somente digital, o crédito de carbono no Brasil representa uma tonelada de emissão ou redução do gás de carbono, responsável por causar o efeito estufa.

A negociação dos créditos é uma forma de comercializar, e também diminuir, segundo investidores da área, os efeitos negativos da produção de carbono pelas grandes e médias empresas. Qualquer empresa que detenha créditos, seja por trocas ou projetos ambientais, pode vender para empresas que não fazem o mesmo ou investidores.

O mercado do crédito de carbono no Brasil funciona como a Bolsa de valores, e também pode ser negociado diretamente com as empresas responsáveis por venderem o selo ambiental. Mas diferente de outros países, não é regulado, ou seja, não está na legislação. Na teoria, isso não afeta em nada, o mercado não é ilegal só por não ser regulado. Em contrapartida, na prática, isso torna o país mais atrasado e também reflete nas transações de crédito de carbono.

Em países em que o mercado de carbono é regulamentado, como, por exemplo, a China, Japão e Austrália, as empresas que poluem acima da média são forçadas a comprar crédito de carbono de empresas (ou investidores) que poluem abaixo de tal média. Isso movimenta a moeda, tornando a necessária. 

Qual o valor de um crédito de carbono?

Imagem mostra fábricas poluindo com dióxo de carbono, que gera créditos de carbono
(foto: pixabay/pexels)

Uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) corresponde a um crédito de carbono. Se uma empresa produz 50 milhões, ela deve comprar 50 milhões créditos de carbono. Já um crédito corresponde a 5 dólares. Por ser um ativo líquido, assim como a maioria dos investimentos, o valor pode variar. Por convenção, um hectare de floresta protegida equivale também a uma tonelada de carbono evitada, e um crédito de carbono.

Como comprar crédito de carbono no Brasil?

Comprar crédito de carbono no Brasil não é extremamente difícil como muitos pensam. A comercialização do crédito é feita na Bolsa do Brasil (B3), no Mercado Bitcoin e também na MOSS. Segundo o CEO da empresa, atualmente o país certifica 5 bilhões de crédito de carbono. As transações comerciais são realizadas online e as regras são determinadas através de anúncios públicos ou editais.

Qual o potencial do país na geração do crédito?

Imagem sobre crédito de carbono
Foto: reprodução

O empresário Luis Felipe Adaime brinca ao dizer que o Brasil é a Arábia Saudita do carbono. Isso porque o país possui 50% das reservas de carbono do mundo, e também, 40% das florestas do planeta. “Quando você protege uma floresta, você conserva uma área e todo ano consegue créditos de carbono”, explica.

Segundo os cálculos, que mostram que o país já certifica 5 bilhões de crédito ao ano, o número poderia ser multiplicado 300 mais, o que significa que atualmente o país não explora o seu potencial no mercado – quando, na verdade, poderia se tornar uma potência econômica ambiental. “Ao certificar 1,5 bilhão de créditos ao ano, no valor do euro, equivale a 60 bilhões de dólares ao ano.”

A regulamentação do mercado pode vir nos próximos anos. Pelo menos essa é a perspectiva do especialista em crédito de carbono, que justifica dizendo que a demanda dos consumidores pressiona e exige cada vez mais que as empresas se neutralizem, ou seja, se torno carbono neutro.

No Brasil, há apenas um mercado regulamentado em relação a produção de carbono, sendo ele o Renova Bio. Os produtores de biocombustíveis certificados e autorizados pela ANP, como a Petrobras, devem emitir Cbios (créditos de descarbonização), e assim, os postos de gasolina são forçados a comprar créditos de carbono.

O que é carbono neutro?

O termo muito utilizado no mercado de crédito de carbono é usado para distinguir empresas e grandes companhias multinacionais que “pagam” por sua poluição, isto é, produção de carbono. Se uma empresa emite cerca de 20 milhões de toneladas de gás de carbono ao ano, ela pode comprar 20 milhões de créditos de carbono e assim se tornar carbono neutro ou carbono zero.

A tendência é que as empresas se tornem cada vez mais carbono neutro, na opinião de Luis Felipe Adaime. “É uma resposta dos consumidores e também dos investidores, como métrica de investimento. Precisamos salvar o planeta, então forcem as empresas a pagarem por suas poluições.”

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