Startup faz livro-aplicativo de clássicos adaptados ao público juvenil

Adaptar clássicos da literatura para apresentá-los em formato interativo e dinâmico para o público infanto-juvenil é o foco do livro-aplicativo.

SÃO PAULO – Adaptar clássicos da literatura para apresentá-los em formato interativo e dinâmico para o público infanto-juvenil é o foco da startup paulistana StoryMax desde sua fundação, em 2012. Mas foi a passagem pelo Seed, programa de aceleração mantido pelo governo de Minas Gerais, que fez os empreendedores definirem melhor o plano de negócios e as fontes de receita capazes de sustentar sua proposta central: promover o hábito da leitura e apresentar uma nova visão sobre questões atuais da sociedade por meio de um aplicativo.

Hoje, a empresa conta com duas fontes de receita: parcerias com corporações ou institutos e a venda virtual de livros-aplicativos. Esse modelo começou a ser construído em 2014, quando a startup entrou para o Seed. Segundo os idealizadores do projeto, Samira Almeida e Fernando Tanci, o programa foi fundamental para estruturar o negócio e iniciar parcerias importantes. “Após a aceleração, voltei para São Paulo com uma visão completamente diferente em relação à logística do negócio”, afirma Samira.

Uma das fontes de faturamento está nos downloads realizados pelos usuários. Nesses casos, quando a produção do conteúdo interativo é feita somente pela StoryMax, o aplicativo é cobrado. O ganhador do Prêmio Jabuti de 2015, Milky Way, custa R$ 10,49; o conto Frankie for Kids, R$ 17,49. Cada coleção de contos equivale a um livro-aplicativo. Após o download, no sistema Android ou IOS, todas as histórias ficam disponíveis também offline. Outra fonte é semelhante a um patrocínio. No começo do ano passado, a empresa firmou uma parceria com a Novozymes, multinacional dinamarquesa de soluções biológicas. Visando proporcionar uma reflexão sobre problemas sociais, foi lançada a coleção Nova Perspectiva.

Livro-aplicativoParceria para livro-aplicativo

O contato entre as duas empresas aconteceu durante o Movimento 100 Open startups, promovido pelo centro de inovação Wenovate. O objetivo central da gigante era encontrar um projeto voltado para a área educacional e que também tivesse engajamento sociocultural. A rede de ensino SESI do Paraná também se mobilizou para fazer os livros-aplicativos. O vice-presidente de assuntos corporativos e sustentabilidade da Novozymes Latin America, Pedro Luiz Fernandes, viu na StoryMax a possibilidade de desenvolver um conteúdo de reflexão sobre a importância da biologia no dia-a-dia. A parceria até agora produziu dois livros-aplicativos: Frritt-Flacc, de Jules Verne, e Ostras, de Tchékhov. Segundo Fernandes, os aplicativos funcionam como um material de apoio em sala de aula. São ingredientes a mais ao método de ensino tradicional das escolas brasileiras.

A ideia da leitura é estabelecer conexões com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Entre as metas do programa, a Novozymes escolheu explorar algumas: acesso à água potável e saneamento, erradicação da pobreza, fome zero e agricultura sustentável. A narrativa do conto se sustenta sobre esses temas e estimula o leitor a pensar sobre a importância da biologia nesse cenário. O aplicativo também conta com uma área de atividades, que contextualiza os assuntos tratados na história com a realidade atual. O usuário escolhe se quer fazer as atividades antes ou depois da leitura. “Nossa meta é atingir 1 milhão de pessoas até 2020 com esse projeto. O conteúdo tem potencial por ser multidisciplinar e flexível.” afirma o executivo da multinacional.

De acordo com ele, escolas com recursos limitados e que não podem fornecer tablets para seus alunos terão possibilidade de acesso ao conteúdo via computador. A ideia será desenvolvida ainda neste ano. As histórias também estão disponíveis em outros idiomas, como inglês e espanhol. Tanci, da StoryMax, destaca a importância do trabalho em equipe nas parcerias corporativas: “Houve um envolvimento de todas as partes no desenvolvimento dos aplicativos, tanto do Sesi, com a parte educacional, como da Novozymes, com os consultores técnicos.”

Trajetória

LivroEm 2014, a startup participou de um hackathon, maratona de programação, promovida pelo Instituto Goethe. A competição propunha aos participantes desenvolver um game que despertasse o interesse de jovens pelo idioma alemão e pelos costumes do país. Após dois dias de competição, a StoryMax saiu vencedora e apresentou uma proposta de aplicativo ao instituto. Nomeado como “LiteraTOUR”, o projeto aborda clássicos da literatura alemã e os costumes da cultura local. Disponíveis em alemão e em português, as animações e narrativas não têm ordem cronológica, possibilitando maior autonomia e interatividade do usuário. Instalada atualmente em um escritório no Google Campus em São Paulo, a StoryMax está em um ambiente dinâmico e de coworking.  O espaço é cedido pela Google para fornecer estrutura e estímulo a projetos em fase inicial. Os sócios não divulgam o faturamento atual, mas afirmam que, em razão da demanda por conteúdo adaptado, passou a empregar seis funcionários em 2016.

Você pode gostar também
Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você esteja de acordo com isso, mas você pode optar por não participar, se desejar. Aceito Mais detalhes