Livros digitais serão mídias completas em até três anos
Editoras e especialistas em educação indicam que livros digitais deixarão de ser apenas exemplares similares aos impressos em três anos.

São Paulo – O mercado de livros digitais didáticos cresceu no Brasil quase 50% em 2013, na comparação com o desempenho do ano anterior. Editoras e especialistas em educação e ensino indicam que esses produtos deixarão de ser apenas exemplares similares aos impressos físicos em aproximadamente três anos, até 2017. A editora de livros didáticos FTD, especializada em obras educacionais, considera os títulos digitais tendência que acompanha a evolução do mercado.
O coordenador técnico pedagógico da gerência de inovação e novas mídias da empresa, Carlos Seabra, argumenta que a demanda concreta pelos produtos ainda não é palpável, mas prevê que em breve os produtos serão populares, e não só digitais, mas também multimídia. Seabra afirma ainda que é preciso esperar o amadurecimento dos clientes em relação ao consumo dos exemplares eletrônicos. “É uma coisa inevitável sobre o livro digital. O tablet, por exemplo, leva por excelência o livro digital às mãos das pessoas e atualmente, praticamente, todos têm um aparelho desses”.
Livros didáticos
A demanda crescente tem feito uma corrida entre as companhias e os players têm procurado se adequar, ao mesmo tempo em que a concorrência aumenta. Segundo a supervisora de produção digital da Editora do Brasil, Adelaide Cerutti, existe para isso um investimento em software, arte e mão de obra especializada. A ideia dos materiais digitais é que deixem de ser um produto simples. “Por isso, há também o receio de que os investimentos necessários para a produção de material literário digital em grande escala possa não corresponder ao mesmo tamanho e empenho de dinheiro”, ressaltou.
De acordo com pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a pedido da Câmara Brasileira do Livro (CBL), os livros digitais didáticos somaram vendas na faixa de R$ 900 mil em 2013, ante cerca de R$ 525 mil em 2012 – crescimento de 58%.Nenhuma das editoras que produzem livros didáticos, consultadas pelo DCI abriu o percentual correspondente à venda desses produtos frente aos livros físicos. Ainda assim é consenso que as compras realizadas por administrações públicas fomentam o segmento, e proporciona know-how para que empresas desenvolvam materiais virtuais, dedicados ao ensino e educação privado.
Livros paradidáticos
Já o coordenador de mídia digital da editora Cosac Naify, Antônio Hermida, indica que a companhia tem mais de cem títulos em formato virtual e deve aumentar o acervo de e-books em até 10 títulos por mês. O diretor de produtos digitais do Grupo Saraiva, Deric Guilhen, reforça que é importante para a companhia ser participante e ativa em todas as etapas de criação, produção, editoração e venda das obras. “Nós criamos e distribuímos conteúdo, tecnologia e serviços por meio dos nossos negócios editoriais e de varejo. Participamos de todas as etapas.”Guilhen indica até um passo contrário à onda do mercado.
A empresa apresenta cases de e-books com sucesso de vendas tão grandes que sua produção editorial, inicialmente apenas virtual, se tornou agora física. O exemplo é um livro técnico que explica o que é Excel, programa de planilhas matemática desenvolvido pela gigante de software Microsoft. Guilhen ressalta também que entre os livros paradidáticos, os classificados como “interesse geral”: romance, ficção, poesia, autoajuda e religião, são atualmente os títulos digitais mais procurados.