A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, CCEE, publicou os dados de geração e consumo de energia elétrica ao longo de todo o ano de 2020. Definitivamente, um ano de grande turbulência causado pela pandemia que produziu impactos importantes no setor elétrico. A queda do consumo anual de apenas 1,5% pode enublar os inúmeros desafios e obstáculos percorridos. Vamos analisar alguns pontos interessantes:
O impacto inicial da covid-19 e a moderada recuperação
A análise dos dados de consumo apontam a profunda queda nos meses de abril e maio de 2020. De fato, nos primeiros meses da pandemia reinavam-se dúvidas e incertezas. As restrições de mobilidade e interrupções de cadeias de suprimentos imprimiram profundo choque no dia-a-dia das famílias e empresas. Os setores de produção, bens e serviços apresentaram quedas expressivas de consumo de eletricidade nos meses de abril, maio e início de junho.
No entanto, nos últimos 4 a 5 meses, houve uma recuperação importante, principalmente nos setores de grande consumo de energia elétrica. De fato, o aumento de consumo nos meses de setembro, outubro e dezembro de 2020 definiram o resultado do ano. Isto é, uma queda de apenas 1,5% do consumo de energia. Pequena quando comparada a expectativa de queda do PIB de 4,4% em 2020.
O impacto nos diferentes setores e nas várias geografias
O impacto da crise econômica e a consequente, redução de consumo de energia elétrica aconteceu com diferentes intensidades. Por exemplo, as restrições de mobilidade urbana impactaram pesadamente os setores de veículos com retração de 11,6% e de transportes com queda de 6,3%. Por outro lado, o setor de saneamento cresceu 24% seu consumo.
Somente em dezembro, o aumento de consumo chegou a 3,3%. Destaque para o segmento têxtil com uma recuperação de 27% na comparação com o mesmo mês do ano anterior.
Quando analisamos o padrão de consumo por região, notamos que os estados da Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro foram os mais impactados pelo recuo do consumo de energia no ano passado. Esses 3 estados registraram quedas próximas de 5% na comparação com 2019. Já o Pará, o Mato Grosso e o Amazonas lideram a lista de maiores altas, com crescimento de 6%, 5% e 3%, respectivamente.
São Paulo registrou uma queda de consumo de 3%, enquanto Minas Gerais apresentou uma queda de 2%.
A surpresa da energia solar na matriz elétrica
Por fim, do lado da geração de energia elétrica, observamos uma redução de 1,6% no no Sistema Interligado Nacional – SIN. A produção passou de 64.637,5 MW médios em 2019 para 63.596,8 MW médios em 2020.
Dentre as diferentes fontes de energia, a fonte térmica, mais cara, sofreu as maiores quedas com 7,1%. Por outro lado, as fontes eólica e solar fotovoltaica surpreenderam com um crescimento de 1,5% e 19,3%, respectivamente.
A busca pelas fontes renováveis, principalmente solar, mostram forte crescimento no mundo todo. De fato, os investimentos crescentes em novas fazendas solares não param de crescer. As vantagens da fonte solar que ajudam a explicar a taxa de crescimento de dois dígitos são: maior competitividade de custos e preços da energia solar fotovoltaica, disponibilidade de áreas adequadas, interesse da sociedade na busca de soluções para as questões climáticas, dentre outras.