Lições importantes sobre a transição para energia limpa na Califórnia

A Califórnia, um dos estados norte-americanos líderes na adoção de energia limpa no mundo, experimentou os primeiros apagões de energia elétrica desde 2001 e evidencia os desafios para uma economia de zero-carbono.

Milhões de californianos surpreenderam-se com o aviso que suas lâmpadas e aparelhos de ar condicionados estarão inoperantes nas próximas semanas, conforme publicação no jornal Financial Times. O estado da Califórnia planeja apagões para lidar com a onda de calor extrema, que elevou a demanda de energia elétrica ao seu limite. Nesse sentido, o clima extremo gerou condições não previstas que evidenciam as falhas na nova matriz de energia limpa. Correções do rumo necessárias para uma economia moderna de baixo carbono.

 

Moradores de los angeles foram alertados sobre os primeiros apagões desde 2001 © afp via getty images

 

A transição das fontes fósseis para energia limpa

O Estado da Califórnia expandiu sua capacidade de energia solar e eólica ao longo da última década. Ao mesmo tempo, o estado fechou usinas nucleares e reduziu o uso de combustíveis fósseis, como o gás natural, para geração de eletricidade. No entanto, o desafio da gestão da intermitência das fontes renováveis mostrou toda sua complexidade, quando as temperaturas atingiram 38C e os aparelhos de ar condicionado estiveram ligados de forma ininterrupta. Normalmente, os estados vizinhos são fontes confiáveis de importação de energia elétrica. Mas sofrendo das mesmas condições climáticas extremas, não tinham energia excedente para exportação.

 

A mudança climática alterou os padrões de consumo e os preços

A mudança climática já está afetando a previsão de carga de energia elétrica. Além disso, os cortes de energia elétrica nos próximos dias parecem inevitáveis para equilibrar a oferta e a demanda de energia elétrica no estado mais rico dos Estados Unidos. Os apagões afetam o dia-a-dia de mais de 220 mil unidades consumidoras da distribuidora de energia local PG&E. Esses consumidores estão recebendo avisos para aumentar a temperatura dos aparelhos de ar condicionado e manter a porta das geladeiras bem fechadas, dentre outras medidas de conservação de energia.

Apesar das reclamações populares e questionamentos políticos, o estado da Califórnia reforça sua política e metas de energia limpa para combate às mudanças climáticas. O preço para a falha de planejamento é alto. O preço da energia no horário de pico chegou a US$ 400/MWh, muito acima do valor médio de US$ 30/MWh.

 

Um novo equilíbrio se faz necessário

A redução acelerada da capacidade de geração resiliente através de fontes nucleares e gás natural não foi acompanhada pela produção de baterias, que permitiriam armazenar a energia solar para abastecer os picos de demanda. A expectativa é que a capacidade instalada de baterias aumente dos atuais 200MW para 900MW até o final de 2020.

Em suma, a Califórnia apresentou ao mundo que uma matriz de energia limpa é possível. Agora, precisa aprimorar o modelo e encontrar um novo equilíbrio entre fontes tradicionais, intermitentes e baterias. Dessa forma, mostrar a todos como tornar o sistema elétrico resiliente e confiável para um contexto de eventos climáticos raros, cada vez mais frequentes.

 

 

 

 

 

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