A estiagem pressiona o setor elétrico. Afinal, a redução do volume de chuvas neste verão provocou a queda dos reservatórios das grandes hidrelétricas. Nesse sentido, a solução veio da geração termelétrica que depende de combustíveis como óleo e gás natural. No entanto, ela é mais cara e a conta chega para todos os brasileiros com aumentos nas contas de luz.
Quão grave é a situação das grandes hidrelétricas?
A diminuição do volume de chuvas neste verão pressionou a geração elétrica em duas das maiores usinas hidrelétricas do país. A quantidade de água que chega aos reservatórios das hidrelétricas registrou o pior cenário em 91 anos de histórico.
A escassez de chuva aconteceu justamente entre o final de 2020 e o início de 2021 (período úmido) nas regiões Sudeste e no Centro-Oeste, que abrigam as principais hidrelétricas do país.
Na 5a feira (11/3), os reservatórios dessas regiões estavam com 32,5% de sua capacidade de armazenamento, um dos piores índices desde 2015. A série histórica mostra que há dez anos esse valor não supera os 80%.
Na usina de Belo Monte no estado do Pará, por exemplo, IBAMA e Norte Energia chegaram a um acordo no começo de fevereiro para manter uma vazão mais baixa ao longo de 2021. Em troca, tem-se ações da empresa para minimizar os impactos da usina no trecho de vazão reduzida do rio Xingu.
No entanto, segundo a ONS, a matriz elétrica brasileira é diversificada e não há risco de desabastecimento de energia elétrica no país.
Como é a solução de geração termelétrica na estiagem?
A quantidade de energia gerada por usinas termelétricas em janeiro deste ano foi a maior para o mês desde 2015. Além disso, foi a segunda maior para o mês desde o início da série histórica do ONS, que começa em 1999.
No primeiro mês de 2021, o Brasil registrou geração de 13.436 megawatts (MW) médios de energia termelétrica. Isso representou 18,8% de toda a energia consumida no Brasil naquele mês.
Além dos recursos termelétricos, o governo também está importando energia da Argentina e Uruguai. No entanto, importando outra pressão nos preços devido a cambio desvalorizado.
O que esperar para as contas de luz?
O preço mais alto da energia termelétrica resultou em contas de luz mais caras.
Somente em janeiro, os consumidores pagaram R$ 1,29 bilhão a mais nas contas de luz, por meio das bandeiras tarifárias. Esse sobrepreço é cobrado para pagar o custo extra gerado pelo uso mais intenso das termelétricas.
A Aneel já prevê que as contas de luz no Brasil devem ter em 2021 o maior aumento médio desde 2018.
A segurança hídrica será uma pauta cada vez mais importante
A estiagem e a diminuição dos reservatórios reforçam a importância de o poder público, a iniciativa privada e os cidadãos olharem mais para a questão da segurança hídrica no contexto da mudança do clima.
A proteção e recuperação de áreas de mananciais, responsáveis pela produção da água utilizada no abastecimento das principais áreas urbanas do Brasil deve ser repensada e priorizada.
Além disso, as ações de proteção e recuperação ambiental devem também contribuir para o desenvolvimento local e a geração de renda através de uma economia sustentável.