Consumo de energia mostra recuperação e anima investidores
A reabertura da economia começa a mostrar sinais de recuperação. O setor industrial está retomando suas atividades e o consumo total de energia elétrica está recuperando para os níveis anteriores à pandemia, após uma queda superior a 10%.
A reabertura da economia começa a mostrar sinais de recuperação. O setor industrial está retomando suas atividades e o consumo de energia elétrica está recuperando para os níveis anteriores à pandemia.
A crise econômica e social gerada pela pandemia produziu uma queda de mais de 10% do consumo de energia elétrica em todo o país. Com isso, ligou o sinal de alerta para todo o setor elétrico e motivou medidas de proteção, como por exemplo, as linhas de empréstimos da conta-covid de cerca de R$ 15 bilhões. Nesse sentido, a recuperação do consumo deve reduzir a necessidade de novos aumentos de tarifas.
A redução de consumo levou inclusive ao desperdício de capacidade de geração hidrelétrica. Justamente quando a usina de Belo Monte e todo o sistema de transmissão ficaram prontos, a carga foi reduzida e a capacidade de geração superou a demanda do sistema.
Expectativa de lenta recuperação
A expectativa no entanto é de uma recuperação gradual. As temperaturas mais altas de julho elevaram o consumo do mês, quando comparado com o ano passado. Além disso, a expectativa para agosto é de um leve aumento de 1% a 2% no consumo também.
A recuperação do setor industrial deverá se dar em fases, com diferentes velocidades entre os diferentes setores. Nesse primeiro momento, a Câmera de Comercialização de Energia Elétrica, CCEE, destaca o aumento de consumo superior a 10% de setores industriais, tais como: saneamento, comércio, alimentos e bebidas.
O mercado livre de energia também está apontando uma leve recuperação, impulsionado pelo retorno da demanda industrial. Segundo a Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia, a ABRACEEL, Minas Gerais vem liderando essa recuperação e respondeu por 48% do consumo total em abril de 2020. A demanda industrial de Minas Gerais é puxada fundamentalmente pelas industrias siderúrgicas, alimentos, agronegócios e papel e celulose. Essa recuperação não deve impedir uma redução do mercado livre de energia de 5% a 10% até o final do ano de 2020.
De fato, segundo dados do IBGE, a produção industrial vem se recuperando e apresentou aumentos da produção industrial brasileira superiores a 8% nos últimos dois meses. No entanto, dado o tombo de 26,6% dos primeiros meses da crise, existe uma discussão sobre a recuperação completa ou definição de um novo patamar para a produção industrial.
A discussão sobre aumento das tarifas de energia
A recuperação do consumo de energia e a redução da inadimplência reduzem o risco de tarifaços de energia elétrica até o final do ano. As distribuidoras demandam por revisões extraordinárias para adequação da tarifas ao novo contexto do setor.
Os empréstimos viabilizados pela conta-covid diluíram o impacto negativo da crise. No entanto, há a preocupação sobre os impactos permanentes da pandemia, que podem definir novos patamares de consumo de energia elétrica. A perspectiva de níveis de consumo menores, exigirão tarifas maiores para reequilibrar contratos.
A oportunidade de uma retomada sustentável
Investimentos crescentes em projetos de energia renovável são destaques nesse momento de recuperação. A empresa canadense Brookfield anunciou a aquisição de um parque solar em Janaúba, em Minas Gerais. O investimento de R$ 3 bilhões deverá ficar pronto em 2022 e terá 1,2 GW de capacidade instalada. O objetivo desse parque solar é atender a demanda industrial através do mercado livre de energia, que já possui cerca de 75% de sua capacidade já contratada.
A Sunwise também anunciou nova capacidade solar instalada para atender clientes de pequeno e médio porte. Clientes residenciais, comerciais e industriais atendidos em baixa tensão na área de concessão da CEMIG em Minas Gerais tem a opção de obter energia solar por assinatura, sem a necessidade de investimentos.