Número de negros e mulheres aumentam nas universidades
Estudo feito pela Universidade de São Paulo (USP) mostrou que a diversidade e inclusão social estão aumentando nas faculdades de medicina.
Um estudo feito pela Universidade de São Paulo (USP) mostrou que o número de mulheres, negros e alunos de escola publica aumentou na faculdade de medicina. O curso era, tradicionalmente, composto por estudantes brancos e de classes altas no Brasil. Mas o cenário parece estar mudando e se diversificando.
Racismo no trabalho
A médica Simone Lima contou em entrevista ao Estadão que ainda precisa driblar o racismo dentro do hospital em que trabalha. A doutora ocupa uma das posições mais altas de um hospital no Rio de Janeiro e, frequentemente, precisa reafirmar que ela é médica e não estudante ou enfermeira. Aos 50 anos e com 20 de profissão, ela conta que se cansou dos preconceitos que encara no dia a dia no ambiente de trabalho.
“Cansei disso. Aí, peguei uma dessas máscaras descartáveis, escrevi em letras bem grandes doutora Simone Lima e pendurei no pescoço, que é para ninguém mais ficar na dúvida”, conta a médica. “O racismo existe sempre, é algo que vivenciamos todos os dias. Mas agora algo está mudando. A gente está começando a se ver nos lugares onde não se via. Outro dia mesmo, entrou aqui no hospital um neurocirurgião preto. Preto mesmo, que nem eu.”, ela conta.
Pesquisa mostra mais negros na universidades
De acordo com o estudo Demografia Médica, da Universidade de São Paulo (USP), mulheres, negros e pessoas vindas de famílias de baixa renda estão cada vez mais presentes nas faculdades.
Além disso, em 2019, as mulheres já representavam 60% dos formandos, porcentual que vem aumentando nos últimos anos.
Segundo o IBGE, no ensino superior em geral, os negros já são 50% dos alunos, ainda um pouco abaixo do que sua presença no total da população brasileira, 56%. O porcentual registrado em Medicina ainda é bem menor do que a média dos cursos, mas a alta é significativa.
Desigualdades
“As desigualdades ainda são grandes e a Medicina é um dos últimos cursos a promover essa maior inclusão social”, explica o coordenador do estudo, Mario Scheffer, especialista em saúde pública da USP, em entrevista ao Estadão.
As cotas raciais têm tido um papel fundamental para aumentar a inclusão e diversidade social dentro das universidades brasileiras também.
Simone conta que tem muito orgulho de sua trajetória na Medicina. “Sou referência para minha filha e para muitas pessoas da minha família”, diz a médica. “Mas tem muita gente boa vindo por aí, e é muito bom a gente começar a se enxergar, a gente mulher e a gente preta.”