Vitamina D e Covid-19: entenda a relação entre deficiência e risco de infecções
A vitamina D é um hormônio que participa ativamente dos processos de defesa do corpo, sendo essencial para a imunidade. Especialista explica a relação entre a hipovitaminose e o maior risco de infecções respiratórias.
Recentemente, diversos estudos vêm apontando a relação entre deficiência de vitamina D e covid-19. Países como Estados Unidos, Alemanha, China, França e, por último, Israel, já publicaram pesquisas importantes acerca do assunto.
Para compreender melhor os dados, o DCI conversou com médico ginecologista Odair Albano, que é especialista em Vitamina D:
Estudo israelense com mais de 10 mil participantes aponta associação entre deficiência de vitamina D e covid-19
Assim como já havia sido apontado previamente, a pesquisa de Israel também relaciona a deficiência de vitamina D com um maior risco de infecções por coronavírus. Foram avaliados dados de 14 mil pacientes diagnosticados com covid-19 entre fevereiro e abril deste ano.
A análise levou em conta os pacientes que, quando positivamente testados, já haviam exame sanguíneo anterior com avaliação do nível plasmático de vitamina D. Para isto, foram consideradas como deficientes de vitamina D as amostras com nível de concentração abaixo de 30ng/mL.
Com base nesses dados, a pesquisa apontou que o nível médio deste hormônio nos pacientes avaliados foi significativamente baixo, sendo ainda menor no grupo com diagnóstico positivo de Covid-19, no qual a concentração média foi de 19 ng/ml.
Na análise univariada, que considera apenas uma variável clínica, os pesquisadores encontrarem uma associação entre deficiência de vitamina D e maiores chances de contrair coronavírus, chegando a uma probabilidade 109% maior de internação.
Ademais, a análise que leva em conta critérios demográficos e transtornos somáticos também trouxe dados interessantes. Isso porque, além do nível sérico de vitamina D, o estudo mostrou que pacientes masculinos de classes menos favorecidas apresentam maior risco de infecção. E as chances de hospitalização ainda aumentaram 171% em pacientes acima dos 50 anos.
Afinal, qual a relação entre deficiência de vitamina D e covid-19?
De acordo com o especialista Odair Albano, a vitamina D participa ativamente do processo de defesa contra diversos agentes infecciosos. Ele explica que o sistema imunológico é responsável por combater os agentes que causam infecções no corpo. Além disso, temos 2 tipos de imunidade. a inata e a adaptativa.
“A inata é uma resposta natural, rápida, feita por barreiras físicas, químicas e biológicas, mesmo sem contato prévio”, define. “Já a resposta adaptativa depende da ativação de células especializadas, os linfócitos. A presença de receptores de vitamina D em vários órgãos e células permite que ela produza diversas ações no corpo humano, entre elas, imunomoduladora. Na imunidade, a vitamina D estimula o sistema imune inato e modula o sistema adaptativo.”
Suplementação de vitamina D deve ser feita apenas sob orientação médica
Apesar dos estudos que apontam correlação entre carência de vitamina D e covid-19, as opiniões médicas sobre a suplementação da vitamina como prevenção ao vírus divergem. O Ministério da Saúde divulgou no início de abril, uma nota técnica reunindo as informações sobre o assunto. Até então, a orientação oficial era de que não havia evidência científica sobre a eficácia da suplementação de vitamina D na prevenção de infecções por Sars-CoV-2.
No entanto, manter os níveis adequados da vitamina é fundamental para todas as idades e, de fato, auxilia no bom funcionamento do sistema imunológico.
“Vários estudos observacionais têm mostrado o papel importante desta vitamina na modulação da imunidade”, explica o especialista. “Destaco que existem evidências da relação com sazonalidade em que ocorrem as doenças respiratórias – mais comum no inverno – no qual os níveis de vitamina são mais baixos. Outras comprovam a eficácia desta vitamina na prevenção de doenças infecciosas respiratórias virais”. Assim sendo, muitos especialistas acreditam que estes benefícios possam também se estender para coronavírus.
Vitamina D e covid-19
O médico explica que isto ocorre porque a vitamina D é um nutriente com ação pró-hormonal. Isto é: ela estimula a imunidade inata constituída por células de defesa que tentam impedir a multiplicação do vírus e que modula a imunidade adaptativa. Assim, a vitamina D é capaz de regular a ação dos linfócitos e a produção de citocinas (grupo de moléculas relacionadas ao sistema imunológico). Ele destaca ainda que a hiperinflamação (conhecida como tempestade de citocinas) é a causa mais importante do agravamento dos casos de Covid-19.
“Nesse período atípico pelo qual passamos, com menor exposição solar devido ao isolamento social, associada à chegada do inverno, consideramos necessária a suplementação de vitamina D com o objetivo de garantir os níveis considerados saudáveis e todos os benefícios como o fortalecimento da imunidade”, finaliza o médico.
Quem deve suplementar vitamina D?
Por fim, estudos demonstram que no mundo, mais de 40% da população de adultos e crianças apresenta deficiência de vitamina D. Já entre os idosos a prevalência é superior a 80%.
Assim sendo, o especialista alerta que a suplementação da deficiência de vitamina D deve ser feita sempre com o acompanhamento médico e adotada por pessoas que apresentam um quadro de deficiência de vitamina D.
“Considerando o grande número de pessoas com deficiência vitamina D, a reposição de vitamina no período atual de inverno, onde são maiores os riscos de infecções respiratórias, é recomendada desde que nas doses preconizadas de 1.000-2.000 UI/dia, seja comprimidos ou cápsulas. E pode ser feita, porque elevam o nível de vitamina D no sangue, melhoram a imunidade e reduzem o risco das doenças respiratórias”, orienta Odair Albano.
Fonte: Odair Albano é médico ginecologista pela Universidade Estadual de Campinas e consultor em Saúde, especialista em vitamina D. Já atuou como Secretário Saúde de Campinas, além de participar de diversos órgãos de representação na Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo e Ministério da Saúde. Ainda esteve à frente da presidência do Hospital Mario Gatti-Campinas.