Sommelier de vacina: Lei em SP põe no final da fila quem escolhe marca
Quem disser que não quer tomar a vacina que está disponível no posto, vai para o fim da fila obrigatoriamente.
O prefeito de São Paulo Ricardo Nunes (MDB) sancionou a lei que coloca no fim da fila quem se recusar a tomar a vacina contra covid de determinado fabricante. Para evitar que o chamado de sommelier de vacina SP queira escolher qual imunizante tomar, a lei foi primeiro aprovada na Câmara dos Vereadores no início de julho e agora sancionada, no último dia 27 de julho.
Sancionada pelo prefeito, quer dizer que agora é pra valer. Quem disser que não quer tomar a vacina que está disponível no posto, vai para o fim da fila obrigatoriamente.
Ao se negar a tomar o imunizante de determinado fabricante, o cidadão terá de assinar um termo de recusa.
O documento ficará anexado ao nome dele no sistema. Ou seja, não adianta nem tentar ir a outro ponto de vacinação.
Depois de recusar a tomar a vacina disponível, o “sommelier” vai para o fim da fila. O que quer dizer que só volta a ser a vez dele quando todos os grupos já tiverem sido imunizados.
Mas claro que a legislação prevê exceções, como por exemplo, quando a pessoa estiver gestante, no puerpério ou apresentar laudo de comorbidade que não permita tomar determinada marca.
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O que é sommelier de vacina SP?
Para começar, vamos explicando o que é o “sommelier” e como esta profissão dedicada a escolher vinhos chegou às vacinas no Brasil.
A palavra “sommelier” é de origem francesa e como era chamada a pessoa responsável pelos animais que transportavam comidas e bebidas.
Com o tempo, o nome “sommelier” foi dado ao funcionário responsável por arrumar a mesa. Como profissão mesmo, “sommelier” nasceu no século XIX, depois que surgiram restaurantes e grandes hoteis.
A atividade deste profissional é a de escolher e comprar vinhos e bebidas, armazenar e elaborar o cardápio da bebida. Ao cliente, é o “sommelier” que apresenta os vinhos do restaurante, por exemplo, e faz as recomendações de como harmonizar com os pratos.
Da gastronomia para a vacina, de repente o hábito do brasileiro de querer “escolher” entre marcas e fabricantes de imunizantes fez com que surgisse o conceito no País.
Em plena pandemia, quando já se contabiliza mais de 500 mil mortos pela covid-19, ainda tem quem queira escolher qual vacina tomar.
Por que não devo escolher a vacina?
Para começar que o fato de escolher a vacina quando milhares de pessoas não tiveram a chance de tomar nenhuma é de um egoísmo indescritível.
No Brasil hoje se tem quatro vacinas sendo aplicadas, todas elas com autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Os imunizantes são seguros e eficazes para evitar internações e óbitos da doença.
Se tratando de uma pandemia, a vacinação precisa avançar e alcançar o maior número de pessoas possíveis para evitar o contágio pelo coronavírus.
Uma vez que você escolhe que vacina quer tomar quando sua vez já chegou, você está atrasando o PNI (Plano Nacional de Imunização), ou seja, o cronograma de vacinação de todo o País.
O que acontece se eu não quiser tomar a vacina que está no posto – sommelier de vacina SP
Na cidade de São Paulo, especificamente, se você se negar a tomar o imunizante disponível, seu nome será cadastrado no sistema e você vai para o fim da fila.
Ao questionar qual vacina está sendo dada aquele dia, os funcionários que trabalham na imunização já estão sendo orientados a responder que a recusa da vacina deve ser preenchida por escrito.
Essa renúncia, ou seja, não aceitar tomar o imunizante disponível, vai fazer com que você só tenha a chance de se vacinar novamente depois que o grupo já estiver imunizado.
Isso quer dizer que você será retirado do cronograma e incluído no calendário de vacinação depois do término daquele grupo.
Lembrando que o mesmo vale para quem está tentando tomar a “xepa”, ou seja, a sobra da vacina.
Só ficam fora da penalidade as gestantes, puérperas e pessoas com comorbidade comprovada que têm recomendação médica para tomar outra vacina.
Por que as pessoas estão escolhendo que vacina querem tomar?
Existem várias razões pelas quais os “sommeliers de vacina” passaram a existir no Brasil. A primeira delas é relacionada à Coronavac, o primeiro imunizante autorizado e que começou a ser aplicado no País ainda não tem autorização para funcionamento em alguns países da Europa e nos Estados Unidos.
Como o imunizante não foi registrado nestes países ainda, brasileiros que tomaram a vacina não conseguem entrar nestes países. Está aí a primeira razão: viagens internacionais.
Depois, com a Astrazeneca, as chances de reações espantaram a população que prefere escolher entre outros imunizantes.
Além da reação que a vacina pode apresentar, a notícia de que a Astrazeneca tem chance de dar trombose em 1 pessoa a cada 500 mil fez muita gente declinar do imunizante.
As “preferidas” do momento têm sido então a Pfizer pela aceitação em diversos países a a Janssen por ser dose única.
O que os especialistas explicam é que todas as vacinas são diferentes entre si, justamente porque envolvem tecnologias diversas, mas todas são seguras e trazem raros efeitos colaterais.
Apesar de nenhuma vacina ser 100%, os benefícios de se tomar qualquer uma são muito maiores do que contrair a doença sem qualquer proteção.
Só em São Paulo que “sommelier” de vacina vai para o fim da fila?
O “sommelier” de vacina se espalhou pelo Brasil, e não, não é só em São Paulo que a população quer escolher o que tomar no posto.
Segundo a CMN (Confederação Nacional de Municípios), 75% das cidades de todo País registram casos de “sommeliers”, de pessoas que querem escolher a marca da vacina.
A Capital de São Paulo é mais uma das que vem aderindo à ideia de mandar para o fim da fila os sommeliers, mas a proposta já é realidade em outros municípios.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que iria regulamentar a lei, descrevendo como será a ação dos profissionais de saúde tanto na orientação quanto no convencimento das pessoas para tomar a vacina.
Desde quando a lei ainda se tratava de um projeto na Câmara Municipal, a secretaria já vinha falando que o nível de adesão à vacinação contra a covid era muito elevado e alcançou cerca de 98%.
Além da Capital de São Paulo, pelo menos outras 12 cidades do Estado estão com propostas em via de serem sancionadas, como:
Campinas, Embu das Artes, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Rio Grande da Serra, Osasco, São José do Rio Preto, Jales, Urupês, Lorena, São Roque e Cerquilho.
Outras cinco capitais brasileiras também seguem a mesma linha, são elas: Recife, João Pessoa, Porto Alegre, Belo Horizonte e Goiânia.