Segunda dose da CoronaVac: saiba como funciona e qual intervalo
O número de pessoas que estão recebendo a primeira dose da vacina não param de crescer. Com isso, surge a dúvida de como está sendo o planejamento para aplicar a segunda dose da CoronaVac.
No dia 18 de janeiro, o Brasil finalmente começou a dar os primeiros passos em direção à imunização contra a Covid-19. Indígenas e profissionais de saúde receberam a tão aguardada primeira dose da vacina produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a Sinovac. Só no estado de São Paulo, mais de 387 mil pessoas já foram vacinadas até o momento. Com isso, uma dúvida legítima começa a surgir para milhares de brasileiros: afinal, qual o planejamento para a segunda dose da CoronaVac?
A Secretaria de Saúde diz seguir a diretriz do Programa Nacional de Imunização (PNI), que recomenda que a segunda dose da CoronaVac seja aplicada em intervalo de 14 a 28 dias. Com isso, o protocolo do PNI prevê a reserva de pelo menos 50% dos lotes das vacinas para a aplicação em uma segunda etapa. No entanto, detalhes de como tal planejamento está sendo feito não foram revelados pelo governo.
Porque é necessário garantir a segunda dose da CoronaVac?
A segunda dose da CoronaVac é de extrema importância para garantir a imunização contra o vírus. Segundo o Instituto Butantan, a vacina garante 50,38% menos de chances de contrair a doença. Em caso de diagnóstico positivo para a doença, a chance de não precisar de qualquer atendimento médico é de 78% e 100% de certeza de que a enfermidade não vai se agravar. Mas especialistas afirmam que a proteção começa cerca de duas semanas após a aplicação da segunda dose da vacina – mesmo intervalo de tempo da vacina de Oxford.
Apesar dos testes clínicos usarem tais intervalos de tempo entre a primeira e segunda dose da vacina, Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, garante que também há dados que comprovam que o prazo de 28 dias entre as doses pode ser estendido sem causar problemas na eficácia do imunizante.
Planejamento do governo de São Paulo causa polêmica
O governo de São Paulo enviou um pedido ao Ministério da Saúde para usar todas as vacinas disponíveis contra a Covid-19 na primeira fase, algo que vai contra a diretriz do Programa Nacional de Imunização. O Centro de Contingência do governo de João Doria (PSDB) declarou que a proposta ampliaria a população imunizada, em vez de estocar doses da CoronaVac para a segunda etapa. Com isso, a aplicação da segunda dose também seria postergada.
A solicitação foi negada pelo Ministério e condenada pela Anvisa, que reforçou que o planejamento de vacinação, assim como a bula que propõe o espaçamento de 28 dias entre as doses, deveriam ser seguidas à risca. Ainda segundo o Ministério da Saúde, “não há evidência científica de que, com a ampliação do intervalo entre doses, a vacina ofereça a proteção necessária para a população.”
No dia 27 de janeiro, durante uma entrevista coletiva, o diretor do Instituto Butantan defendeu a estratégia proposta pelo governo de São Paulo e disse que “não é lógico que haja vacina na prateleira e pessoas morrendo.” Já epidemiologista Denise Garrett afirmou ao G1, que a necessidade de expandir o intervalo entre as doses revela a falta de planejamento na compra de doses.
Logo no início do plano de vacinação, o Instituto Butantan afirmou que 4,6 milhões de doses da vacina foram entregues ao Ministério da Saúde para os demais estados, enquanto 1,4 milhão ficaram em São Paulo para a primeira parte do Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19.
Como anda a produção da CoronaVac
O Instituto Butantan vem enfrentando um problema com falta de insumos para a produção de sua vacina em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. Por isso, a produção do imunizante está parada desde o dia 17 de janeiro. Especialistas apontam que não há certeza de que as pessoas serão vacinadas por completo no prazo estipulado.
Dimas Covas estimou para o dia 3 de fevereiro a chegada dos 5.400 litros de insumos importados da China. Segundo o Instituto Butantan, a matéria-prima deverá ser utilizada para a fabricação de cerca de 8,6 milhões de doses. As primeiras doses produzidas com esse material ficariam prontas em cerca de 20 dias após o incio da data de fabricação.
Como será a aplicação da segunda dose da CoronaVac?
Segundo informações da Secretaria de Saúde, após a primeira dose, o cidadão recebe um cartão com a comprovação da primeira dose e com a data da segunda dose agendada. Os profissionais de saúde que já receberam a primeira dose da CorornaVac, por exemplo, devem procurar o mesmo local onde se vacinaram pela primeira vez para receber a segunda dose de acordo com o intervalo de tempo recomendado pela bula.
Efeitos colaterais da segunda dose
Tanto o Instituto Butantan como a Secretaria de Saúde, esclareceram que podem ocorrer efeitos colaterais após a vacinação completa da vacina CoronaVac. Os efeitos mais comuns apresentados após a vacina foram:
- Dor no local da aplicação
- Dor de cabeça
- Febre
O Butantan afirmou não foram registrados efeitos adversos graves e de interesse especial relacionados à vacinação.
Quem pode tomar a primeira dose da vacina?
De acordo com o calendário do plano de vacinação divulgado pelo governo federal, existe uma ordem que respeita certas fases e grupos prioritários. A expectativa neste momento, é imunizar cerca de 14,8 milhões de pessoas, segundo afirmou o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Confira abaixo quem está na frente na fila de vacinação:
- Pessoas com mais de 75 anos ou com mais de 60 anos em casas de repouso;
- Povos tradicionais, indígenas e ribeirinhos;
- Trabalhadores da saúde (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, entre outros);
- Trabalhadores de apoio na área de saúde (recepcionistas, seguranças, entre outros).