Dicas para você entender a rotulagem nutricional
Confira as sugestões da nutricionista Cintya Bassi para entender melhor como funcionam as informações expostas nos rótulos dos alimentos.
A Diretoria Colegiada da Anvisa aprovou, em outubro do ano passado, novas regras para a rotulagem nutricional. Mas a decisão, unânime, só veio depois de seis anos de muita discussão, estudos e análises técnicas robustas. Além disso, a medida vale para todos os alimentos embalados.
Como resultado, espera-se mais clareza e melhor legibilidade das informações nutricionais presentes nas embalagens. O grande objetivo desse movimento é auxiliar o consumidor a realizar escolhas mais conscientes para a sua alimentação.
Por isso, a rotulagem nutricional passará por mudanças profundas. Haverá, por exemplo, uma declaração de nutrientes mais eficiente e também o uso de rótulos frontais. No entanto, é importante conhecer o que significam os termos utilizados e os componentes da tabela nutricional. Só assim você pode entender as informações dos rótulos e saber como cada ingrediente atua no organismo.
Dicas para a leitura da rotulagem nutricional
Em primeiro lugar, na rotulagem nutricional temos o Percentual de Valores Diários (%VD). Ele indica quanto de energia e nutrientes a porção daquele alimento apresenta. Em geral, para isso, leva-se em conta uma dieta de 2000 calorias por dia. Cada nutriente tem um valor diferente como recomendação para uma pessoa saudável. Veja as referências abaixo.
- Carboidratos: 300 gramas
- Proteínas: 75 gramas
- Gorduras totais: 55 gramas
- Gorduras saturadas: 22 gramas
- Fibra alimentar: 25 gramas
- Sódio: 2400 miligramas
“Para não errar na interpretação, devemos conhecer primeiro qual a porção indicada no rótulo. Por exemplo: se é uma unidade inteira, se são sete unidades, um copo etc. Logo após, observe os nutrientes obrigatórios, como energia, carboidratos, proteínas, gorduras, sódio e fibras. Digamos, então, que um alimento indica no %VD que possui 50% de gordura. Isso significa que metade da gordura que deve ser consumida durante todo o dia está presente apenas nessa única porção.” A explicação é da nutricionista Cintya Bassi. Depois que tiver essas informações em mãos, você pode escolher com mais conhecimento se aquela opção se encaixa ou não nos seus objetivos nutricionais.
Produtos diet e light
No caso da rotulagem nutricional dos produtos light e diet, você deve lembrar que eles têm teor reduzido de pelo menos um ingrediente. Pode ser açúcar, gordura ou sódio. A diferença é em relação à versão original do alimento.
De acordo com a nutricionista, o mais comum é que os produtos light apresentem um valor energético menor, ou seja, menos calorias. Por isso, são opções para dietas de perda de peso. Já os diet têm ausência total de um dos ingredientes. Em geral, a exclusão é do açúcar. Assim, são amplamente utilizados pelos diabéticos. Mas isso costuma não ter impacto no valor energético, pois pode haver substituição por outro ingrediente, como a gordura.
Além disso, vale ter cuidado e olhar bem os rótulos, já que alguns alimentos parecem saudáveis, mas contêm alto teor de sódio. “Um alimento com quantidade igual ou maior que 400mg de sódio em 100g ou 100ml já tem alto teor de sódio. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o consumo diário não deve ultrapassar 2g de sódio. Entretanto, pesquisas mostram que o brasileiro consome em média 5g de sódio e isso acarreta sérios problemas de saúde. É o caso de pressão alta, problemas no coração e nos rins e obesidade.”
Outros cuidados com a rotulagem nutricional
Além do sódio, evite alimentos ultraprocessados. Ou seja, enlatados, congelados e embutidos. Eles contêm adição de muitos ingredientes, entre eles sal, açúcar e gorduras. Esse recurso visa aumentar o prazo de validade e modificar características naturais como sabor, cor e textura. O consumo frequente desses alimentos tem como resultado maior número de casos de obesidade e outras doenças.
Cintya ressalta que os alimentos mais saudáveis não precisam de rotulagem nutricional. Isso porque fazem parte da dieta de forma in natura. É o caso de frutas, verduras e legumes. Por outro lado, quando comprar um alimento embalado, preste atenção ao rótulo. “Fique atento às informações nutricionais, principalmente a quantidade de ingredientes com mais risco à saúde. Então, sódio, açúcar e gorduras saturadas e trans. Se a %VD for alta, acenda a luz amarela.”
Outras informações importantes estão na lista de ingredientes. Afinal, ali aparece em ordem decrescente (do maior para o menor) toda a composição do alimento. Assim, se está no topo é porque possui maior quantidade. “Ademais, desconfie de listas cheias de ingredientes que você desconhece. Isso indica que a indústria adicionou substâncias para favorecer prazo de validade ou modificar a estrutura natural do alimento”, finaliza.
Fonte: Cintya Bassi, nutricionista do São Cristóvão Saúde.