Quem tomou AstraZeneca pode tomar Pfizer em SP?
Entenda se é seguro ou não fazer essa troca e se você pode receber uma segunda dose diferente
Quem tomou primeira dose de AstraZeneca pode tomar Pfizer em SP, como segunda dose, conforme anunciado estado de São Paulo anunciou no dia 10 de setembro. Agora, a Prefeitura de São Paulo também passou a adotar o novo protocolo, então veja como vai funcionar a mudança na vacinação.
A decisão foi tomada tendo em vista a falta dos antígenos fabricados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que tem atrasado o calendário vacinal de muita gente, além de ter crescido a quantidade de doses da Pfizer em solo brasileiro.
Quem tomou Astrazeneca pode tomar Pfizer em SP?
Quem tomou AstraZeneca há 60 dias já está apto a receber o reforço, o equivalente a oito semanas. No entanto, o prazo máximo exigido é o de até 12 semanas. Logo, a prefeitura só vai aplicar as doses de Pfizer em quem estiver com a carteirinha vencendo entre os dias 1º e 15 de setembro.
O governo estadual anunciou que esses imunizantes estarão disponíveis para quem deveria receber a segunda dose em todos os municípios paulistas, já que, mais de 400 mil antígenos foram distribuídos.
Os pontos de imunização na cidade de São Paulo começarão a aplicar essa etapa a partir das 14h de segunda-feira.
Vale lembrar que quem ainda não tomou nenhuma dose, tem de procurar se informar no calendário de seu município. Além disso, idosos, de 85 a 89 anos, estão aptos para receber o reforço do imunizante, a terceira dose, até o próximo dia 19.
Em toda a campanha, os municípios são obrigados a usar as doses que estiverem em estoque em cada ponto de imunização. Todas as patentes utilizadas Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por cumprirem critérios obrigatórios de segurança.
Por enquanto, a Pfizer deverá ser o imunizante mais utilizado, já que vieram em larga escala. Além disso, é a única permitida para adolescentes, de 12 a 17 anos.
Por que SP vai fazer o intercâmbio de doses?
O governo de SP tomou essa medida pensando nas pessoas que estão com a segunda dose do imunizante atrasada. Atualmente, as a AstraZeneca está em falta em São Paulo e outros estados brasileiros.
Vale lembrar que o Brasil recebeu no último final de semana 5,1 milhões de vacinas. Esse foi o maior quantitativo vindo em um só dia, em todo o ano de 2021.
Logo, há muita oferta dessas vacinas, enquanto as da AstraZeneca estão em falta. A capital paulista não tem o imunizante desde a última quinta-feira, dia 9.
A Fiocruz, que fabrica essa vacina no Brasil, atrasou a entrega neste mês. No entanto, o envio deve ser normalizado a partir desta semana.
O governo paulista afirma que deixou de receber quase um milhão de doses do Ministério da Saúde. No entanto, a pasta federal diz que antecipou o envio de 315,5 mil fármacos para segunda dose.
Contudo, o ministério entende que o estado utilizou os carregamentos como primeira dose, enquanto deveriam ter sido reservados para o reforço.
Como comprovar que tomou a primeira dose?
A pessoa que tomou a primeira dose da AstraZeneca e vai receber a segunda, para aumentar sua imunização contra a covid, tem de estar com a documentação em dia na hora de ir até algum ponto de imunização.
Ou seja, é só apresentar os documentos de sempre, que seu nome já está cadastrado no sistema da prefeitura, e eles vão te identificar e aplicar a vacina.
Vale lembrar que é sempre bom carregar, na hora da imunização, comprovante de Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), carteira de vacinação, comprovante de residência e o cartão do Sistema Único de Saúde (SUS), se tiver, para evitar atrasos e dificuldades.
No entanto, o cadastro pode ser agilizado no site da Secretaria Municipal de Saúde para antecipar o procedimento e certificar que a documentação está correta.
Por fim, moradores da capital têm de levar documento que comprove a residência. Pode ser físico, em papel, ou digital. São aceitos, por exemplo, uma conta recente de energia elétrica ou de água.
Onde se vacinar em SP?
Em dias de semana, estão disponíveis o mega drive-thrus e farmácias com as três etapas de vacinação, das 8h às 17h.
Além disso, no mesmo horário, funcionam os megapostos.
Já as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) ficam abertas das 7h às 19h, o mesmo horário que as Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs) e UBSs Integradas.
Os lugares específicos dos dois dias estão disponíveis para consulta na página Vacina Sampa, elaborada pela Secretaria Municipal de Saúde de SP. Já o site De Olho Na Fila mostra quais vacinas estão disponíveis nas unidades de saúde da capital.
É seguro tomar uma segunda dose diferente?
É importante dizer que o último parecer oficial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), feito em maio deste ano, não recomendava essa troca. No entanto, várias pesquisas já contradizem essa resolução.
Assim, pesquisa feita na Dinamarca mostra que quem tomou AstraZeneca e depois Pfizer, reduziu em 88% as chances de ser infectado pelo coronavírus. O instituto Estadual de Soro (SSI) da Dinamarca chegou a publicar que a combinação fornece “boa proteção”.
Nesse país, mais de 144 mil pessoas, vários profissionais da saúde e pessoas idosas, receberam sua primeira injeção com a vacina da AstraZeneca, mas foram posteriormente vacinados com as vacinas da Pfizer ou Moderna – essa, que não é usada no Brasil.
Outro estudo, o ensaio clínico CombivacS foi conduzido pelo Instituto de Saúde Carlos III, da Espanha, e também avaliou se quem tomou AstraZeneca pode tomar Pfizer. Os pesquisadores concluíram, em artigo publicado na revista científica The Lancet, que o esquema pode gerar uma “resposta imune robusta com efeitos colaterais toleráveis”.
Ou seja, assim como outros imunizantes já utilizados, essa intercambialidade estaria dentro dos padrões. No Brasil, essa mistura de vacinas já tem sido feita em grávidas, que tomaram AstraZeneca antes da recomendação negativa para essas mulheres.
Também, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) entende que os benefícios superam os riscos no caso da vacina da AstraZeneca.
Há riscos em tomar Astrazeneca e Pfizer?
Os estudos ainda não concluíram se há a mesma proteção para a variante Delta, em circulação em praticamente todos os países do mundo. No Brasil, ela não é predominante, até agora, ainda que desperte preocupação de autoridades.
A imunologista e professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Inês Aparecida Tozetti, explica que por se tratar de uma doença com muitas variantes e mudanças frequentes, a recomendação é evitar ao máximo alterações que não sejam indicadas.
No entanto, com uma base científica já iniciada sobre o assunto, a tendência é que isso não deva apresentar problemas. “Mas quando ocorrer [mudanças], o aconselhado é um acompanhamento clínico e laboratorial dos pacientes pós-vacinação. Somente dessa forma poderemos saber as implicações do procedimento”.
“Então, qualquer alteração no esquema de administração pode acarretar em alterações na eficácia da vacina. Mas para todas as vacinas, sempre se indica que é melhor tomar a segunda dose fora do tempo previsto, que não tomar. Mais uma vez quanto a essa doença, tudo é muito novo e somente acompanhando que se vacinou e que poderemos ter conclusões”, ressalta.
Em agosto, o Rio de Janeiro autorizou as cidades que não tinham tal vacina em estoque para a segunda dose, utilizar vacinas da Pfizer.
Em Mato Grosso do Sul, o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, afirma que são doses com poder de eficácia bom, quando aplicadas em conjunto. “Poderemos adotar o critério de fazer a intercambialidade para completar. Todos os infectologistas adotam e indicam que isso seja correto”, destaca.