Mulheres grávidas vão poder se voluntariar para testes da vacina Pfizer
Cerca de 4 mil voluntárias vão poder participar do estudo promovido pelas farmacêuticas Pfizer e BioNTech. Brasil, Argentina e Chile são os únicos países da América do Sul que vão participar do testes.
A farmacêutica Pfizer em parceria com a BioNTech vai testar mulheres grávidas com a vacina contra a Covid-19. A pesquisa será a primeira envolvendo gestantes e deve contar com 4 mil voluntárias ao redor do mundo, incluindo o Brasil. O estudo internacional foi divulgado após o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos pedir por inclusão do grupo nas pesquisas da vacina Pfizer.
O vice-presidente sênior de Pesquisa Clínica e Desenvolvimento da Pfizer, William Gruber, disse em entrevista à CNN que a companhia pode ter os resultados das pesquisas até o quarto trimestre de 2021. A vacinação contra o novo coronavírus já acontece em vários países, mas não inclui gestantes e menores de 18 anos.
Como vai funcionar o teste da vacina em mulher grávidas?
Segundo explicou a empresa farmacêutica, o estudo vai testar mulheres grávidas com vacina contra Covid-19 de diversos lugares do mundo. Os países incluem o Brasil, Estados Unidos, Argentina, Canadá, Chilie, Espanha, Reino Unido, Moçambique e África do Sul. Entretanto, a companhia sugere algumas restrições, são elas:
- Mulheres com 18 anos ou mais;
- Mulheres que estejam durante as semanas 24-34 de gestação.
O estudo clínico vai aplicar duas injeções da vacina Pfizer-BioNTech, com intervalos de 21 dias cada. Após o parto, as voluntariadas que receberem o placebo, e não a vacina, terão oportunidade de serem vacinadas enquanto permanecem parte do estudo, segundo a empresa. Além das mulheres, a pesquisa vai avaliar os efeitos nos bebês por cerca de seis meses, checando a segurança e também se eles receberam anticorpos.
Os resultados completos devem ser concluídos em janeiro de 2023.
Gestante são do grupo de risco
Até agora, as gestantes estão sem amparo em meio a pandemia da Covid-19. Isso porque o grupo não está incluso no plano de vacinação de diversos países. Enquanto o medo dos efeitos colaterais em mulheres grávidas é uma preocupação para as autoridades de saúde, essas mulheres registram taxas mais altas de complicações com a doença.
Um estudo publicado na revista médica International Journal of Gynecology and Obstetrics revelou que, do início da pandemia até 18 de junho de 2020, foram notificadas 160 mortes de grávidas e puérperas em todo o mundo por Covid-19, sendo 124 delas, no Brasil. Especialistas também apontam que o nascimento prematuro – o que pode colocar em risco a vida do bebê – ocorre mais em casos de mulheres que foram infectadas pelo coronavírus.
De acordo com o site internacional CBS News, o chefe da área médica do laboratório alemão BioNTech, Özlem Türecithe, reafirmou a necessidade de “estender o programa clínico para outras populações vulneráveis como as gestantes”. Veja a declaração completa abaixo:
“Precisamos estender nosso programa clínico para outras populações vulneráveis, como as gestantes, para, potencialmente, proteger não só elas, mas também as futuras gerações”, Özlem Türecithe.
“As mulheres grávidas e lactantes não devem ser excluídas, mas sim protegidas por meio de pesquisas”, disseram os pesquisadores em um artigo publicado pelo Journal of the American Medical Association.
A revista acadêmica American College of Obstetricians and Gynecologists concluiu em dezembro de 2020 que as vacinas “não devem ser negadas às grávidas”. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças afirmam que a tecnologia usada para criar vacinas de mRNA como a da Pfizer e da Moderna, torna “improvável um risco específico para as grávidas”.
“Eu recomendo fortemente que todas as mulheres grávidas sejam imunizadas, desde a descoberta inicial da gravidez até o termo”, disse o Dr. Bob Lahita, professor de medicina do New York Medical College e presidente do conselho de medicina do St. Joseph University Hospital, em entrevista ao CBSN na semana passada. Ele disse que não há “nenhuma evidência” de que a vacina “tenha qualquer efeito na placenta, no feto, na mãe. Exceto se alguém pegar a infecção, o COVID, e você estiver grávida, corre o risco de ficar muito, muito doente.”
Vacina Pfizer no Brasil
A Anvisa concedeu nesta terça-feira (23/02) o registro definitivo da vacina da Pfizer e BioNTech, chamada também pelo nome genérico tozinameran ou pela marca Comirnaty. A vacina tem uma taxa de eficácia de 90 por cento na prevenção de Covid-19, mas como ela funciona e o que difere das outras em utilizadas no Brasil?
Até então, as vacinas aprovadas no país são para uso emergencial: a CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, e a vacina produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com a Universidade de Oxford e o laboratório inglês AstraZeneca.