Movimento Anti-Vacina e seus riscos para a saúde

Espalhados pelo mundo todo, os ativistas anti-vacina entraram para a lista de maiores riscos à saúde global.

A vacinação é um dos métodos mais eficientes na prevenção de doenças e promoção da saúde. No entanto, milhares de pessoas estão acreditando em teorias conspiratórias sobre os métodos de imunização e até mesmo, sobre a existência de doenças. Aliado às fake news, o movimento anti-vacina tem ganhado adeptos no mundo todo.

 

O que é o Movimento Anti-Vacina?

O movimento anti-vacina é uma ideologia que vai contra a imunização de doenças, especialmente em crianças. Embora a ciência e dados estatísticos comprovem a eficácia da vacina, os ativistas desse movimento acreditam que as injeções imunizáveis são um risco para a saúde e que podem contaminar a população.

Dessa forma, o número de ativistas anti-vacina vem crescendo cada vez mais, principalmente na Europa e América do Norte. Nesses países, existem grupos de ativistas que articulam ações de oposição à vacinação pública.

Entre as ações realizadas estão protestos, boicotes e criação de sites e comunidades para difundir os ideias anti-vaxxers – como são chamados os adeptos do movimento.

 

Como surgiu o Movimento Anti-Vacina?

Anti vaxxers
Imagem: reprodução

Apesar de seu crescimento nos últimos quatro anos, o movimento anti-vacina não é recente. Embora não haja registros da origem precisa do movimento, em meados do século XX, há registros de associações da vacina à proliferação de doenças agudas e crônicas a reações vacinais.

No Brasil, por exemplo, houve em 1904, uma revolta contra a vacinação. A rebelião, feita por cidadãos cariocas protestava contra a vacina anti-varíola, doença que causava bastante preocupação médica na época. O episódio foi tão tumultuado que quase resultou em um golpe de estado!

Todavia, não era só no Brasil que especulações e boatos circulavam. Porém, as teorias sobre vacinação só começaram a ganhar força em 1998, quando o médico britânico Andrew Wakefield publicou, na revista The Lancet, um artigo que associava a vacina tríplice-viral ao autismo.

Segundo o cientista, a vacina de prevenção ao sarampo, rubéola e caxumba, modificava o sistema imunológico, levando o imunizado à ocorrência de síndrome do espectro autista.

Mas isso tudo não passou de um fraude! Anos mais tarde, a teoria caiu por terra e foi comprovado por outros cientistas que o estudo era fraudulento. Segundo eles, o médico havia alterado dados dos pacientes analisados para faturar, juntamente com um grupo de advogados, a partir de processos aos fabricantes de vacinas.

Sendo assim, o estudo foi retirado da circulação da revista e o autor foi expulso da comunidade científica internacional. Além disso, Wakefield foi proibido de exercer a medicina. Infelizmente, mesmo com a comprovação da fraude, o movimento anti-vacina ainda utilizam este artigo para convencer e trazer mais adeptos à causa.

 

Os Riscos do Movimento Anti-Vacina para a Saúde Pública

 

Com a democratização do acesso à internet, as informações chegam rapidamente às camadas populares. No entanto, a desinformação chega na mesma velocidade.

Nesse sentido, os anti-vaxxers viram nas plataformas digitais uma ferramenta para propagação de suas ideias, criando, assim, uma comunidade mundial de apoiadores.

Como resultado, novos surtos de doenças com proliferação controlada ou até mesmo erradicadas estão ocorrendo novamente por conta da resistência à imunização. É o caso da Itália, por exemplo, que teve um novo surto de sarampo em 2017, chegando a totalizar mais de 4.000 casos da doença.

De fato, o crescimento de anti-vaxxers no mundo tem gerado muita preocupação aos profissionais e organizações de saúde a nível mundial. Por isso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) incluiu o movimento anti-vacina em seu relatório sobre os dez maiores riscos à saúde global.

Segundo a OMS, os grupos contrários à imunização são tão perigosos quanto os vírus e doenças que compõe o relatório. Aliás, os anti-vaxxers são uma ameaça para o controle e erradicação de doenças, como a poliomielite.

Agora, imagine a confusão que esse grupo está causando durante a pandemia! Embora, a esperança fosse que diante uma crise sanitária global, houvesse uma diminuição do número de adeptos, não é o que está ocorrendo.

 

Os Anti-Vaxxers e o Covid-19

Vacina coronavírus
Imagem: reprodução / pexels

Atualmente, estamos vivendo uma crise humanitária de saúde devido ao novo coronavírus. E como era de se esperar, a maioria das pessoas está ansiosa pela vacina de imunização. Todavia, o movimento anti-vacina está utilizando da crise do Covid-19 para promover a resistência à imunização.

Infelizmente, em meio a tantos medos, inseguranças e estudos precoces sobre o novo vírus, os anti-vaxxers, terão tempo suficiente para plantar o caos, a dúvida e a convicção sobre os tratamentos. Assim, quando a vacina finalmente estiver disponível, haverá uma resistência da população sobre seus efeitos, podendo prolongar a crise.

De acordo com estudos e levantamentos já realizados, os efeitos do movimento quanto ao coronavírus já são notáveis. Segundo uma pesquisa realizada pela Universidade de Cambridge, 12% dos britânicos afirmam que não pretendem se vacinar contra o coronavírus e outros 18% tentariam convencer seus amigos e familiares de fazerem o mesmo.

Já um outro estudo, publicado na Revista The Lancet, 26% dos franceses não tomariam a vacina se ela já estivesse disponível. Ainda, conforme dados levantados pela Reuters, um quarto da população norte-americana também mostram resistência quanto a imunização.

Por fim, é importante frisar a importância das ações e campanhas de conscientização da imunização. Embora muitos países não haja obrigatoriedade de vacinação, em circunstâncias extremas como uma pandemia, algumas medidas possam ser reconsideradas.

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