Hospitais de Manaus estão sem oxigênio para pacientes com Covid-19

A capital do Amazonas vive segunda onda da pandemia que se agrava a cada dia. Um pesquisador da Fiocruz-Amazônia relata situação de calamidade nos hospitais da cidade

Com mais de 210 mil casos confirmados de Covid-19, pela segunda vez em oito meses o sistema de saúde do estado do Amazonas vive o drama da intensa alta de casos e mortes provocados pela Covid-19. Nesta quinta-feira (14), a situação se agravou: um pesquisador da Fiocruz-Amazônia afirmou que não há mais oxigênio nos hospitais de Manaus. A informação é da coluna de Mônica Bergamo, do jornal Folha de São Paulo. 

 

Hospitais de Manaus “viraram câmaras de asfixia”

O epidemiologista Jesem Orellana ainda relata que tem recebido vídeos, áudios e relatos telefônicos de pessoas que atuam na linha de frente de unidades de saúde com informações dramáticas. “Estão relatando efusivamente que o oxigênio acabou em instituições como o Hospital Universitário Getúlio Vargas e serviços de pronto atendimento, como o SPA José de Jesus Lins de Albuquerque”, afirma Orellana.

Nos primeiros dias de janeiro, o pesquisador já havia falado sobre a situação de calamidade no estado: “há pessoas literalmente morrendo sufocadas em suas casas”, disse o especialista, “são centenas de pacientes em fila para internação em leito clínico e de UTI”, continua, em entrevista à reportagem de Rubens Valente, do UOL.

O pesquisador dá mais informações sobre a declaração divulgada no dia de hoje: “acabou o oxigênio e os hospitais viraram câmaras de asfixia”, diz ainda o pesquisador. “Os pacientes que conseguirem sobreviver, além de tudo, devem ficar com sequelas cerebrais permanentes.” A coluna da Folha tentou entrar em contato com o Hospital Getúlio Vargas. Os profissionais da UTI, no entanto, não quiseram comentar a informação. A direção da instituição não atendeu às ligações.

 

Profissionais tentam oxigenar pacientes sem aparelhos

Uma atendente da recepção do hospital disse que ninguém poderia conversar com a reportagem de Mônica Bergamo pois a situação era “de emergência”. O que se confirma é que a situação é de fato dramática e que muitas pessoas ainda vão morrer já nas próximas horas por falta de assistência. Uma das profissionais disse, chorando, que os pacientes estão sendo “ambuzados”, ou seja, recebendo oxigenação de forma manual, já que os respiradores estão sem oxigênio.

Ainda de acordo com ela, cada profissional consegue “ambuzar” um paciente por no máximo 20 minutos. A partir daí, deve ceder lugar a outro técnico, o que torna a rotina de procedimentos arriscada, insuportável e caótica. 

 

Capital do Amazonas bate recorde de sepultamentos

De acordo com o Jesem Orellana, os 465 leitos de UTI para casos confirmados de Covid-19 e os 80 leitos para casos suspeitos estão lotados em Manaus. Somente nos 12 primeiros dias de janeiro, o estado do Amazonas teve 446 mortes por Covid-19, um aumento de 11,8% em relação à soma de todas as mortes registradas nos meses de julho, agosto e setembro do ano passado. Em Manaus, na terça-feira (12) a cidade bateu o recorde de sepultamentos num único dia, 166 enterros, “o maior ao longo de toda a pandemia”, disse Orellana.

 

Lockdown em Manaus

O governador Wilson Lima anunciou, nesta quinta-feira (14), um toque de recolher que proíbe a circulação de pessoas em Manaus entre 19h e 6h. Todas as atividades, exceto serviços essenciais para a vida, também estarão proibidos de abrir. A medida deve valer a partir da publicação do decreto, prevista ainda para esta quinta.

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