Herpes Zóster: entenda o que é, sintomas e como tratar

Saiba mais sobre a doença, que é causada pelo mesmo vírus da catapora e costuma atingir principalmente a pele, mas que pode também comprometer a visão e até o coração.

A catapora é uma infeção muito comum, que aparece especialmente na infância. Em geral, apesar de incômoda, não apresenta grandes complicações. E é muito provável que você já saiba disso. O que talvez você não conheça é o herpes zóster, uma doença bem mais complicada e causada pelo mesmo vírus da catapora, o varicela zóster.

 

O que é herpes zóster?

 

O infectologista Manuel Palacios, mestre em doenças infecciosas e parasitárias do Hospital Anchieta de Brasília, explica que a catapora não tem cura total. “O vírus fica latente, e quando reativa, traz a manifestação do herpes zóster”, diz.

Isso acontece porque, depois de atacar o organismo com a catapora, o vírus se aloja em um nervo, onde fica adormecido. Eventualmente, já na idade adulta, ele pode despertar, principalmente se houver baixa na imunidade. Nessa nova versão, causa o herpes zóster, também conhecido como cobreiro.

Embora essa trajetória seja a mais frequente, é possível que logo no primeiro contato com o vírus a criança (ou o adulto) desenvolva o herpes zóster ao invés da catapora. Além disso, mesmo quem não teve varicela na infância pode desenvolver o zóster. Afinal, tudo que o vírus precisa para agir é que você entre em contato com ele.

De acordo com um artigo publicado no site do Dr. Dráuzio Varella, cerca de 20% das pessoas podem ter a doença em algum momento da vida. Já uma análise apresentada no periódico científico BMC Geriatrics informa que os casos devem aumentar 3% ao ano até 2030.

 

Quais são os principais sintomas da doença?

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Imagem: reprodução / shutterstock

 

Segundo o Ministério da Saúde, o vírus é mais facilmente reativado em organismos com o sistema imunológico frágil. É o caso, por exemplo, de quem tem doenças crônicas (hipertensão e diabetes), câncer e Aids.

Com relação aos sintomas, Palacios descreve a principal característica do herpes zóster. Trata-se do surgimento de bolinhas de água doloridas em uma determinada área da pele. Geralmente, elas se concentram em apenas um lado do corpo. “E, muitas vezes, a dor é tão intensa que só melhora com medicação.”

Com frequência, as bolhas aparecem no meio das costas e seguem em direção ao peito. Mas podem também surgir no rosto, barriga, cabeça, pescoço, braços ou pernas.

No entanto, antes da formação dessas lesões, outros sintomas podem se manifestar alguns dias antes. Entre eles estão ardor, coceira e sensação de formigamento na pele, calafrios, dor de estômago, febre e dor de cabeça.

Quando as lesões na pele diminuem, formam uma crosta que dura, em média, cinco dias. O quadro de herpes zóster leva de duas a quatro semanas para melhorar por completo. E as bolhas podem deixar cicatrizes.

Vale dizer que, apesar de ter um nome parecido, o herpes zóster é completamente diferente do herpes simples – que causa lesões nos lábios e nos genitais.

 

O herpes zóster é contagioso?

 

Ao contrário da catapora, que é altamente contagiosa, o zóster raramente passa de uma pessoa para outra. É possível, entretanto, que essa transmissão ocorra se houver contato direto com as lesões da pele. Se o indivíduo for infectado, pode ter primeiro a catapora e, no futuro, o herpes zóster.

De acordo com o ginecologista José Gomes Moura, do Hospital Anchieta de Brasília, é importante que a pessoa com o zóster ativo faça isolamento. “Pelo menos até que as lesões evoluam para a fase de crostas. É necessário, além disso, higienizar bem objetos contaminados.”

 

Quais são os tratamentos indicados?

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Imagem: reprodução / pinterest

 

Em primeiro lugar, é sempre recomendado procurar um médico para um diagnóstico preciso. Isso é ainda mais importante quando a dor e as lesões surgem perto do olho, já que podem levar a danos permanentes na região.

O tratamento é feito com medicamentos antivirais e analgésicos. E quanto antes for iniciado, maior as chances de sucesso. Afinal, o princípio ativo usado contra o herpes zóster, o aciclovir, só tem efeito até 72 horas depois dos primeiros sintomas. Depois disso, só o que se pode fazer é cuidar da dor e dos outros sinais, mas não da doença.

Banhos frios e compressas geladas podem ajudar a aliviar a coceira e a dor.

 

Quais são as complicações da doença?

 

herpes zoster pode causar diversas complicações. A principal, sem dúvida, é a neuralgia pós-herpética, um quadro de dor aguda que persiste mesmo depois que a infecção termina. Isso pode durar de semanas até anos.

A doença pode comprometer a saúde geral do corpo e provocar problemas neurológicos e herpes ocular – quando o vírus chega aos olhos pode comprometer a visão. Além disso, pode aumentar as chances de um entupimento nas artérias, contribuindo para infartos e até um AVC.

 

Como prevenir o herpes zóster?

 

Desde 2014, há uma vacina específica para o herpes zóster. Ela é indicada mesmo para quem já teve uma crise anteriormente. Segundo o dermatologista Victor Bechara, a vacina é altamente recomendada a pessoas acima dos 50 anos, visto que a imunidade fica mais sensível nos idosos. “Ela não cura o paciente, porque o vírus continua no corpo, mas ajuda na diminuição da taxa de recorrência e na intensidade do quadro, bem como na dor sentida”, esclarece.

A contraindicação, no entanto, é para pessoas imunodeprimidas, quem tem tuberculose ativa não tratada e gestantes. Outro dado relevante é que a rede pública de saúde não oferece essa vacina, que custa, em média, R$ 450.

Fontes: José Gomes Moura, ginecologista, e Manuel Palacios, infectologista e mestre em doenças infecciosas e parasitárias, ambos do Hospital Anchieta de Brasília. Victor Bechara, dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

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