Fabricante não recomenda o uso de ivermectina contra COVID-19
A farmacêutica Merck soltou um comunicado oficial na quinta-feira (4) afirmando que não há bases cientificas que comprovem a eficácia do medicamento no combate ao coronavírus.
O vermífugo ivermectina ganhou destaque nos últimos meses de pandemia. Pois muita gente começou a tomar o remédio como forma de prevenir e combater o coronavírus. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi um dos grandes defensores do medicamento. Contudo, ontem (4), a fabricante de ivermectina, farmacêutica Merck, afirmou que não há dados ou estudos que comprovem a eficácia do medicamento no combate à COVID-19. Portanto, não recomenda-se seu uso para profilaxia ou tratamento da doença.
Ivermectina COVID-19
A Merck afirmou, em comunicado, que seus cientistas estão a todo tempo estudando sobre a relação entre a ivermectina e a COVID-19. Contudo, até o momento não foram identificadas bases cientificas que provem que o remédio está relacionado ao combate à doença. Confira o trecho do comunicado da farmacêutica.
A Merck (NYSE: MRK), conhecida como MSD fora dos Estados Unidos e Canadá, afirma hoje sua posição em relação ao uso de ivermectina durante a pandemia de Covid-19. Os cientistas da empresa continuam a examinar cuidadosamente as descobertas de todos os estudos disponíveis e emergentes de ivermectina para o tratamento de Covid-19 para evidências de eficácia e segurança. É importante observar que, até o momento, nossa análise identificou:
- Nenhuma base científica para um efeito terapêutico potencial contra Covid-19 de estudos pré-clínicos;
- Nenhuma evidência significativa para atividade clínica ou eficácia clínica em pacientes com doença Covid-19, e;
- A preocupante falta de dados de segurança na maioria dos estudos.
Não acreditamos que os dados disponíveis suportem a segurança e eficácia da ivermectina além das doses e populações indicadas nas informações de prescrição aprovadas pela agência reguladora.
O que é ivermectina?
Usado em tratamentos para oncocercose, elefantíase, pediculose, ascaridíase e escabiose, a ivermectina é um vermífugo que tem como função eliminar parasitas do organismo. O vermífugo foi criado há 40 anos e em 2015 rendeu um premio Nobel da medicina para descobridores William C. Campbell e Satoshi Omura.
O medicamento pode ser encontrado em farmácias comuns e é vendido sem receita, após determinação da Anvisa em setembro de 2020. O remédio genérico pode ser encontrado a partir de cerca de R$13 nas drogarias.
Em que situações ela deve ser usada?
O medicamento é um antiparasitário, podendo ser usado no combate à diversas infestações. Alguns exemplos de seu uso são:
- Estrongiloidíase intestinal;
- Filariose, popularmente conhecida como elefantíase;
- Escabiose, também chamada de sarna;
- Ascaridíase, que é a infecção pelo parasita Ascaris lumbricoides;
- Pediculose, que é a infestação por piolhos;
- Oncocercose, popularmente conhecida como “cegueira dos rios”.
Contudo, o paciente sempre deve buscar e seguir as orientações médicas para cada caso. Pois a automedicação é uma prática perigosa, que deve ser evitada.
Ivermectina contra COVID-19
No ano de 2020, muita gente apostou no medicamento como forma de prevenção e tratamento da COVID-19. Embora especialistas tenham afirmado que não há evidencias de sua eficácia contra o coronavírus, o presidente do Brasil defende fortemente o uso do medicamento. No começo de 2021, o presidente voltou a defender que o remédio seria positivo no combate à COVID-19.
Não há bases cientificas que comprovem o conteúdo de sua postagem, na qual Bolsonaro também fez apologia ao uso do medicamento antiviral nitazoxanida, conhecido como Annita. Este também não tem comprovação de sua eficácia no uso contra o coronavírus. Além disso, a Sociedade Brasileira de Infectologia já publicou comunicados reforçando que não é possível afirmar a eficácia da ivermectina contra a COVID-19. Entretanto, recomenda-se que a pessoa infectada siga as orientações médicas.