Ansiedade e estresse podem favorecer surgimento de crises de enxaqueca
Médico dá dicas para diminuir as alterações emocionais e explica como funciona a cirurgia que pode ajudar em casos de forte dor de cabeça.
Desde que a pandemia do novo Coronavírus começou, em março de 2020, o mundo todo passou por períodos de isolamento social. Além disso, a fase exigiu muitas mudanças na rotina e no estilo de vida. Como resultado, houve aumento significativo de sintomas de ansiedade e estresse.
Uma pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) revelou, por exemplo, que 80% da população brasileira ficou mais ansiosa no ano passado. E as duas alterações emocionais podem favorecer o surgimento de outro problema, a enxaqueca.
“O isolamento social impôs alterações importantes na rotina das pessoas, principalmente com relação às atividades fora de casa. Trabalhar, encontrar pessoas e ir à academia são situações que criam estímulos que distraem a mente. Assim, ficar sem essas atividades, somado às incertezas sobre o futuro, pode ser muito estressante e ansiogênico”, explica Paolo Rubez, cirurgião plástico.
Como resultado, a saúde do corpo todo é afetada. Muitas pessoas, ainda mais quem já tem predisposição, podem sofrer com crises de enxaqueca. A condição apresenta dores de cabeça muito fortes. A razão é que comportamento, emoções e estado mental alteram o humor, causando mudanças na liberação das substâncias que o cérebro utiliza para minimizar a dor.
Dicas para lidar com a enxaqueca
Para evitar sofrer com as crises de ansiedade e enxaqueca, é importante, então, tomar alguns cuidados. Paolo recomenda, por exemplo, programar a rotina diária e ocupar a mente. A dica vale ainda especialmente para quem está em home office. “Procure, assim, ter horário para acordar, comer, trabalhar e dormir. Ao se levantar, troque de roupa. Ou seja, não fique na cama de pijama o dia todo. Crie objetivos e prazos para que você cumpra ao longo desse período”, aconselha.
Mas lembre-se também de fazer pausas ao longo do dia. Por fim, à noite, desconecte-se e realize algo que lhe dê prazer. “Use qualquer tempo de sobra para coisas que você queria fazer antes e não conseguia ou não teve atitude de começar. Então, cozinhe, comece algum projeto, leia um livro, brinque com seu filho.”
Além disso, é importante seguir uma das sugestões mais famosas para a saúde: atividade física. Isso porque a prática regular de exercícios libera substâncias que controlam o estresse e promovem a sensação de bem-estar.
Por consequência, ajuda a diminuir os fatores que geram enxaqueca. “A meditação também é interessante para combater o problema. Ademais, evita que os sintomas se instalem. Hoje existem vários aplicativos, inclusive gratuitos, que ensinam técnicas de meditação. Você pode usá-los para inserir a prática de forma simples na sua rotina.”
Buscando ajuda médica
Se mesmo depois desses cuidados as crises de enxaqueca não cessarem, vale a pena procurar um médico. Somente ele pode fazer uma avaliação para descobrir a real causa do problema e indicar o melhor tratamento.
Hoje já é possível até mesmo realizar uma cirurgia que, muitas vezes, é capaz de colocar um fim definitivo às dores de cabeça. “A cirurgia de enxaqueca vem sendo realizada por diversos grupos de cirurgiões plásticos ao redor do mundo. Os resultados positivos e semelhantes de pesquisas dos diferentes grupos comprovam a eficácia do tratamento”, explica Paolo.
De acordo com o especialista, o procedimento é pouco invasivo. Seu objetivo é liberar os ramos periféricos de alguns nervos. Eles podem sofrer compressões das estruturas ao seu redor, como músculos e vasos sanguíneos. Como resultado, pode causar inflamação e favorecer os sintomas da enxaqueca. Entre eles, estão dor intensa, náuseas, vômitos, sensibilidade à luz e ao som.
“Ao todo, são sete tipos de cirurgias de enxaqueca. Isso porque cada um dos tipos de dor exige um acesso diferente. Porém, todos ficam nas áreas superficiais da face, couro cabeludo ou ainda na cavidade nasal”, afirma o cirurgião. “Mas o princípio é sempre o mesmo: descomprimir e liberar os ramos dos nervos que são irritados pelas estruturas adjacentes.”
Quem pode fazer a cirurgia de enxaqueca?
A cirurgia para enxaqueca é indicada para qualquer paciente com Migranea. Porém, o diagnóstico deve ser feito por um neurologista. É preciso ainda sofrer duas ou mais crises severas de dor por mês que não sejam controladas por medicação.
Além disso, funciona para quem sofre com efeitos colaterais do remédios e intolerância às fórmulas. Ou que tem sua vida pessoal e profissional comprometida pelas crises. “Realizamos as cirurgias em ambiente hospitalar e sob anestesia geral. Mas, em alguns casos, usamos anestesia local. Dura cerca de uma a duas horas para cada nervo. E o melhor é que o paciente tem alta no mesmo dia”, finaliza Paolo.
Fonte: Paolo Rubez, cirurgião plástico. Especialista em cirurgia de enxaqueca pela Case Western University.