Entenda as diferenças entre as vacinas de Oxford e CoronaVac
Imunizantes contra Covid-19 foram aprovados pela Anvisa neste domingo (17). O uso emergencial da CoronaVac e Oxford/AstraZeneca acontecerá sob restrição.
Este domingo (17) foi um dia histórico para o Brasil. Isso porque a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial das vacinas CoronaVac e Oxford/AstraZeneca no país. A decisão foi unanime em uma votação entre cinco diretores da agência.
As áreas técnicas da Anvisa aprovaram o uso, mas afirmaram que será necessário acompanhar a evolução das duas vacinas. Também neste primeiro momento, haverá restrição para a aplicação. A CoronaVac, produzida no Brasil pelo Instituo Butantan em parceria com a chinesa Sinovac, foi a primeira a ser aplicada.
A enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, recebeu a dose do imunizante durante uma coletiva de imprensa realizada no Hospital das Clínicas, em São Paulo, acompanhada de João Doria (PSDB), nesta tarde. Já a vacina estrangeira, que será fornecida pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), ainda não tem data exata de quando irá chegar ao Brasil, mas a previsão é que seja na próxima semana.
Apesar do momento de felicidade, já que diversos brasileiros usaram as redes sociais para comemorar a notícia da vacinação, ainda há muitas dúvidas relacionadas as vacinas, principalmente quando se trata da diferença entre elas. Confira abaixo tudo o que você precisa saber sobre os imunizantes CoronaVac e o de Oxford/AstraZeneca.
Eficácia das vacinas – Oxford e CoronaVac
Quando o assunto é vacina, o principal ponto de interesse é a sua eficácia, ou seja, o quanto ela poderá ajudar a combater uma doença, seja qual for ela. No caso da Covid-19, que pegou a ciência mundial de surpresa, muitas dúvidas surgiram. Mas é importante saber que a Organização Mundial de Saúde (OMS), exige uma eficácia mínima de 50% contra o novo coronavírus.
A vacina de Oxford/AstraZeneca possui uma eficácia geral de 70,42%, de acordo com a Anvisa. Segundo a pesquisadora de Oxford que coordena os ensaios clínicos da vacina no Brasil, Sue Ann Clemens, já na primeira dose a eficácia chega a 73%. Após 22 dias da primeira aplicação, a proteção da vacina aumenta 100% contra casos graves e 70% em casos moderados e leves.
Já o imunizante CoronaVac tem uma eficácia geral de 50,38%, acima do que é pedido pela OMS. Segundo o governo de São Paulo, o resultado de eficácia em casos leves, pacientes que não precisam receber assistência médica, é de 78%. A vacina brasileira-chinesa também previne 100% das chances de hospitalização em casos mais graves.
Transporte e armazenamento – Oxford e CoronaVac
Ambas vacinas precisam ser mantidas em temperaturas frias, como de 2ºC a 8ºC. Entretanto, elas possuem diferenças quando o assunto é transporte, pelo menos por enquanto. O governo federal, que aposta na vacina de Oxford/AstraZeneca, encomendou 100 milhões de doses da vacina que devem chegar até julho de 2021. Já a previsão para o segundo semestre é que a Fiocruz produza cerca de 160 milhões de doses.
O Instituto Butantan afirma ter à disposição 10 milhões de doses da vacina CoronaVac no Brasil, o que torna, no momento, a única vacina “disponível” para a população, já que os 2 milhões de doses encomendados pelo governo federal não foram autorizados pela Índia.
Como ainda sob o status de uso emergencial, a vacina CoronaVac não poderá ser aplicada em clínicas privadas, pelo menos por enquanto. Apenas o Sistema de Saúde Pública poderá vacinar. Segundo o plano de imunização de São Paulo, os primeiros grupos que vão receber a vacina, a partir do dia 25 de janeiro, são os trabalhadores de saúde, indígenas e quilombolas no estado.
Doria manda recado para Bolsonaro
Ao anunciar a primeira dose da vacina CoronaVac aplicada na enfermeira Mônica Calazans neste domingo (17), João Doria aproveitou para mandar um recado indiretamente para o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). Segundo afirmou o governador, hoje foi o dia “da vitória e da vida”. “O triunfo da vida contra os negacionistas”, disse ele.
Doria e Bolsonaro travaram uma guerra política nesta última sexta-feira (15), e trocaram ofensas publicamente. Na opinião do presidente, Doria tentou responsabilizá-lo pelo acontecimento de Manaus, em que a falta de oxigênio e leitos hospitalares para pacientes infectados com a Covid-19, chocou o Brasil e o mundo.