Covid em idosos: por que eles são mais vulneráveis ao vírus?
Médicos explicam os principais sinais de alerta para os sintomas do novo Coronavírus entre os idosos e quais são os cuidados que precisam tomar.
Desde o começo da pandemia do novo Coronavírus, declarada em março pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a terceira idade se mostrou uma das mais vulneráveis à doença. Afinal, ela chega a ser sete vezes mais letal em pessoas acima de 80 anos. No Brasil, o grupo representa mais de 30% dos óbitos. Por isso, é fundamental entender como funciona o Covid em idosos e, principalmente, quais cuidados seguir tomando.
Por que o covid em idosos é tão grave?
A população acima de 60 anos é mais suscetível a todas as doenças infecciosas. “Os idosos têm o sistema imune mais comprometido, em geral, do que os adultos jovens. Isso porque existe o processo de imunossenescência. Ou seja, o envelhecimento por si só contribui para a redução do funcionamento da imunidade”, explica a geriatra Simone Henriques.
Essa fragilidade do sistema imunológico, de acordo com a infectologista Ana Helena Germoglio, é consequência da queda na produção de proteínas que estimulam as células de defesa. “Assim, quanto mais idoso, mais difícil é emitir sinais de alerta para o corpo atacar os invasores”. Além disso, a terceira idade costuma ter mais doenças crônicas, como diabetes e pressão alta, por exemplo, que se associam ao Covid, agravando as condições de saúde.
É por isso que os idosos apresentam mais complicações entre as pessoas que desenvolvem o Coronavírus. Ademais a letalidade da doença dentro desse grupo é não apenas superior aos mais jovens, mas piora de acordo com a faixa etária. “Com base em estudos, percebemos que pessoas acima dos 59 anos têm cerca de cinco vezes mais chances de morrer de Covid”, informa Ana.
Quais são os principais sintomas e sinais de alerta?
Os sintomas do Covid em idosos são semelhantes às outras faixas etárias. “Podem apresentar coriza e perda de olfato, tosse e diarreia. A febre é um sintoma menos esperado, porque os idosos não costumam ter febre. Nos casos mais graves, há alteração da pressão arterial e falta de ar”, lista Simone.
Os principais sinais de alerta são o comprometimento do estado geral de saúde, dificuldade de alimentação e pouca hidratação. “É importante chamar a atenção para o caso de febre persistente ou cansaço, pois aí é necessário procurar assistência médica imediata”, aconselha Ana.
Além disso, é possível haver agitação fora do comum, sonolência e aumento nas quedas por falta de equilíbrio. Vale dizer ainda que o Covid em idosos também pode ser assintomático, ou seja, não apresentar sintomas.
“Dentro do grupo de idosos, quem apresenta doenças cardíacas, pulmonares e obesos têm um risco ainda maior de gravidade na doença”, complementa Simone.
Que cuidados os idosos precisam tomar?
“Os idosos devem ter um acompanhamento médico para monitorar sua saúde, pois, a qualquer sinal de alarme, é preciso ter assistência. Isso porque a piora, quando acontece, costuma ser rápida”, afirma a geriatra.
Ademais, na maior parte das cidades as atividades e serviços já voltaram a funcionar. Assim, a reabertura eleva os riscos para os idosos, já que familiares aumentam as chances de transmitir a doença, que ainda não tem vacina. “Os próprios idosos podem acabar se expondo mais em encontros com outras pessoas e ambientes públicos. O risco é, de fato, muito alto.”
Por isso, as recomendações e cuidados do início da pandemia devem seguir, principalmente para os idosos. “O isolamento deve ser priorizado e todos devem continuar se protegendo. Usem máscaras e álcool em gel”, conclui Simone.
Fontes
Simone Henriques, médica geriatra do Residencial Club Leger. Ana Helena Germoglio, infectologista do Hospital Águas Claras.