Câncer cervical: diagnóstico precoce diminui o risco de complicações 

O tumor de colo do útero atinge 16 mil brasileiras todos os anos. A doença tem sintomas silenciosos e alta mortalidade, mas estratégias de prevenção e diagnóstico precoce aumentam – e muito – as chances de sucesso no tratamento.

Na última quarta-feira (2), a apresentadora Fátima Bernardes revelou que está com câncer cervical. Conhecido como tumor de colo do útero, esse é o terceiro mais comum entre as brasileiras. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), são mais de 16 mil novos casos por ano e alta taxa de mortalidade: cerca de 30%. Além disso, existe a preocupação em relação à sua principal causa, o papilomavírus humano (HPV).

Essa é a infecção sexualmente transmissível mais frequente no mundo. E atinge, sobretudo, as mulheres. O Ministério da Saúde estima, por exemplo, que até 75% das brasileiras sexualmente ativas entram em contato com o HPV ao longo da vida. Por outro lado, ao menos 5% delas desenvolvem tumor de colo do útero entre dois a dez anos após o contágio. 

“A cada ano, mais de 500 mil mulheres têm câncer cervical no mundo. E são 300 mil óbitos pela doença. Isso configura um desafio na saúde global. Ademais, cerca de  90% dos casos ocorrem em países pobres ou emergentes, onde a mortalidade é 18 vezes maior que em países desenvolvidos”, revela a oncologista Michelle Samora.

 

Causas e sintomas do câncer cervical

Câncer cervical
Imagem: reprodução / pinterest

 

Uma das causas do câncer de útero é a idade, visto que acomete muitas mulheres na menopausa. Também são fatores de risco predisposição genética, obesidade, diabetes, falta de ovulação crônica, entre outros. 

Os sintomas são sangramento vaginal seguido de corrimento e dor na pelve. Entretanto, em estágio mais avançado, pode causar anemia, dor nas pernas e nas costas, problemas urinários ou intestinais e até perda de peso sem intenção. “Os sangramentos podem ocorrer durante a relação sexual, fora do período menstrual e em mulheres na menopausa”, afirma Michelle.

Os procedimentos para o tratamento do câncer cervical são cirurgia, radioterapia e/ou quimioterapia. 

 

Câncer de corpo uterino 

 

Sem dúvida, a notícia de Fátima Bernardes trouxe destaque para o câncer cervical. No entanto, vale saber que há ainda outro tipo de tumor que pode atingir a região, o de corpo uterino. 

“O câncer de colo de útero é, de fato, mais frequente e uma verdadeira tragédia social. Pois significa falha no rastreio de lesões que podem ser facilmente diagnosticadas no exame preventivo com o ginecologista”, diz a oncologista Natália Nunes. “Mas o câncer de endométrio é o mais comum em termos de corpo de útero.” 

Apesar de acometer mulheres acima de 60 anos, pode ainda atingir o público abaixo dos 40 anos. O principal fator de risco é o excesso do hormônio estrogênio. Todavia, obesidade, terapias de reposição hormonal com estrógeno e genética entram na lista também. 

Por causa de sintomas precoces de sangramento vaginal, ele tem diagnóstico em estágios iniciais. Como resultado, possui alta chance de cura. “Além disso, nos últimos anos ficou melhor o entendimento sobre seu prognóstico e tratamentos”, ressalta Natália.

 

Prevenção e diagnóstico do câncer cervical

Prevenção e diagnóstico de tumor
Imagem: reprodução / pinterest

 

A boa notícia para Fátima Bernardes foi ter descoberto a doença ainda em seu estágio inicial. Isso porque a medicina diagnóstica é essencial para elevar as chances de cura e sobrevida. Afinal, o câncer cervical costuma ser silencioso. Por outro lado, é passível de prevenção, já que mais de 90% dos casos provêm da infecção por HPV. Esse vírus, por sua vez, conta com vacina própria.

Para Michelle, esse, aliás, é um dos principais aliados no combate ao tumor de colo do útero. “A duração total da proteção ainda é incerta, mas estima-se por volta de nove anos. Porém, há estudos que indicam alta concentração de anticorpos por no mínimo 20 anos.”

Em complemento à prevenção primária, a médica indica exames periódicos para detecção da doença. “Com diagnóstico precoce é possível uma redução de até 80% de mortalidade por esse câncer. Visto que o tumor de colo do útero tem sintomas silenciosos, muitas mulheres perdem a chance de descobrir a condição ainda na fase inicial. Por isso, aconselho exames como o Papanicolau periodicamente.”

Fontes: Michelle Samora e Natália Nunes, oncologistas do Grupo Oncoclínicas.

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