3 razões para usar máscara mesmo após vacina contra Covid-19
Mesmo depois de tomar a vacina contra Covid-19, é necessário continuar usando máscara, dizem os médicos e especialistas. Veja os motivos
Abraçar os amigos, dar um beijo carinhoso nos vovôs, aglomerar-se em festas e tirar, finalmente, a máscara. Essas são algumas das opções que vamos fazer logo após tomarmos a vacina contra a Covid-19 – assim que ela for aprovada e estar disponível à população.
Só que não. Mesmo após tomar a vacina, médicos e infectologistas fazem o alerta de que a vida não vai voltar ‘tão ao normal’ na sequencia. Será preciso, segundo eles, tomarmos cautela até estarmos inteiramente protegidos contra o vírus. Enquanto isso, é necessário continuar usando máscara.
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A bióloga Natália Pasternak, presidente do instituto Questão de Ciência explica que logo após tomar a vacina contra Covid-19, é preciso manter as medidas protetivas até, pelo menos, a segunda dose, que é estimada 15 dias após a primeira. “Depois de tomar a primeira dose da vacina, é preciso voltar para casa, manter o isolamento social e continuar usando máscara; aguardar a segunda dose e depois esperar pelo menos 15 dias para que a vacina atinja o nível de eficácia esperado”, pontua.
Ainda segundo a bióloga, é necessário esperar um tempo até que boa parte da população já tenha sido imunizada para ‘só depois, voltar ao normal’.
1 – Tempo para o corpo reagir
O infectologista da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Jorge Kalil, explica que a vacina introduz no corpo uma partícula que é chamada de antígeno, que provoca uma resposta imunológica, ou seja, faz com que o corpo se torne capaz de reconhecer aquele vírus e produzir anticorpos para combatê-lo.
Esse antígeno pode ser um vírus desativado (morto), um vírus enfraquecido (incapaz de adoecer alguém), pode ser um pedaço do vírus, alguma proteína que se assemelhe ao vírus ou até mesmo um ácido nucléico (como a vacina da RNA).
Isso demanda tempo até que a próxima vez que entrar em contato com aquele vírus, o corpo já terá a memória de como combatê-lo e conseguirá enfrentar a ameaça de forma rápida e eficiente, impedindo que o vírus contamine o corpo. “É uma resposta que demora um pouco mais, são pelo menos duas semanas até que o corpo aprenda a reconhecer e combater o vírus com a ajuda do antígeno”, diz a bióloga Natália Pasternak.
É por isso que após tomar uma vacina — quer seja a contra o coronavírus ou contra qualquer outra doença — você só está realmente protegido depois de algumas semanas, explicam os cientistas. É como se o corpo precisasse de um tempo para “processar” aquelas informações e reagir de forma adequada.
2- Duas doses da vacina contra Covid-19
Serão necessárias duas doses da vacina contra Covid-19 das das quatro que já tiveram a eficácia comprovada: a da Pfizer, a da Moderna, a da Oxford/AstraZeneca e a Sputnik V. Isso vale também para a Coronavac, que está em desenvolvimento pelo o Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica Sinovac.
Essas são as recomendações já testadas por estes laboratórios e é nesse sistema que garante ao corpo, melhor desenvolvimento da resposta imunológica.
“No caso das vacinas que provavelmente teremos disponíveis contra o coronavírus no Brasil, a orientação vai ser tomar a primeira dose, esperar um mês, voltar para o postinho, tomar a segunda dose e manter todos os cuidados contra a pandemia, como isolamento social e uso de máscaras, por pelo menos 15 dias. Só então você estará protegido, de acordo com a eficácia de cada vacina”, explica Jorge Kalil.
Sobre a primeira dose, a bióloga diz que os cientistas a chamam de prime boost, que é como se ela acordasse o corpo para o vírus e dá um ’empurrão inicial’ no sistema imunológico. “Já a segunda dose gera uma resposta imunológica melhor. A quantidade de doses necessária varia muito com a formulação da vacina. A vacina contra a febre amarela, por exemplo, só exige uma dose”, finaliza.
3 – A vacina contra Covid-19 não tem 100% de eficácia
Nenhuma vacina tem 100% de eficácia e essa ‘regrinha’ vale também para as vacinas contra a Codiv-19. A vacina da Pfizer, por exemplo, tem 95% eficácia, de acordo com os resultados da terceira fase de testes.
Isso significa que há 5% de chance daquela vacina específica não produzir uma resposta imunológica no corpo da pessoa vacinada.
O vírus passa de pessoa para pessoa, explica Dr. Kalil, e para conseguir se propagar ele precisa achar pessoas suscetíveis à doença. “A vacina diminui o número de pessoas suscetíveis, de forma tão significativa que o vírus não consegue encontrar mais circular e é contido. Foi assim que erradicamos a varíola”, explica o médico.
A imunidade de rebanho é importante não apenas por causa da eficácia das vacinas não ser de 100%, mas porque há muitas pessoas que nem sequer podem tomar o imunizante.
Portanto, até que de fato, toda a população seja imunizada e que passe um longo período de tempo da adaptação da vacina contra a Covid-19, é necessário ainda preservar as medidas protetivas, como o uso da máscara. Assim, o cidadão fica longe do risco de recontaminação e dá tempo ao tempo até a vida voltar inteiramente ao normal.