Repercussão do discurso de Bolsonaro na ONU: o que dizem os jornais
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, discursou na terça-feira na 76ª Assembleia Geral da ONU, nos Estados Unidos
Depois que o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (sem partido), discursou na terça, 21 de setembro, na 76ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, vários veículos de imprensa ao redor do mundo publicaram matérias a respeito desse discurso.
Vale lembrar que é a terceira vez desde que assumiu o mandato, em que o líder brasileiro falou em público nesse evento. Veja o que diz a imprensa:
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Qual foi a repercussão do discurso de Bolsonaro na ONU?
Estados Unidos
No país que sediou esse evento, a repercussão foi negativa em diversos jornais e até mesmo entre outras figuras importantes.
O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, disse no começo da semana que Bolsonaro não deveria visitar a cidade, caso não quisesse se vacinar contra a covid-19.
Além disso, essa situação gerou até uma imagem, no mínimo, inusitada. Nova York decretou que restaurantes têm de verificar se os clientes estão vacinados contra o coronavírus antes de atendê-los nas mesas.
No entanto, Bolsonaro, que diz não ter se imunizado, publicou foto comendo pizza junto a outros ministros do lado de fora do estabelecimento. Assim, conseguindo burlar essa decisão.
O jornal estadunidense ‘The New York Times’ publicou matéria em que desafia o tom adotado pelo presidente brasileiro, quando rebateu críticas sobre o seu governo. Além disso, o texto citou os discursos favoráveis ao uso de medicamentos não comprovados cientificamente ou mesmo não eficazes, contra a covid, tais como a cloroquina ou ivermectina.
O site do jornal “The Washington Post” citou falas de Bolsonaro contra a vacinação e disse que ele parece ter quebrado o “sistema de honra” da ONU para a vacinação.
O evento não barrou a entrada de pessoas não-vacinadas durante a assembleia. Contudo, pediu sob o “sistema de honra” que os participantes estivessem vacinados.
Por fim, essa publicação destacou que Bolsonaro não comentou sobre seu status vacinal durante o discurso, mas que ele usou máscara de proteção facial enquanto transitava pela sede das Nações Unidas.
Portugal: discurso ‘radical’ de Bolsonaro na ONU
O jornal português “Diário de Notícias”, por meio de seu site, definiu a fala de Bolsonaro como “discurso radical”. Além disso, avaliou que o líder brasileiro tentou agradar a base interna de apoio.
Por fim, a reportagem também citou agências brasileiras de checagem de fatos que desmentiram trechos da fala. Por exemplo, as que mencionam dados positivos na economia, proteção ambiental e em manifestações do dia 7 de setembro.
Reino Unido: repercussão de Bolsonaro na ONU
Além disso, o site publicou em transmissão ao vivo do discurso de Bolsonaro que o presidente brasileiro se provou uma “figura controversa” durante a pandemia, minimizando os impactos do vírus e recusando-se a ser vacinado.
Alemanha
Especialistas ouvidos pela sucursal brasileira do jornal alemão DW sobre a repercussão de Bolsonaro na ONU, disseram que ele fez menção a teorias da conspiração, informações falsas e “ultraconservadorismo”.
No entanto, o líder brasileiro tentou acalmar ânimos, em comparação a outros discursos, para tentar vender o país a investidores.
“Eles ressaltam que o conteúdo do discurso de Bolsonaro manteve a espinha dorsal que guiou a campanha eleitoral do presidente e de seus dois anos e nove meses de governo, com pequenas adaptações para o contexto atual”.
Argentina
O jornal da Argentina “Clarín” publicou que Bolsonaro mirou contra o ex-presidente Lula, durante o discurso na ONU, quando disse que o Brasil estava “à beira do socialismo”.
A imprensa argentina também falou sobre a forma com que Bolsonaro lida com a pandemia. Por fim, mencionou “negacionismo evidente” do líder.
Repercussão de Bolsonaro na ONU ao redor do mundo
A Organização Não Governamental (ONG) Human Rights Watch disse que Bolsonaro, em seu discurso na ONU, “fechou os olhos para a ciência”. Além disso, não fez menção aos mais de 500 mil brasileiros mortos por conta da pandemia.
O presidente do Peru, Pedro Castillo, deixou a sessão quando Bolsonaro começou a discursar.
O Greenpeace Brasil publicou que “declarações falsas, distorcidas ou negacionistas de Bolsonaro são sempre recorrentes em seus pronunciamentos públicos”.
Outras pessoas, tais como o apresentador Luciano Huck, elogiou o discurso do secretário-geral da ONU, que antes do discurso de Bolsonaro, havia alertado para “desinformações” que poderiam ser divulgadas no evento.
Algumas políticos brasileiros também destacaram a fala do presidente, por meio do twitter. O ex-governador do Ceará e presidenciável Ciro Gomes (PDT) e a deputada federal pelo Rio de Janeiro, Talíria Petrone (PSOL) foram algumas das figuras públicas que se manifestaram de forma contrária.
As mentiras de Bolsonaro na ONU não vão passar impunes. O @psolnacamara vai enviar uma carta ao secretário-geral das Nações Unidas relatando todas as fake news do presidente genocida e pedindo que desconsiderem seu discurso absurdo, que mostra um Brasil que não é real.
— Talíria Petrone (@taliriapetrone) September 21, 2021
Tudo como previsto . Poucos minutos de discurso na ONU e uma carga de mentiras, mistificações, obscurantismo e hipocrisia que poderia cobrir anos e anos. Mas este tempo de vergonha tem seus dias contados. Fora Bolsonaro!
— Ciro Gomes (@cirogomes) September 21, 2021
No entanto, algumas pessoas foram favoráveis ao que foi dito por Bolsonaro na sessão. Seu filho, e deputado federal por São Paulo, Eduardo Bolsonaro (PSL), elogiou o discurso do pai.
Hoje o Presidente @JairBolsonaro teve uma chance rara: falar a verdade para todo o mundo, sem o filtro da mídia (que se desesperou após a transmissão).
Em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, o Presidente mostrou como a luta pela liberdade é o foco de seu Governo: pic.twitter.com/mLksIV9IN2
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) September 21, 2021
Assista ao vídeo completo do discurso de Jair Bolsonaro, durante a 76ª Assembleia Geral da ONU:
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