Janja Lula: o que faz uma primeira-dama?

A partir do ano que vem, Janja ocupará o lugar de Michelle Bolsonaro no Planalto.

Em 2023, o Brasil terá uma nova primeira-dama: Janja, esposa do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Mas o que o título significa e qual será o papel dela na política brasileira?

O que faz uma primeira-dama?

Como a Constituição não reconhece nenhuma função oficial para a primeira-dama, não há uma obrigação definida para as esposas dos presidentes. Assim como o restante de seus familiares, essas mulheres podem seguir uma vida fora da política, caso queiram. Também lhes é permitido atuar junto ao marido e se envolver em atividades voltadas para a política.

Segundo explicou o historiador e professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Carlos Fico, à BBC Brasil, não existe uma competência fixa para essas mulheres. Fico alega que, normalmente, o presidente a escolhe para algum cargo assistencialista.

“Ser uma primeira-dama nada mais é do que ter uma posição, um status meramente simbólico. Não há nenhuma competência para essas cônjuges, a não ser que o presidente a designe para ocupar um cargo de natureza assistencialista. Aquelas que acabaram tendo alguma importância historicamente foi mais por causa da personalidade do que por algo efetivo que tenham feito”, explica.

Ser uma primeira-dama é um título simbólico que não tem status oficial no governo. Então, como essas mulheres não ocupam nenhum cargo, elas não têm direito a salário pago com dinheiro público. No entanto, caso a esposa de algum presidente tenha outra função remunerada, fora do Planalto, ela pode receber seu pagamento, assim como outro cidadão.

Quais foram as primeiras-damas do Brasil?

Comumente, as primeiras-damas do Brasil se envolvem em programas sociais. Mas essa não é uma regra ou obrigação, já que a posição que elas ocupam não é um cargo de governo, mas uma nomenclatura. A esposa de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Ruth Cardoso, atuava no programa Comunidade Solidária, que visava combater a pobreza no país.

Já Marisa Letícia, segunda esposa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), acompanha o esposo em suas campanhas polícias, mas não se envolveu em programas do governo. A esposa de Michel Temer (MDB), Marcela Temer, participou ativamente do Criança Feliz, iniciativa do marido que auxiliava crianças de famílias beneficiárias do Bolsa Família.

A atual primeira-dama, Michelle Bolsonaro, é envolvida em projetos de inclusão social, principalmente ligados à comunidade surda. A esposa do presidente também coordena o programa Pátria Voluntária, desde 2019, que visa buscar voluntários para trabalhar com causas sociais.

Nos Estados Unidos, a ideia é semelhante. A esposa de Barack Obama, Michelle Obama, teve grande impacto no país durante os mandatos de seu marido. A primeira-dama se envolveu em programas sociais e atividades do governo, além de se mostrar uma militante ativa no combate ao racismo. A esposa de Barack, ainda realizou palestras e lançou um livro de sua autoria, em 2018, chamado “Minha História”.

Quem Janja Lula, próxima primeira-dama do Brasil?

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Lula (pt) e janja estão juntos desde 2017. – foto: ricardo stuckert

A partir de 2023, o Brasil terá uma nova primeira-dama. Rosangela da Silva, conhecida como Janja Lula, casou-se com o presidente eleito, Lula (PT), no começo de 2022. Segundo suas falas e posicionamentos, Janja pretende ocupar uma posição diferente das outras esposas dos presidentes brasileiros.

Nascida no interior do Paraná, em 1966, a cônjuge do petista é sociologia e tem histórico de militância social. Inclusive, Janja conheceu seu marido quando atuava dentro do Partido dos Trabalhadores na década de 90.

A futura primeira-dama já mostrou que não seguirá o caminho de Michelle Bolsonaro e outas mulheres de ex-presidentes. Em agosto desse ano, a esposa de Lula respondeu a um seguidor afirmando que “E tem um segredinho: vamos tentar ressignificar esse conceito de primeira-dama”.

O jornal O Globo revelou no dia 8 de novembro detalhes da entrevista de Janja para o Fantástico, que vai ao ar no dia 13. Na conversa com as jornalistas Maju Coutinho e Poliana Abritta, a esposa de Lula deixou claro que quer dar novo significado ao título de primeira-dama; inclusive a socióloga não aprova essa nomenclatura.

Segundo Janja, o termo remete a uma mulher “recatada e do lar” e não a uma pessoa ativa em lutas sociais, como ela. A paranaense afirmou, durante um ato do marido no Rio de Janeiro, que quer ser chamada de primeira-companheira durante o mandato de Lula.

Então, com base em suas falas, é possível entender que Janja não será apenas uma assistente do marido.

Além disso, diferentemente de Michelle – que afirmou ser ajudadora do esposo – Janja disse que não vai ocupar essa posição. Em setembro, a paranaense deixou claro ao esposo que vai exercer uma função ativa em seu governo. “Eu não vou te ajudar não, não vou ser ajudadora. Eu vou estar do seu lado, junto, lutando(…)”, disse Janja em comício com Lula.

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