Fim da Lava Jato? Entenda os rumos da operação
Famosa como uma força-tarefa contra a corrupção, a Lava Jato se tornou um núcleo de um grupo do Ministério Público Federal. Apenas quatro procuradores irão atuar na operação, agora integrada ao Gaeco.
Iniciada em março de 2014, a operação da Lava Jato teve seu fim como força-tarefa anunciado na última segunda-feira, 1º de fevereiro. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), a operação originária do Paraná, Curitiba, foi incorporada ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do próprio MPF.
As informações são do jornal Poder360.
É o fim da Lava Jato?
Na prática, isso significa que a Lava Jato deixa de ser uma “força-tarefa”, e passa a ser um núcleo integrado ao Gaeco. Apenas quatro procuradores da operação assunem a frente. A nomeação deles foi realizada pela Procuradoria Geral da República, que escolheu Alessandro José de Oliveira como responsável pelo núcleo. Os outros 10 membros da Gaeco seguem designados para atuar em casos específicos ou de forma eventual até 1º de outubro de 2021.
Enfraquecida, a extinta força-tarefa paraense, responsável por atuar como principal operação contra a corrupção no Brasil, deixou de ter a configuração que a fez famosa. Agora, integrada ao Gaeco, ela perde força e protagonismo no cenário político. Em nota, o coordenador do núcleo da Lava Jato exaltou a operação e afirmou que ela “trouxe avanços no combate à corrupção no Brasil”.
“O legado da força-tarefa é inegável e louvável considerando os avanços que tivemos em discutir temas tão importantes e caros à sociedade brasileira”, disse Alessandro.
Mensagens
No mesmo dia em que a Lava Jato passou a ser um núcleo do Gaeco, mensagens entre procuradores da Lava Jato e o ex-juiz federal, Sergio Moro, foram divulgadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo LewandowMski. O fim da suspensão do sigilo das conversas faz parte da operação Spoofing da Polícia Federal. No entanto, o conteúdo das mensagens foram obtidas através de hackers junto a integrantes da Lava Jato.
Segundo informou a CNN Brasil, 50 páginas de conversas entre Moro e o ex-coordenador da operação, Deltan Dallagnol, entre os anos 2015 a 2017, foram divulgadas no dia 1º de fevereiro. Isso fez com que a defesa do ex-presidente Lula questionasse novamente a imparcialidade de Moro na investigação.
Já Sergio Moro se posicionou nas redes sociais, e comentou sobre as “supostas mensagens obtidas por meio criminosos”. Ele ainda disse que não reconhecia a autenticidade das conversas e que elas não denunciavam fraude ou ilegitimidade da Lava Jato.
Sobre as supostas mensagens obtidas por meios criminosos nas incessantes tentativas de anular condenações por crimes de corrupção: pic.twitter.com/1FVMp3PEpB
— Sergio Moro (@SF_Moro) February 1, 2021
Bolsonaro ‘acabou com a Lava Jato’
Após se aliar a uma das figuras mais conhecidas da Lava Jato, Sergio Moro, Jair Bolsonaro fez questão de afirmar que foi o responsável por “acabar” com a operação. A declaração do atual presidente da República foi dada no dia 7 de outubro de 2020, e não caiu bem para os apoiadores da Lava Jato.
“É um orgulho, é uma satisfação que eu tenho, dizer a essa imprensa maravilhosa que eu não quero acabar com a Lava Jato. Eu acabei com a Lava Jato, porque não tem mais corrupção no governo”, disse Bolsonaro durante um evento no Palácio do Planalto. Em resposta, Moro, ex-ministro da Justiça, criticou a fala do antigo aliado e afirmou que “as tentativas de acabar com a Lava Jato representam a volta da corrupção” e que era o “triunfo da velha política e dos esquemas que destroem o Brasil”.
Augusto Aras, atual Procurador-Geral da República, também comentou sobre o destino da Lava Jato em julho de 2020. Na época, Aras afirmou que “o lavajatismo havia de passar”. A fala foi interpretada como uma crítica à operação. Flávio Bolsonaro, senador do Rio de Janeiro, concordou com o discurso do procurador.