Qual a igreja de padre Kelmon, candidato à Presidência da República
Embora, o candidato do PTB à presidência se declare padre, não há comprovações oficiais de que ele seja sacerdote da Igreja Católica Apostólica Ortodoxa.
Qual a igreja de padre Kelmon? Embora candidato a presidente, Padre Kelmon (PDT), constantemente se declare como padre da Igreja Católica Apostólica Ortodoxa, ele não tem vínculo comprovado com a instituição. O candidato afirma seu título nas redes sociais e em sua campanha. No último debate, no sábado (24), do SBT, Kelmon tornou a repetir que seria padre ortodoxo. Porém, uma reportagem do blog de Malu Gaspar, no jornal OGlobo, apurou que essas informações são falsas e que Padre Kelmon não parece ter ligação alguma com as igrejas ortodoxas.
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Quem é Padre Kelmon?
Kelmon Luís da Silva Souza tem 45 anos e é nascido na Bahia. O candidato à Presidência da República foi escolhido pessoalmente por Roberto Jefferson a encabeçar a chapa do PTB, após ele ter sua candidatura cassada. Kelmon se define como “homem cristão, conservador e de direita, que sempre se dedicou à igreja e ao combate da esquerda no país”. Em sua campanha, Kelmon se afirma padre ortodoxo, mas não tem ligação comprovada com a comunhão das Igrejas Ortodoxas do Brasil.
A reportagem de 2021, do site baiano Farol da Bahia, afirmou que o diácono Genê, representante da Catedral Ortodoxa Antioquina de São Paulo do Brasil, alegou que Kelmon “nunca pertenceu a uma igreja ‘de verdade’, canônica”. O padre Gregório Teodoro, membro da Arquidiocese de São Paulo e todo o Brasil da Igreja Ortodoxa Antioquina também afirmou ao Globo que Kelmon não tem ligação com a comunhão ortodoxa.
Ainda que tenha comprovação de sua ligação com a igreja, segundo o OGlobo, o suposto padre celebra missas e batizados em igrejas da Bahia. O candidato também aparece usando uma batina, traje católico, na foto da urna. Ele também usa a vestimenta em registros em suas redes sociais e em campanhas.
Qual a igreja de padre Kelmon?
O candidato é vinculado à Igreja Católica Apostólica Ortodoxa del Peru, onde conseguiu dois diplomas. O site do PTB afirma que Kelmon foi eleito bispo pelo santo Sínodo, autoridade suprema da Igreja Ortodoxa, no ano passado. Contudo, a informação não procede, pois essa igreja não é reconhecida pelas igrejas canônicas do antigo patriarcado ortodoxo.
Segundo apurou a reportagem do OGlobo, a Igreja Católica Apostólica Ortodoxa del Peru faz uso indevido de elementos religiosos, por isso, não é reconhecida.
O líder da instituição peruana, Angel Morel Vidal, assinou dois diplomas de Kelmon, um em “licenciatura em filosofia” e um bacharelado em teologia. Mas seus diplomas também apresentam informações confusas, pois o documento foi atribuído ao “Mosteiro São Basílio e São Tomé” e ao “Mosteiro São Basílio e Santo Efrém”. Essas entidades não existem em São Paulo (SP).
No diploma também consta um emblema da igreja do Peru ao lado do brasão da República do Brasil. Outra suspeita de Kelmon é sobre a Associação Theotokos, instituição religiosa da qual ele é presidente. No cadastro da Receita Federal, Kelmon é único sócio do CNPJ da entidade e o endereço registrado remete a um supermercado atacadista de São Paulo.
O candidato e seu partido ainda não se manifestaram a respeito dessas informações, até o momento.
Ligação com o PT
No debate de sábado (24), Kelmon teceu duras críticas à esquerda, ao Lula (PT) e ao PT. O candidato também tece essas ofensas em suas redes sociais e em sua campanha deste ano. Contudo, o padre já esteve ligado ao Partido dos Trabalhadores. Em 2002, ano da eleição de Lula, Kelmon se filiou ao PT e manteve vínculo até 2009.
Já nas eleições presidenciais de 2010, o padre se envolveu em uma nova polêmica. Segundo veículos da época apuraram, Kelmon teria encomendado, pedido do então bispo da Arquidiocese de Guarulhos, 2 milhões de panfletos que divulgavam informações falsas da candidata Dilma Rousseff (PT).
O material acusava a petista de defender pautas contrárias à Igreja Católica, como o aborto. Os papéis teriam sido distribuídos na igreja de Guarulhos.
A confecção dos panfletos foram feitos, supostamente, em uma gráfica ligada ao PSDB, partido de José Serra, que concorria contra Dilma na eleição.
Atualmente, o candidato se declara abertamente como apoiador de Bolsonaro. Em 2021, Kelmon fez um discurso na avenida Paulista em favor de Jair Bolsonaro (PL), de quem é apoiador declaro. Inclusive, no debate do SBT, o religioso defendeu o atual presidente e disse que ele recebeu um “massacre” dos outros adversários.
Conflito com quilombolas
De acordo reportagem com o veículo Brasil de Fato, Kelmon se envolveu em disputa com a comunidade quilombola Bananeiras, em Salvador, em 2020. No mês de novembro daquele ano, o padre postou nas redes sociais que havia colocado a pedra fundamental do que seria a “paróquia de São Lázaro de Betânia”. Por lei, os moradores da comunidade deveriam ser os primeiros comunicados, mas isso não aconteceu. Os residentes do quilombo fizeram, então, um abaixo assinado para que a paróquia não fosse construída no local. Kelmon relatou à imprensa, na época, que estaria sendo vítima de intolerância religiosa.