‘Brasil está quebrado e eu não consigo fazer nada’, diz Bolsonaro
A alegação foi feita após recesso do presidente, na semana em que o Brasil pode atingir 200 mil mortos pela Covid-19. Segundo Bolsonaro, coronavírus foi “potencializado pela mídia”.
O presidente Jair Bolsonaro declarou, nesta terça-feira (5), que o Brasil “está quebrado” e que, por isso, ele não consegue “fazer nada”. O presidente ainda afirmou que a pandemia de Covid-19 tem sido “potencializada pela mídia”. A declaração foi feita após os 17 dias que Bolsonaro passou de recesso, inclusive realizando passeios e aglomerações (veja abaixo) no litoral paulista.
Bolsonaro diz que país está quebrado devido à mídia
Além de mais uma vez proferir ofensas à mídia brasileira, o presidente colocou a culpa desta suposta “quebra” do país na pandemia de Covid-19 e na imprensa, que segundo ele teria “potencializado” o coronavírus. A pandemia já matou mais de 196 mil pessoas no Brasil.
A declaração foi feita por Bolsonaro para um grupo de apoiadores na parte externa do Palácio da Alvorada: “Chefe, o Brasil está quebrado, eu não posso fazer nada. Eu queria mexer na tabela do Imposto de Renda, teve esse vírus, potencializado por essa mídia que nós temos. Essa mídia sem caráter. É um trabalho incessante de tentar desgastar para tirar a gente daqui e atender interesses escusos da mídia”. Confira no vídeo:
SINCERICÍDIO DO MILICIANO: "O BRASIL ESTÁ QUEBRADO. EU NÃO CONSIGO FAZER NADA!" pic.twitter.com/ggJtwO0oXd
— Paulo Pimenta (@DeputadoFederal) January 5, 2021
Por que Bolsonaro disse que o Brasil está quebrado?
A mudança na tabela do Imposto de Renda, mencionada por Bolsonaro na ocasião de hoje, foi uma promessa de campanha do presidente. Em 2018, o presidente prometeu isentar o IR de quem ganha até R$ 5 mil. A ideia nunca saiu do papel: atualmente, o limite de isenção é de R$ 1.903,98. A última atualização nos valores do Imposto de Renda foi realizada em 2015. A tabela não foi reajustada acima da inflação e, com isso, os valores estão defasados. Em 2019, Bolsonaro novamente disse que reajustaria o limite de isenção para R$ 3 mil. Até agora, nada foi feito.
Além disso, por conta do cenário fiscal e do aumento do endividamento com gastos gerados no enfrentamento do coronavírus, Bolsonaro vem declarando, por exemplo, que o Brasil não tem condições de manter o auxílio emergencial, encerrado dia 31 de dezembro. O presidente afirmou, na quarta-feira da semana passada (30/12), que não dará continuidade à medida pois “a nossa capacidade de endividamento chegou ao limite”. A redução do benefício já colocou 7 milhões de brasileiros no nível de pobreza. O número deve subir em 17 milhões com fim do auxílio emergencial.
Bolsonaro também constantemente atribui às políticas de isolamento social adotadas por governadores e prefeitos como responsáveis pela crise econômica do país.
Bolsonaro já havia ironizado a pandemia nesta semana
Na segunda-feira (04/01), Bolsonaro fez piada com o uso de máscara de proteção facial, indicada por médicos e cientistas de todo o mundo como essencial para conter a disseminação do coronavírus.
Em tom de ironia, o presidente disse que usou o equipamento enquanto mergulhou no recesso no litoral paulista para “não pegar Covid nos peixinhos”. Bolsonaro ironizou o fato de diversos portais de comunicação terem veiculado que ele não fez o uso de máscara quando causou aglomeração no mar de Praia Grande (SP) em 1º de janeiro.
“Sabia que o tio estava na praia nadando de máscara? Mergulhei de máscara também, para não pegar Covid nos peixinhos”, ironizou Jair Bolsonaro. Confira o momento da aglomeração, em vídeo postado pelo próprio presidente em sua rede social:
– Na praia com o povo, 01/janeiro.
– Praia Grande/São Paulo.
– Presidente JAIR BOLSONARO. pic.twitter.com/Lqr33ZgrKE— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) January 1, 2021