Bolsonaro nega racismo e diz: ‘todos têm a mesma cor’

Em meio aos protestos contra o assassinato de João Alberto no Carrefour, em RS, Bolsonaro critica de forma indireta a revolta dos manifestantes

Na última sexta-feira (20), o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), publicou uma série de tweets em sua rede social, dizendo que, para ele, todas as pessoas têm a mesma cor, alegando que os protestos e as revoltas são manipulações de grupo políticos. No Dia da Consciência Negra, Bolsonaro não fez menção à celebração e nem ao caso João Albertohomem negro que foi assassinado em um Carrefour de Porto Alegre.

“Não nos deixemos ser manipulados por grupos políticos. Como homem e como Presidente, sou daltônico: todos têm a mesma cor. Não existe uma cor de pele melhor do que as outras. Existem homens bons e homens maus. São nossas escolhas e valores que fazem a diferença.” disse o presidente em dos posts.

Em um outro tweet, Bolsonaro diz que não pode-se dividir o sofrimento do povo brasileiro em grupos. Ou seja, a luta contra o racismo seria desnecessária, porque, na visão do presidente, todos sofrem de algum jeito. Ainda, o chefe do Poder Executivo do Brasil, argumentou que o país é formado por diversas raças e etnias, sugerindo que aqueles que protestam sobre algo, neste caso o racismo, promovem o ódio e a divisão entre classes, com discurso mascarados de “luta por igualdade” ou “justiça social”, a fim de conquistarem poder. O presidente finaliza dizendo que o lugar destas pessoas é no lixo.

Além das publicações (confira aqui), Bolsonaro publicou um vídeo, na tarde deste sábado (21), aproveitando a ocasião da reunião do G20 para reiterar seus pensamentos sobre o assunto. Veja:

Uma das falas do presidente se assemelha à declaração de Hamilton Mourão nesta sexta-feira (20). O vice-presidente da República disse à imprensa que o racismo tem sido importado, alegando que “não existe racismo no Brasil“. Saiba mais sobre o pronunciamento de Mourão!

Dados sobre racismo no Brasil

De acordo com a nota oficial publicada pela Organização das Nações Unidas (ONU) do Brasil, a cada 100 homicídios no país, 75 são de pessoas negras. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que 54% da população brasileira é negra. Entretanto, em 2019, o IBGE revelou que a população branca recebeu cerca de 56,6% a mais que a população negra. Entre as mulheres, as brancas recebem 70% a mais que as negras, segundo uma pesquisa de 2016 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.

“Se a gente olhar os dados de grandes corporações, o percentual de negros em cargos de liderança é ainda menor”, afirmou Jefferson Mariano, doutor em Desenvolvimento Econômico, ao jornal O Estado de S. Paulo. As informações refletem o racismo estruturado no Brasil.

Veja também: apenas 6% dos vereadores eleitos são negros.

Mesmo que, minimamente, tenha diminuído ao longo da história do país – como observado pelo IBGE em 2019, ao apurar que a presença de negros nas universidades dobrou desde 2011, saindo de 9% para 18%; e pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que constatou um aumento no número de candidatos eleitos em 2020 -, o racismo no Brasil existe e é considerado crime, de acordo com o artigo 1º da Lei nº 7.716.

 

Texto por  Luana Fogaça**

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