Bolsonaro já foi preso após criticar exército; entenda o que aconteceu
O candidato à reeleição foi punido com uma detenção de 15 dias em 1986.
Uma chuva de buscas no Google perguntam se Jair Bolsonaro já foi preso e a resposta é sim. As informações foram apuradas por reportagem da Folha de S. Paulo em 2017, que obteve acesso aos documentos do STM (Superior Tribunal Militar) e pelo artigo “O salário está baixo” publicado na revista Veja.
Por que Bolsonaro já foi preso?
Bolsonaro já foi preso por 15 dias como punição por ter escrito um artigo publicado pela revista Veja em que ele criticava os salários dos militares. No texto, o então militar afirmava que o Exército não pagava o suficiente para os funcionários e isso estaria causando evasão de jovens militares. O artigo foi publicado em setembro de 1986 na revista Veja.
O atual presidente foi acusado de “ter ferido a ética, gerando clima de inquietação no âmbito da organização militar”, sendo preso por “transgressão grave” e também “por ter sido indiscreto na abordagem de assuntos de caráter oficial”. Bolsonaro foi absolvido com recurso acatado pelos ministros do STM, por 8 votos a 4.
No artigo em questão, Bolsonaro argumenta que o salário dos militares, na época de 10.433 cruzados, era muito baixo. O presidente reivindicava que a remuneração fosse aumentada.
“Como capitão do Exército brasileiro, da ativa, sou obrigado pela minha consciência a confessar que a tropa vive uma situação crítica no que se refere a vencimentos. Uma rápida passada de olhos na tabela de salários do contingente que inclui de terceiros-sargentos a capitães demonstra, por exemplo, que um capitão com oito a nove anos de permanência no posto recebe – incluindo soldo, quinquênio, habitação militar, indenização de tropa, representação e moradia, descontados o fundo de saúde e a pensão militar – exatos 10.433 cruzados por mês”, escreveu no artigo publicado.
Bolsonaro ainda argumentou no artigo que sabia dos riscos que a escrita do texto lhe acarretavam, mas mesmo assim precisava se manifestar. “Corro o risco de ver minha carreira de devoto militar seriamente ameaçada, mas a imposição da crise e da falta de perspectivas que enfrentamos é maior.”, diz trecho da publicação.
O militar ainda afirmou no texto que a falta dos reajustes salariais estaria acarretando a saída de vários alunos da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). Ele argumenta que as notícias diziam que os jovens eram desligados por conta de “da prática de homossexualismo (sic), consumo de drogas e indisciplina”.
Mas Bolsonaro alegou que o motivo eram os baixos salários oferecidos pelo governo. “Mais de 90% das evasões se deram devido à crise financeira que assola a massa dos oficiais e sargentos do Exército brasileiro.”, escreveu.
Bolsonaro foi expulso do exército?
No ano 1987, a revista Veja mencionou Bolsonaro como um dos autores do plano de explodir bombas dentro do quartel, caso o salário dos militares não aumentasse o suficiente. Até hoje o presidente nega que tenha tido participação na autoria dessa organização.
Por conta desta acusação, uma comissão do Exército decidiu, por unanimidade, que Bolsonaro deveria ser expulso da organização. Mas em 1988, o Superior Tribunal Militar (STM) realizou uma sessão em que concluiu que as provas apresentadas contra o militar eram insuficientes e decidiu pela não expulsão de Bolsonaro.
Bolsonaro, portanto, não foi expulso do Exército. O presidente apenas saiu da organização militar em 1988 quando foi eleito vereador pelo Rio de Janeiro. A partir daí, o capitão reformado não saiu mais da vida política, sendo deputado estadual, deputado federal e presidente no ano de 2018.