Quem tem dinheiro na poupança está perdendo; veja por quê
Com a alta da inflação, que apenas em maio foi a 0,83%, caderneta não consegue repor perdas
A caderneta de poupança vem levando uma surra da inflação, e o investidor está perdendo dinheiro. Tida como uma das aplicações mais populares do País, o atual critério de remuneração da poupança não permite, no entanto, que ela proteja o dinheiro do investidor dos efeitos danosos da inflação. Em maio, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país, ficou em 0,83%, enquanto a caderneta rendeu apenas 0,16%. O prejuízo do investidor, apenas no mês passado, foi de 0,67%.
Para que o dinheiro aplicado na poupança pudesse continuar comprando as mesmas coisas ao longo de maio, o rendimento da poupança deveria ter sido de, pelo menos, 0,83%. Em outras palavras, o dinheiro que permanece na caderneta vai perdendo seu poder de compra e o patrimônio do aplicador vai sendo dilapidado.
Poupança perde mais em 12 meses
Se considerarmos um período de 12 meses, o prejuízo é bem maior, de 6%, segundo cálculos da Economatica, plataforma de informações financeiras. Uma perda desse tamanho só foi registrada há 29 anos, em outubro de 1991, de 9,72%.
Os números jogam contra a poupança: em maio de 2021 houve a nona perda consecutiva do rendimento para a inflação, ou seja, desde setembro que o dinheiro do aplicador vem recebendo ganhos abaixo da inflação, ganhos negativos. A maior sequência de meses em queda de poder aquisitivo, dentro da amostra considerada pela Economatica, aconteceu entre fevereiro de 2015 e setembro de 2016, com 20 meses de perdas consecutivas.
Cálculo do rendimento da poupança
Sempre que a taxa de juro básica da economia, a Selic, for igual ou inferior a 8,5% ao ano, o rendimento da poupança será equivalente a 70% dela. A Selic está atualmente em 3,75% ao ano, portanto, é essa regra que está em vigor. Como a própria Selic vem correndo em níveis inferiores à inflação, fica claro por que a caderneta não consegue pagar um rendimento melhor ao investidor.
Na próxima semana, o Comitê de Política Monetária se reúne para definir a nova taxa básica da economia, sendo que já foi sinalizada uma nova alta para a Selic de 0,75 ponto porcentual, o que levaria a taxa para 4,25% ao ano. Com isso, o rendimento da caderneta subiria para 2,98% ao ano, ou 0,24% ao mês. Desempenho que está bem longe de blindar o investidor diante de uma inflação estimada entre 6% e 7% para este ano.
Segundo a analista de Renda Fixa da XP Investimentos Camila Dolle, às vezes, por medo, comodismo, ou até desconhecimento, o investidor acaba ficando na caderneta. “Mais do que ir em busca de rentabilidade, esse investidor precisa sair para conhecer outras opções mais interessantes do mercado”, afirma ela.