O que é blockchain? Veja 3 aplicações práticas da tecnologia
Usos variados do blockchain no mercado de investimentos democratizam o acesso e beneficiam o pequeno investidor
Nos últimos anos a tecnologia do blockchain ganhou corpo e importância em diversas aplicações de negócios tradicionais em todo o mundo. Essa mudança é tão expressiva quanto a internet foi na década de 1990.
E como também aconteceu com a Internet, o blockchain ocupa espaço mesmo que o público geral ainda não se dê conta disso. Basicamente porque, para a maioria das pessoas, os termos ‘blockchain’ e ‘Bitcoin’ quase aparecem juntos, de forma quase indissociável, o que mais confunde do que explica.
No entanto, o Bitcoin, e as criptomoedas, são apenas uma das aplicações possíveis dessa tecnologia, que nada mais é do que um registro digital descentralizado e distribuído, que abre caminho para diversos usos em diferentes setores.
O blockchain não está apenas mudando a maneira como lidamos com transações financeiras, mas também permite a criação de alternativas de investimentos que provavelmente mudarão o mundo.
Esclarecido isso, fica mais nítido dizer que o Bitcoin é, sem dúvida, uma nova alternativa para moedas tradicionais, bancos centrais e meios de pagamentos, mas apenas uma das aplicações possíveis para a tecnologia do blockchain.
O que é blockchain?
O blockchain é um sistema que mantém uma lista crescente de todas as transações em uma rede distribuída em milhares de computadores, como uma corrente – daí o nome.
É um registro criptografado das informações, com selos digitais que geram uma dinâmica de encadeamento segura e confiável. Isso torna quase impossível a atuação de um hacker, fator determinante para mudar a forma como as atuais transações financeiras são feitas.
O blockchain é formado por uma rede de computadores interligados, sem uma hierarquia ou central. Existem inúmeras redes blockchains independentes, por exemplo, blockchain do bitcoin, blockchain do Ethereum, e assim por diante.
Com funciona o blockchain?
No vídeo abaixo Lucas Pinsdorf, do Mercado Bitcoin, explica o que é, e para que serve o blockchain.
Estes computadores participantes da rede podem transmitir transações aos demais usuários, que verificam sua conformidade dentre regras previamente estabelecidas. No caso do Bitcoin, existe a figura do minerador, que inclui as transações válidas no novo bloco, “encadeando” à sequência anterior.
Uma vez que estas novas transações foram incluídas no blockchain, todos os usuários atualizam seus bancos de dados, logo o blockchain garante que a mesma versão é compartilhada por todos. Se alguém tentar movimentar Bitcoins com uma senha (chave-privada) incorreta, ou quantidades acima do saldo disponível, a transação será rejeitada pela rede.
Vamos ver então três aplicações práticas dessa tecnologia que facilita algumas tarefas no mercado de investimentos.
1.Acesso a ativos antes acessíveis apenas a grandes investidores
Você certamente já ouviu falar sobre precatórios, certo? Eles nada mais são do que dívidas judiciais do Estado com pessoas ou empresas. Se você processar um órgão público, municipal, estadual ou federal, e ganhar a ação, o juiz irá determinar que uma indenização que será paga em um prazo, na maioria das vezes, bastante longo.
E o segredo desse negócio está justamente nos longos prazos. Com bastante frequência, alguns proprietários de precatórios decidem trocar seu direito de receber a quantia inteira no futuro por um valor menor, mas recebido imediatamente.
Por isso precatórios são ativos bastante procurados por bancos e family offices. Com dinheiro à disposição, esses grandes investidores compram no presente com um deságio alto e esperam o prazo de vencimento para receber o valor integral corrigido. Trata-se de um ativo de alto retorno e baixo risco.
Nesse cenário, o blockchain entra como um aliado poderoso para o pequeno investidor, que não tem milhares – ou milhões – de reais à disposição para comprar e esperar um período muito longo para receber.
Pioneiro na utilização da tecnologia, o Mercado Bitcoin – ou um parceiro – compra essas dívidas e, com a tecnologia, divide em pequenas partes um ativo de milhões de reais. Assim, permite que você ou eu possamos comprar um pedaço desse ativo a partir de R$ 100, com uma rentabilidade anualizada que pode atingir entre 16% e 23% ao ano. Além da divisão em pequenas partes, a descentralização da tecnologia garante a comercialização de forma segura entre esses investidores. Mas como? Confira a seguir.
Tokenização: a digitalização de ativos em fatias
O exemplo que citamos acima, de dividir um ativo maior em diversas pequenas partes, é chamado de tokenização. Esse movimento está modificando a indústria financeira, como apontou um estudo da PWC. Segundo a publicação, a indústria ficará mais rápida, barata e acessível.
Para tornar isso tangível, basta dizer que o mercado financeiro atual conta com cerca de 13 intermediários, desde o dono do ativo até o cliente final. Com a tokenização, esse número pode ser reduzido a apenas três ou quatro partes, aumentando o retorno para as pontas, ou seja, a quem pertence e a quem compra.
Vale lembrar que para determinar quem são os donos das partes que falamos acima, é usado o blockchain, que possibilita saber a quem pertence os tokens em cada momento. Assim, é possível emitir uma grande quantidade de tokens a um baixo valor unitário, aumentando o acesso do público investidor.
O uso do blockchain, portanto, democratiza o acesso de pequenos investidores a ativos de alto retorno, aumentando a capacidade de diversificação de investimentos e, consequentemente, oportunidades de retorno com baixo mais risco.
Todas as informações relacionadas ao ativo ficam registradas no blockchain, ou seja, o processo que deu origem a cada pedacinho dos precatórios pode ser consultado e comprovado que existe um lastro para esse token.
Em outras palavras, o blockchain permite a tokenização de um ativo (como um precatório) em milhares de tokens de baixo valor unitário, deixando o mercado mais democratizado.
Transações financeiras: mais segurança e estabilidade
Por causa do blockchain, essas transações financeiras entre empresas especialistas em vender ativos e os pequenos investidores podem ser realizadas com tranquilidade. Aliás, quase qualquer transação que envolva um tipo de contrato entre as partes pode ser validada com o blockchain.
Claro, quando você ouve ‘contrato’ você pensa em um pedaço de papel assinado que descreve os detalhes de um acordo legal entre as diferentes partes. Mas saiba que contratos inteligentes são contratos digitais executados automaticamente em protocolo computadorizado supervisionado pela rede blockchain.
Como os contratos de blockchain funcionam em um sistema descentralizado, podem ser executados e mantidos por si mesmos, eliminando assim a necessidade de intermediários, como advogados ou notários.
Em contraste com os sistemas tradicionais, os contratos inteligentes são transparentes, rastreáveis, seguros e irreversíveis, razão pela qual vários setores estão se voltando para eles – principalmente os ativos alternativos de investimentos, como a venda de tokens de precatórios.
A tecnologia do blockchain também dá segurança para outros tipos de transações financeiras, como o investimento em uma criptomoeda estável, também conhecida como stablecoin, criada com a finalidade de que seu valor se mantenha o mais invariável possível. Em outras palavras, os valores de uma stablecoin não mudam a cada minuto como o do Bitcoin, por exemplo, que é mais volátil.
Por ser um ativo digital atrelado ao preço do dólar americano ou ouro, o stablecoin é mais atrativo para investimentos, visto que a estabilidade é capaz de reduzir o risco financeiro ao permitir que os investidores se livrem das flutuações. Prova disso é que bancos centrais de vários países estão adotando alguma criptomoeda ou tecnologia de blockchain para diversificar seus investimentos.
E essas são apenas algumas aplicações do blockchain, um sistema imutável, descentralizado. A tendência é essa tecnologia ser ampliada para outras aplicações. O mercado é promissor e a corrida já começou aqui no Brasil.