Mineradores questionam governo chinês sobre mineração de Bitcoin
Zhang Nangeng, CEO da Canaan, diz que proibição indiscriminada desconsiderou os benefícios econômicos
A proibição de mineração de bitcoin pelo governo chinês no país tem gerado críticas do mercado. Nesta terça-feira, 2, Zhang Nangeng, CEO da Canaan Inc, empresa especializada em equipamentos de mineração bitcoin, listada na Nasdaq e com sede na China, questionou a medida para usuários de energia sustentável.
Durante uma teleconferência, o CEO disse que a proibição indiscriminada da mineração de bitcoin desconsiderou os benefícios econômicos potenciais que podem surgir da adoção da mineração com energia sustentável. Segundo ele, a mineração pode representar uma solução para o excesso de oferta de eletricidade em certas regiões da China, onde os baixos preços da energia resultantes já atraem mineradores.
“Mineiros com fins lucrativos preferem regiões com baixos preços de eletricidade que indicam excesso de oferta e provável desperdício de energia. Os mineiros de bitcoin também ajudam a criar empregos em regiões empobrecidas e contribuem para os cofres fiscais”, explicou Zhang.
As ações da empresa tiveram uma alta de 24% na terça, chegando a 42% na semana, depois da divulgação dos resultados financeiros da empresa para o primeiro trimestre deste ano, que apresentaram um crescimento enorme se comparados com o mesmo período do ano passado.
Segundo a empresa, a receita cresceu 490%, principalmente com a venda de equipamentos de mineração ASIC. A Canaan também registrou um lucro líquido de US$ 22,4 milhões, após apresentar um prejuízo líquido de US$ 5,9 milhões no ano anterior.
“Nosso desempenho financeiro melhorou significativamente no trimestre, impulsionado pela alta do preço do bitcoin, maior demanda dos clientes por máquinas de mineração de qualidade e nossa capacidade de aumentar a produção e as entregas de máquinas de mineração”, detalhou o CEO, destacando que o preço das ações da empresa se recuperou rápido depois de uma queda de 41% logo que o bitcoin sofreu uma desvalorização de quase 50%.
Bitcoin na clandestinidade
Fontes na China também apontam que depois que o governo proibiu o uso de bitcoin e criptomoedas em serviços de pagamento, fundos mútuos e poupança, o uso clandestino aumentou, de acordo com uma apuração da agência Bloomberg, plataformas de criptomoedas de balcão, que operam de forma clandestina.
Ainda segundo a Bloomberg, a proliferação de plataformas locais OTC (Over The Counter), além de redes P2P, por serem difíceis de rastrear, podem representar um alívio para os investidores de criptomoedas em todo o mundo, após o surgimento de preocupações sobre uma queda nas vendas de BTC no país asiático.