Microsoft defende exclusividade de BCs e governos na emissao de moedas digitais
Presidente da Microsoft Corporation, Brad Smith, diz que empresas fintech não deveriam ter negócios com emissão de moedas digitais privadas
O presidente da Microsoft Corporation, Brad Smith, disse, durante uma conferência online organizada pelo Bank for International Settlements, que empresas fintech não deveriam ter negócios com emissão de moedas digitais privadas.
Matéria da Bloomberg informa que Smith argumentou que a oferta de moedas digitais deveria ser de exclusividade de governos e dos Bancos Centrais.
“Eu não sou um grande fã de encorajar, pedir ou querer que nós [empresas de tecnologia] participemos da emissão de moeda”, afirmou ele, ao dizer que acredita ser importante que apenas entidades que protegem o bem comum sejam responsáveis por controlar as operações monetárias.
Os comentários de Smith sobre as firmas de fintech estão de acordo com a postura nada positiva adotada por figuras proeminentes da Microsoft sobre criptomoedas em geral, como o próprio fundador, Bill Gates, que já chegou a dizer que a criptografia estava causando mortes de “forma bastante direta” antes de atualizar sua opinião sobre o Bitcoin de negativa para neutra.
Essa postura deixa a empresa em contraponto ao Facebook, por exemplo, que vem buscando desenvolver sua própria criptomoeda no projeto Diem, antigo Libra.
Coisa do Governo
Quando anunciado, em 2019, o projeto da empresa de Mark Zuckerberg recebeu muitas críticas de reguladores financeiros que argumentaram que um projeto de establecoin de emissão privada sob a bandeira do Facebook poderia representar riscos significativos para a política monetária soberana.
“Acho que o mundo tem sido melhor servido e se evoluído ao longo dos séculos para colocar isso nas mãos dos governos. Não somos um banco, não queremos nos tornar um banco e não queremos competir com nossos clientes que são bancos”, disse o presidente da Microsoft.
A popularidade em torno das moedas virtuais aumentou bastante nos últimos meses, principalmente por causa da pandemia do novo coronavírus e dos apelos por uma maior adoção de sistemas de pagamento digital.
Para combater as possíveis ameaças representadas por projetos privados de stablecoin, como o Diem, vários bancos centrais estão desenvolvendo suas próprias moedas digitais soberanas, inclusive o Banco Central do Brasil, que tem trabalhado em projetos de Real Digital já algum tempo.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, que tem falado bastante sobre o assunto recentemente, disse que os projetos “vão criar forte inovação no mercado”.