Euro Digital só em 2025, avalia presidente do BCE
Christine Lagarde diz que processo é complexo e que banco fez pesquisa com 8 mil participantes sobre a criação da moeda
Na quarta-feira, 31 de março, em entrevista à Bloomberg Television, a presidente do Banco Central Europeu ( BCE), Christine Lagarde, comentou sobre o processo complexo que a instituição está adotando para a criação de um possível euro digital.
Segundo ela, a análise de oito mil respostas recebidas pelo BCE em um processo de consulta com entrevistados sobre o euro digital, aberta em outubro de 2020, será conhecida em breve.
“Comunicaremos primeiramente ao Parlamento Europeu, que é um dos principais intervenientes, bem como à Comissão e ao Conselho com que operamos”, explicou.
Com base no resultado dessa consulta, a par do trabalho parlamentar, o Conselho do banco vai definir se testes com uma CBDC (Moeda Digital de Banco Central) vão ser realizados ainda este ano. Só após um período inicial de experimentação o conselho fará uma avaliação sobre a implementaão do euro digital, que pode levar de seis meses a um ano.
Brasil pode sair na frente da Europa
Lagarde acrescentou ainda que acredita que o processo de adoção do euro digital levará pelo menos quatro anos.
“Todo o processo, sejamos realistas, levará, na minha opinião, outros quatro anos, talvez um pouco mais. Mas espero que possamos mantê-lo dentro de quatro anos”.
A presidente ressaltou que esse prazo é para garantir a segurança da moeda digital.
“Porque é um esforço técnico, bem como uma mudança fundamental, porque precisamos ter certeza de que fazemos tudo certo. Devemos isso aos europeus, eles precisam se sentir seguros e protegidos. Eles precisam saber que possuem um equivalente […] respaldado pelo Banco Central de uma nota digital. […] Precisamos ter certeza de que não vamos quebrar nenhum sistema, mas melhorar o sistema”, avaliou.
Ela ainda citou a preocupação de intermediários financeiros com o lançamento de uma CBC pelo Banco Central Europeu, mas garantiu que, tanto o dinheiro quanto os intermediários continuarão a coexistir, integrados ao novo sistema.
Fora da Europa, outros países também se apressam em apresentar CBDCs, incluindo o Brasil, com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tendo comentado em mais de uma oportunidade sobre os estudos que vêm sendo realizados sobre o Real Digital, que deve ser implementado já em 2022.