Artista brasileiro enfrenta Marvel e DC por direito de venda de NFT

O artista brasileiro Mike Deodato Jr, veterano da indústria de quadrinhos, briga com Marvel e DC Comics por venda de NFTs, proibida pelas editoras americanas

<span”>A novidade das vendas de NFT (tokens não fungíveis) chegou aos artistas de quadrinhos, com Andy Kubert, quadrinista renomado e filho do lendário Joe Kubert, vendendo o que pode ter sido a primeira arte de um desenhista da área, um desenho digital do Homem-Aranha, pelo valor de 12,75 ethereum (cerca de US $ 26 mil), em fevereiro deste ano.

<span”>Com outros artistas seguindo por esse caminho, ainda em março, as grandes editoras americanas, Marvel e DC Comics , começaram a proibir a venda de qualquer NFT com seus personagens. O artista Sean Bonner (que cria NFTs de artes autorais)   chegou a transformar um comunicado enviado pela DC em NFT, para satirizar a decisão.

<span”>E o artista brasileiro Mike Deodato Jr, veterano da indústria,   com mais de duas décadas de trabalho nas principais editoras americanas e que tinha vendido uma arte em NFT do Homem-Aranha pela Rarible, comprou a briga.

<span”>“As grandes empresas de quadrinhos estão enviando cartas aos artistas pedindo-lhes que não vendam sua arte original digital porque eles possuem direitos autorais. Eles estão pedindo gentilmente, você diria, então qual é o problema? Bem, eles também estão enviando DMCA (Digital Millennium Copyright Act) para as plataformas para impedi-los de vender a arte”, disse ele em uma carta aberta publicada pelo bleedingcool no dia 27 de março, depois de explicar que ama o que faz e pretende fazê-lo até o fim da vida.

NFT e briga digital

<span”>Na carta, Deodato,  que se chama Deodato Taumaturgo Borges Filho, e incluiu o Mike no nome justamente para ser bem aceito no mercado americano na época que artistas latino-americanos não eram bem vistos, também explicou que a venda de uma arte original produzida para uma editora nunca foi proibida e é uma das maneiras do artista aumentar um pouco sua renda.

<span”>“Então deixe-me ver se entendi. Se você é um artista de quadrinhos tradicional, pode vender sua arte original no papel. Se você é um artista de quadrinhos digital, não tem permissão para vender sua arte original digital. Em ambos os casos, não há direitos autorais envolvidos. Em ambos os casos”, continua ele.

<span”>E completa: “Então, POR QUE os artistas de quadrinhos digitais estão sendo privados de seus direitos? Uma pandemia não está destruindo economias e fazendo com que as pessoas percam seus empregos ruim o suficiente? Talvez precisemos de um super-herói para defender nossos direitos. Neal Adams, você nos salvaria de novo?”, antes de concluir que a discussão é sobre direitos de artistas e não sobre questões ambientais, sobre as quais ele disse ter se informado. ““Em três meses, a tecnologia que faz as NFTs vai ter superado essa parte [de prejuízo ao] meio ambiente.”

<span”>Segundo o artista, essa informação foi buscada pela AWA, atual editora em que ele trabalha e que o apoiou na decisão, após consultar especialistas da área.

<span”>“Eu que provoquei a tomada de decisão da AWA (…) Espero que defina uma maneira de lidar com os artistas que é diferente do que as grandes editoras estão fazendo. Que mostre que é possível ser feito. E que mais uma vez coloque as duas grandonas numa situação perante a opinião pública de modo que elas possam (ou não) se envergonhar e quem sabe voltar atrás nessa pressão”.

Apoio de Neal Adams a artista

<span”>Deodato ainda cita o veterano Neal Adams, que há muito tempo travou uma batalha pelos direitos dos artistas no mercado norte-americano e foi importante para conquistas, como a devolução das artes originais, e que, segundo o Omelete, tornou-se um aliado.

<span”>Mas a discussão criou uma polêmica até inesperada, com vários artistas se posicionando contra as NFT. Seja pela questão ecológica ou por uma suposta bolha especulativa que deve estourar em algum momento.

<span”>“A discussão não é a respeito de NFTs ou de meio ambiente. A discussão é sobre os direitos dos artistas. Quem for contra é a favor das grandes corporações. Ou é idiota”, desabafou Deodato, que afirma que vai continuar vendendo artes em NFT, mas, pelo menos por enquanto, apenas autorais.

<span”>“Mas vai ser tudo autoral, porque não posso mais vender da Marvel. Passei 24 anos trabalhando para eles e não posso vender meus originais. E vou continuar batalhando na opinião pública para ver se tenho o direito de vender minhas próprias artes”, conclui.

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