Agência Lupa inaugura venda de checagem em NFT no mundo
Empresa brasileira especializada em checagem de fatos é uma das quatro fact-chechers do mundo a integrar a Facts-NFT
A Agência Lupa, empresa brasileira especializada em checagem de fatos, se tornou a primeira Fact-checker do mundo a vender uma checagem no formato NFT (token não fungível e que, uma vez criado, não pode ser alterado), na sexta-feira, 02, Dia Internacional do Fact-Cheching.
A Lupa é uma das quatro fact-checkers do mundo a integrar a Facts-NFT, primeira loja virtual de compra e venda de checagens no formato NFT, lançada também na sexta-feira, com 20 checagens históricas dos acervos da Agência Lupa, Lead Stories (Estados Unidos), Newtral (Espanha) e Taiwan FactCheck Center (Taiwan), organizações que fazem verificação de noticias diversas, como política, saúde, meio ambiente e celebridades.
No fim da tarde da sexta-feira, a Facts-NFT anunciou a primeira venda, uma checagem de fato sobre Hidroxicloroquina feita pela Agência Lupa e que foi adquirida pelo ex-presidente da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), editor do Estadão Dados e do Estadão Verifica, Daniel Bramatti.
“A atividade de verificação de fatos é de imenso valor para a sociedade, especialmente em uma crise como a que estamos enfrentando. É uma alegria poder colaborar com a Lupa e a Facts-NFT, especialmente desta forma inovadora. Escolhi a checagem de fatos sobre a cloroquina porque contém informações que podem evitar danos à saúde das pessoas. Se a desinformação pode causar mortes, o jornalismo, junto com a ciência, pode salvar vidas”, celebrou no Twitter Bramatti, que adquiriu o token por 0,05 ETH (cerca de R$ 500 na cotação atual).
Fact-Cheching
Cristina Tardáguila, jornalista e fundadora da Agência Lupa, em entrevista por telefone ao DCI, comemorou a primeira venda e apontou que “a Lupa entra para a história como a primeira organização a vender efetivamente um trabalho em formato NFT. É um momento histórico nos cinco anos da empresa que vem combatendo a desinformação em todas as frentes”.
A jornalista falou da importância da iniciativa, que busca mobilizar três grupos de investidores: pessoas que apoiam a causa (da checagem de fatos), que podem ao mesmo tempo colaborar e garantir algo mais substancial do que um brinde como uma caneca, por exemplo; colecionadores, que vão poder contar com tokens com checagens históricas, que terão valor memorável com o tempo; além dos próprios investidores ou especuladores, que contam com um produto que pode ser negociado e revendido em um mercado que tem se mostrado bastante interessante e promissor.
Cristina também destaca que a iniciativa pode apresentar um novo modelo de negócio, independentemente de anunciante ou patrocinador, mas encontrando na própria sociedade um meio de financiar o jornalismo.
“A Lupa trabalha sob forte tensão desde a sua criação, passando por momentos importantes no país, como o Impeachment da ex-presidente Dilma, as Olimpíadas, as eleições e agora também com a pandemia. É muito importante saber que há pessoas dispostas a financiar esse trabalho, que é tão difícil”, avaliou.
A Facts-NFT
O objetivo da iniciativa é atingir uma nova audiência e alavancar um novo modelo de financiamento e atuação conjunta na luta contra a desinformação e as Fake News.
Cada checagem da primeira coleção está disponível a partir de 0.05 ETH (aproximadamente R$ 500) e, ao adquirir, o comprador tem direito imediato à posse do token, que representa a checagem e o material exclusivo anexado à verificação (bastidores da apuração, informações extras, comentários, etc).
O projeto, que conta com apoio do Instituto Vero, fundado por comunicadores e pesquisadores para fomentar a educação digital e combater a desinformação, ressalta também o compromisso com o trabalho das agências que, em nenhum momento, será influenciado pelo mercado criado pela Facts-NFT.
“Todos devem saber, no entanto, que nada disso influenciará o processo editorial ou as políticas das organizações aqui envolvidas. Os verdadeiros defensores do fact-checking sabem que o valor desse trabalho reside em sua independência e em seu apartidarismo”, destaca a plataforma.
Além de Cristina Tardáguila, que até março deste ano atuou como associada da International Data Verification Network e coordenou o maior projeto de verificação colaborativa do mundo, o #CoronaVirusFacts; a Facts-NFT é uma iniciativa do consultor da indústria de blockchain, Gabriel Rondon; do cofundador da startup AppCívico e coordenador digital de combate à desinformação do Tribunal Superior Eleitoral nas eleições de 2020, Thiago Rondon; e do designer visual Isaac Rodriguez.