Ibovespa recua puxado por bancos e indicadores ruins
Decisão do relator do Orçamento, Márcio Bittar, de retirar R$ 10 bilhões de emendas não conseguiu manter bolsa no positivo
O último pregão do mês teve os investidores com um olho no mercado interno monitorando as notícias do Orçamento 2021 e outro no externo, no anúncio do presidente dos EUA, Joe Biden, do pacote de infraestrutura de US$ 3 trilhões. O Orçamento 2021 voltou a entrar na pauta do dia após o relator, o senador Márcio Bittar (MDB-AC), informar ao presidente Jair Bolsonaro que cortará R$ 10 bilhões em emendas parlamentares. Um sinal de que o Congresso começou a ceder às pressões para ajustes no texto. A notícia foi bem recebida por investidores.
Menos otimista foram os números do desemprego, divulgados pela Banco Central na Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (Pnad) Contínua, e que ficou em 14,2% no trimestre encerrado em fevereiro, mostrando que a taxa continua em patamares elevados.
Também o resultado primário do setor público, de R$ 11 bilhões em fevereiro, abaixo do registrado em fevereiro de 2020, quando o setor público encerrou com déficit de R$ 20,9 bilhões, porém ainda elevado. O número está o dia a dia do mercado porque é dele que vem o sinal para o cumprimento da meta fiscal.
O Ibovespa começou o dia com o índice futuro dando sinais de que o índice ultrapassaria os 117 mil pontos, mas virou. Fechou em queda de 0,18%, aos 116.633 pontos e volume financeiro negociado de R$ 31,96 bilhões. Com esse resultado, o Ibovespa acumula no trimestre queda de 2%. O recuo no final do pregão acompanhou uma derrubada do valor de papéis de grandes bancos. No dia, Itaú Unibanco acumulou perdas de 1,93%, Bradesco caiu 1,96% e Banco do Brasil, 0,88%. Juntas, essas três instituições financeiras respondem por quase 15% da carteira teórica do benchmark acionário da B3.
Hoje, também foi realizada a primeira reunião do comitê de combate à covid-19, que tem na presidência o presidente Jair Bolsonaro. Dos bastidores saíram informações de que o presidente teria discordado de seu ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), em relação às medidas de distanciamento social. Após a reunião, enquanto Queiroga, em coletiva de imprensa, reforçou a importância do uso de máscaras e do distanciamento social, Bolsonaro, em pronunciamento, defendeu o retorno das pessoas ao trabalho e comparou as medidas de isolamento adotadas por governos estaduais e prefeituras a pior do que um estado de sítio. De forma equivocada, diga-se.
Ibovespa hoje, 31 de março de 2021
Lá fora, as bolsas americanas apresentaram desempenho volátil enquanto o mercado espera pela divulgação do pacote de Infraestrutura que será apresentado pelo presidente Joe Biden, no valor de US$ 3 trilhões. Também nos EUA, a informação de que o país criou 517 mil vagas no setor privado em março, de acordo com o Relatório de Emprego ADP. Enquanto isso, as projeções dos economistas apontavam para criação de 550 mil novos postos de trabalho, de acordo com o Refinitiv, decepcionando um pouco o mercado.
Na Europa, voltam os temores com a pandemia do novo coronavírus, enquanto a França decreta mais um mês de lockdown severo para conter o avanço da covid-19 pelo país.
Leia sobre o Ibovespa e mercado no DCI
(Colaboração: Roseli Lopes)