Ibovespa recua 0,58% após fala de Biden e de Bolsonaro
Biden defendeu aumento de imposto sobre ganho de capital para os mais ricos; Bolsonaro discursou na Cúpula do Clima
Após abrir em alta com os bons resultados da véspera, o Ibovespa apontou para baixo e fechou a quinta-feira, 22, em queda de 0,58%, aos 119.371 pontos e volume financeiro negociado de R$ 29,86 bilhões. O movimento no Ibovespa é puxado pelo desempenho ruim das bolsas americanas após fala do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre o aumento para 39,6% do imposto sobre ganho de capital para os mais ricos. Com isso, impostos federais para investidores podem chegar a 43,4%.
Mais detalhes da proposta devem ser apresentadas na próxima semana como parte do aumento de impostos para financiar os gastos sociais do “Plano de Famílias Americanas”. Ao longo do dia, os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram todos entre 0,9% e 1%, respingando no Ibovespa.
Ibovespa hoje, 22 de abril de 2021
No mercado doméstico pesou a fala do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Cúpula do Clima, com preocupações de investidores sobre o impacto negativo da política ambiental da atual gestão. No discurso, o presidente afirmou que vai adotar medidas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, zerar o desmatamento ilegal até 2030 e, ainda, pediu “justa remuneração” por serviços ambientais prestados pelo Brasil.
Também prometeu fortalecer órgãos ambientais ao dobrar os recursos de fiscalização e que prevê melhorias na vida dos mais de 23 milhões de brasileiros que vivem na Amazônia.
Apesar das promessas e de a fala ter sido melhor do que o esperado, o discurso não foi bem recebido pelo mercado. Na contramão do mostrado e prometido no discurso, o Orçamento atualmente proposto para o Ministério do Meio Ambiente é o menor dos últimos 21 anos. Além disso, não foi apresentada nenhuma ação concreta para alcançar o desmatamento ilegal zero e a neutralidade de carbono.
Orçamento 2021
Investidores do Ibovespa aguardaram durante todo o dia pela sanção do Orçamento 2021 pelo presidente. Ontem, Bolsonaro aprovou o projeto que tirou programas emergenciais da meta fiscal e autorizou o bloqueio de R$ 9 bilhões em gastos não obrigatórios do Orçamento. A aprovação foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), na quarta-feira, 21.
Com isso, programas como o BEm e Pronampe, além de ações contra o coronavírus, não são contabilizados na meta fiscal. Assim, o governo consegue manter alguns gastos sem incorrer no crime de responsabilidade fiscal. A aprovação do projeto de lei ontem é forte indício de que o presidente sancionará o Orçamento nesta quinta-feira, prazo-limite.
No entanto, até o fechamento do pregão do Ibovespa, o governo federal ainda não bateu o martelo sobre o texto.