Aplicações em renda fixa perdem da inflação em maio. Como se proteger?
Uma das alternativas são os papeis atrelados ao IPCA, cujo rendimento está diretamente atrelado à inflação
Aplicações em renda fixa tiveram mais um mês de rendimento negativo em maio com uma inflação de 0,83%, pelo IPCA. Dos fundos DI e de renda fixa aos títulos como CDB, Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), que renderam entre 0,22% e 0,35% em maio, nenhum deles remunerou o investidor com ganho acima da inflação. A exceção foram os títulos públicos com rendimento vinculado à inflação, como o Tesouro IPCA, e os papeis de crédito privado, como as debêntures.
As duas altas na taxa básica de juros, a Selic, que subiu de 2,00% ao ano para 3,50% e pode chegar a 4,25% na próxima semana, quando o Copom (Comitê de Política Monetária) deve elevar em outro 0,75 ponto porcentual a Selic, não foram suficientes para colocar os juros acima da inflação.
E, ao que tudo indica, a renda fixa deve continuar apanhando da inflação pelo menos até o fim do ano. Ainda que novas altas estejam previstas para a Selic para o segundo semestre. As projeções de analistas e economistas do mercado financeiro para a taxa básica estão sendo revistas para cima, para um intervalo entre 6,00% e 6,50% ao ano, no fim de 2021. Mas o fato é que a inflação acumulada nos últimos 12 meses, até maio, já está em 8,06%.
Blindagem ao patrimônio
Para o investidor que quer proteger-se da inflação, mas não tem apetite pelo risco para fazer incursões no mercado de ações, especialistas indicam títulos que têm o rendimento atrelado à inflação. Como o Tesouro IPCA (versão da NTN-B para quem compra papeis públicos na plataforma do Tesouro Direto), que oferece uma blindagem maior contra a inflação, ressalta Marcos Iorio, gestor da Integral Investimentos. O papel rende taxa de juro prefixada, o ganho real, mais correção monetária pelo IPCA.
São, em geral, títulos com vencimento em períodos longos, em vários anos. Os de prazo mais elástico oferecem juros maiores, mas especialistas recomendam os de vencimento mais curto, menos sujeitos a volatilidade. Volatilidade causada pelo vaivém dos juros futuros, em geral de acordo com as expectativas de inflação, que afetam o valor dos títulos. Uma alta dos juros futuros desvaloriza o preço dos títulos e uma queda aumenta o valor dos papeis. O que faz diferença se o investidor liquidar o título antes do vencimento, já que o resgate, no mercado secundário, leva em conta o valor na hora que o papel troca de mãos.
Camila Dolle, analista de renda fixa da XP, faz a ressalva de que, embora ofereçam proteção contra a inflação e garantam rendimento real, o Tesouro IPCA é mais indicado ao investidor que fica com o papel até o vencimento. Justamente pelas oscilações a que ficam sujeitos esses títulos, a venda no meio do caminho pode trazer prejuízo ao investidor.
Existem outras aplicações em renda fixa, como os títulos privados, que também oferecem proteção contra a inflação. entre eles estão as debêntures. “Antes, esses papeis de crédito privado eram vinculados ao CDI, mas hoje existe uma pressão de demanda pelos atrelados ao IPCA”, diz o gestor da Integral Investimentos. “Nem sempre esses papéis estão disponíveis a todo investidor, mas àquele que declara ter no mínimo R$ 1 milhão aplicado no mercado financeiro, o chamado investidor qualificado”.