Obsolescência programada: como isso acontece na prática?
Conheça o que é a prática da obsolescência programada e entenda como ela afeta o seu bolso e o meio ambiente.
O termo obsolescência programada apareceu, pela primeira vez, em um livro em 1928. O marketeiro americano Justus George Frederick descreveu-a como uma necessidade de colocarmos os consumidores numa cadeia de compra crescente e diversa para ativar o comércio. Porém, para mantê-la ativa, seria necessário que os produtos tivessem uma duração curta.
E parece que Justus não era só marketeiro, como também vidente, porque atualmente lidamos com uma estrutura comercial muito similar a sua teoria. Entenda o porquê.
O que é obsolescência programada?
A obsolescência programada é o que a indústria e os desenvolvedores fazem para encurtar a vida útil dos produtos. Isso acontece, por exemplo, com designs de celular que ficam ultrapassados em pouco tempo, como é o caso dos lançamentos periódicos da Apple.
Ademais, falamos também em obsolescência programada quando pensamos na mobília da casa. Você já refletiu porque aquela máquina de lavar da sua vó da era dos dinossauros continua intacta e a que você comprou há cinco anos não aguenta mais o tranco? Parte desse problema são as peças com menos qualidade e até um sistema mais frágil que os fabricantes utilizam de propósito nos produtos para que eles durem pouco.
Outra questão que gira em torno do assunto é a assistência técnica. Além dos bens durarem menos e quebrarem fácil, o conserto deles é sempre difícil. Você já percebeu como para a maioria dos produtos é mais fácil comprar um novo do que consertar? Isso também é obsolescência programada, pois é o sistema lhe obrigando novamente a entrar na roda do consumo.
Obsolescência programada em eletrônicos e eletrodomésticos
Agora que já falamos sobre as questões gerais, vamos, então, enveredar a discussão para os eletroeletrônicos. Como que os fabricantes reduzem a vida útil de um aparelho?
Primeiramente, é importante mencionar que essa discussão está em construção, até porque não existem muitas leis sobre esse assunto. Logo, é difícil entender exatamente sobre a prática das indústrias, porque as empresas em si negam que elas realizam a obsolescência programada. Porém, podemos citar alguns exemplos com mais incidência.
Em primeiro lugar, temos o problema das baterias, que é um caso de obsolescência sistêmica. Nessa situação, o fabricante induz erros propositais nos produtos, como reduzir a performance de celulares antigos e diminuir a vida útil das baterias, para que o consumidor compre modelos mais novos.
Há também muitos relatos de obsolescência programada sistêmica em impressoras, nas quais o sistema começa a informar problemas nos cartuchos e dificuldades para imprimir, sendo que o aparelho em si está em perfeito estado.
Ademais, nos casos dos celulares, pratica-se muito a redução do apelo, que é quando a indústria lança novos produtos com poucas mudanças, mas para que os antigos se tornem antiquados.
Por fim, quando falamos sobre a prevenção de reparos, podemos mencionar os fones sem fio. Os Air Pods, por exemplo, têm uma bateria que não dá trocar. Logo, assim que a vida útil dela acaba, o consumidor precisa gastar dinheiro com um fone novo, sendo que os outros elementos do produto estão em boas condições.
Você sabia que até a meia calça dura menos de propósito?
Em 1940 houve a invenção do nylon, uma fibra sintética muito resistente. Um dos seus usos principais foi na meia calça e o produto foi um sucesso entre homens e mulheres pela a sua durabilidade.
Porém, isso preocupava os fabricantes, pois o produto durava tanto que diminuía o ritmo das compras. Então, os cientistas tiveram que repensar a fabricação da peça para que elas tivessem uma vida útil menor, e incentivassem as pessoas a comprarem mais vezes.
Esse exemplo, citado no documentário The Light Bulb Conspiracy, também é uma jogada da indústria de obsolescência programada.
Consequências da obsolescência programada
Por fim, entre as consequências dessa prática, uma delas é o descarte intenso de lixo eletrônico.
Esses aparelhos possuem metais pesados que, por sua vez, contaminam os solos, e demoram anos para se degradarem, o que os torna grandes poluentes da natureza. Para completar, esses descartes vão para regiões pobres na Ásia e na África em que a reciclagem ocorre sem nenhuma segurança para os trabalhadores.
De acordo com um relatório da Universidade das Nações Unidas de julho de 2020, o mundo produz 53 milhões de toneladas de lixo eletrônico por ano, compostos, por exemplo, por celulares, computadores, geladeiras e células fotovoltaicas.