Moda sustentável: modelos de negócios que minimizam o impacto ambiental

Até a atriz Marina Ruy Barbosa se rendeu à moda sustentável com o lançamento da marca Ginger – que já teve peças esgotadas em menos de um dia

Aos 25 anos, a atriz Marina Ruy Barbosa acaba de se aventurar em uma área que ela conhece muito bem: a moda. Dona de um guarda-roupa invejável e queridinha de marcas como Dolce & Gabbana, a atriz investe na sua própria marca, a Ginger, que apresenta conceitos de arte e moda sustentável.

“Acredito em uma moda com olhar para o futuro, com mais atenção ao meio ambiente e preocupada o impacto”, disse em post nas redes sociais. A Ginger chegou com a coleção Prefácio, com peças de referências esportivas e comfy – que se esgotaram em menos de 24 horas.

Além do apelo fashion, as roupas apresentaram um conceito de moda sustentável, confeccionadas em tecidos 100% algodão. A Ginger trabalha, ainda, com etiquetas de papel-semente, um material artesanal e biodegradável que pode ser plantado. “Dessa forma, as tags da Ginger ao invés de virarem lixo, se tornam plantinhas”.

Moda sustentável
Reprodução/instagram

O que é moda sustentável?

São necessários mais de 2 mil galões de água para fazer um par de jeans. Essa é a quantidade de água que uma pessoa bebe, em média, num período de 7 anos. A produção de roupas e calçados é responsável por 8% das emissões globais de gases de efeito estufa – mais que a indústria de navios e aviação. Juntas.

Consequentemente, se continuar neste ritmo, estas emissões deverão  aumentar quase 50% até 2030, segundo dados da ONU. É por estes e outros fatos que a indústria trilionária da moda pode ser considerada uma das mais poluentes do mundo. Consciente disso, também é uma das áreas que mais investe em alternativas para minimizar os impactos no meio ambiente.

É neste contexto que temas como sustentabilidade entraram na moda: são ações, métodos e processos minimizam os efeitos gerados na cadeia de produção têxtil, no ciclo de vida de cada produto.  O objetivo da moda sustentável é criar um sistema que funcione com o mínimo impacto possível ao meio ambiente. Desta forma, atinge todas as etapas do ciclo que começa com a plantação dos insumos ao beneficiamento dos fios, passando pela produção do tecido e das roupas, até o consumo e descarte de peças. E vai além: também leva em conta reutilização e reciclagem dos produtos e cada um dos seus componentes.

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Reprodução/pixabay

Benefícios da moda sustentável

Uma cadeia limpa na moda permitiria não só a redução do uso de recursos naturais não-renováveis como a água, por exemplo. Como também a diminuição considerável de resíduos têxteis no meio ambiente. Afinal, estima-se que a cada segundo um equivalente a um caminhão de lixo têxteis é depositado em um aterro ou queimado – uma perda de US$ 500 bilhões ao ano com roupas que vão para o lixo (sem ser recicladas).

Outro benefício da moda sustentável é garantir condições justas e salários dignos para quem trabalha neste segmento. Então, na prática, isso significa que produzir roupas, acessórios e sapatos de maneira mais sustentável possível traz não só benefícios ambientais como também sociais e econômicos.

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Reprodução/pixabay

Moda sustentável e o consumo consciente

Nada disso seria possível sem a conscientização de quem compra artigos fashion. Para o consumidor, moda sustentável significa saber mais sobre a produção e os valores das marcas, bem como se perguntar: vale a pena adquirir uma peça que explorou a natureza e também pessoas para ser feita?

O consumo consciente começa com a escolha de peças mais duráveis, que dificilmente compõe o sistema fast fashion (moda rápida, em tradução livre) que  ainda se vê hoje no varejo. E passa por uma mudança de atitude em relação a novos padrões de consumo na moda. Desta que a compra de peças de segunda mão (nada como um brechó!), aluguel de roupas, looks com materiais orgânicos e reciclados.

Em casa, o consumidor pode contribuir com a moda sustentável com ações simples. Como lavar menos as peças de roupa, por exemplo. Na internet, é possível participar de grupos de peças de roupas, para evitar o descarte no lixo. Além disso, aproveitar a oferta das confecções locais, minimizando a pegada de carbono com o transporte de roupas (que produz uma grande quantidade de CO2).

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Reprodução/pixabay

Moda sustentável: e as marcas?

Certamente, a grife Ginger de Marina Ruy Barbosa não é a única a apostar no conceito de moda com propósito, trazendo a combinação entre estilo e sustentabilidade. Mas o desafio de desenvolver uma cadeia limpa e com preocupação ambiental também preocupa grandes marcas – da alta-costura às mais populares no varejo.

Moda verde de luxo

A Gucci, por exemplo, criou a coleção cápsula Gucci Off the Grid, com roupas e acessórios feitos com materiais orgânicos, reciclados e com base biológica. No ano passado, a marca italiana criou o Equilibrium Gucci que mostra não só as estratégias de sustentabilidade da marca mas, também, as metas para reduzir o impacto ambiental.

Entre 2015 e o ano passado, a grife italiana conseguiu diminuir em 39% este impacto – além de 37% em sua pegada de carbono no mesmo período. E tem até perfil no Instagram com mais de 16 mil seguidores e famosos engajados, como a atriz Jane Fonda.

Gucci
Divulgação/gucci

Jeans com baixo consumo de água

Na última semana, as lojas Renner lançaram a Re Jeans, uma coleção de roupas em denim com consumo de água até 44% menor na comparação com uma peça tradicional. Além disso, o mix de matérias-primas utilizadas na confecção da linha foi aprimorado. Assim, todos os fornecedores aproveitaram sobras de tecido, que foram desfibrados e transformados em um novo fio.

Igualmente, as roupas da Re Jeans também foram elaboradas com algodão certificado e sem poliéster – o que permite que cada uma das peças possam ser recicladas de novo e de novo. Como resultado, atualmente 75% de todo o jeans da Renner já é feito a partir de materiais e/ou processos de menor impacto.

Renner
Divulgação/renner

Menos plástico, mais esporte

A Adidas também aposta em moda sustentável com uma nova linha de alta performance. A Primeblue foi toda produzida com Parley Ocean Plastic – material feito a partir de resíduos plásticos interceptados de ilhas remotas, praias e comunidades costeiras. Cada produto da coleção traz, pelo menos, 40% de materiais reciclados.

Tecidos de alta performance como o Primeblue aproximam cada vez mais a marca do seu compromisso de colocar fim ao uso de resíduos plásticos em suas roupas, acessórios e embalagens.  Apenas em 2020, mais de 50% de todo o poliéster utilizado pela Adidas em seus produtos será reciclado. A meta é que em 2024 este índice chegue a 100%.

Adidas
Divulgação/adidas

Moda sustentável além do marketing

Uma das tendências da pós-pandemia é justamente essa: a moda sustentável, com processos mais limpos e respeito ao meio ambiente. Marcas engajadas que vão muito além das ações de marketing e posts fofos nas redes sociais.

Um relatório recente do Instituto C&A, intitulado “O Futuro da Sustentabilidade na Indústria da Moda”, mostrou que com esforços e comprometimento, a moda sustentável será viável em 16 anos. E que planejamentos que incluem soluções práticas como coleções colaborativas, moda circular, negócios de revenda ou segunda mão e inovações na indústria estão entre os pontos estratégicos para esta mudança.

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