Cresce o número de empresas com menor eficiência energética no País
Pequenas e médias têm dificuldades para realizar investimentos em equipamentos e processos eficiência energética.
O número de indústrias consideradas pouco eficientes no uso de energia vem crescendo no Brasil, o que coloca o País nas últimas posições do ranking mundial da categoria que mede este tipo de prática. Embora a indústria nacional tenha melhorado seus índices de eficiência energética, estudo aponta esse aumento do número de empresas menos eficientes. Observamos um crescimento, mas não temos uma clareza completa do que causa isso. “No entanto, políticas de subsídio, acesso ao crédito e falhas de informação contribuem para esse quadro”, afirma a diretora do Climate Policy Iniciative no Brasil, Natalie Hoover.
Associado ao Núcleo de Avaliação de Políticas Climáticas da PUC-Rio, a organização é responsável pelo estudo que examinou 106 setores da indústria extrativa e de transformação entre 2003 e 2015. A pesquisa aponta que a melhora da economia observada para as empresas no período não se traduziu em aumento da eficiência energética. “O que o estudo mostra é a necessidade de uma política pública de longo prazo para melhorar a questão setorial e diminuir barreiras para que as empresas mais eficientes ganhem espaço”, aponta Hoover, acrescentando que, no Brasil, essas políticas costumam ser reativas a períodos de crise, como o racionamento de energia em 2001. No ranking elaborado pelo Conselho Americano para uma Economia Energeticamente Eficiente (ACEEE) de 2018, o Brasil está na 20ª posição geral e na 21ª do setor industrial entre os 25 países que mais consomem energia.
Dificuldade para priorizar a eficiência energética
O gerente sênior de relações institucionais de sustentabilidade e inovação da Schneider Electric para América do Sul, João Salgueiro, conta que enquanto grandes empresas multinacionais têm projetos de eficiência, pequenas e médias possuem dificuldade. “Existe uma série de entraves, como o desconhecimento das tecnologias, foco imediatista nos investimentos e restrição de financiamentos para a compra de equipamentos”. Salgueiro explica que para essas empresas é difícil priorizar a eficiência energética. Esse tipo de projeto é avaliado juntamente com gastos com produção e logística, mais relacionados à atividade fim da indústria.
O especialista em energia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rodrigo Garcia, destaca que a entidade promove dois programas para atender de forma diferenciada as necessidades de empresas de diferentes portes. Existem as grandes empresas, que têm necessidade de investir em eficiência energética para competir no mercado global e médias e pequenas, que trabalham com a energia como um custo. O Programa Aliança tem como meta atingir as 100 grandes indústrias em 5 anos, buscando uma redução de custo operacional de R$ 500 milhões por ano. Já foram investidos R$ 3,5 milhões em seis empresas. Metade paga pelo Procel [Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica] e metade pela indústria.
Foram encontradas oportunidades de economia de R$ 76,4 milhões , revela Garcia. Já o Programa Brasil Mais Produtivo, que tem como meta o atendimento de 300 pequenas e médias empresas, prevê um total de R$ 6,4 milhões investidos até o final de 2019. São R$ 21 mil destinados para cada indústria, sendo R$ 16,8 mil pagos pelo programa , diz Garcia, que admite que a maior ociosidade causada pela crise permite a revisão dos processos produtivos. Pela demanda não estar tão aquecida, as plantas podem parar e analisar onde é possível reduzir custos.