Fundos de renda fixa voltam a atrair o investidor
Dos R$ 83,8 bilhões captados no primeiro trimestre de 2021, as aplicações em renda fixa ficaram com R$ 61,4 bilhões
Os fundos de investimento voltaram a ganhar força na entrada de recursos. A captação líquida (depósitos menos saques) no primeiro trimestre mais que dobrou na comparação com o mesmo período de 2020. O volume líquido captado foi de R$ 83,8 bilhões, de acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Os fundos de renda fixa foram os que mais conquistaram o investidor.
Para Pedro Rudge, diretor da Anbima, o aumento de captação líquida sinaliza que os investidores procuram a diversificação. Pessoas físicas que saem dos títulos públicos para produtos como fundos de investimento, como opção na busca de rentabilidade.
O segmento de renda fixa abocanhou nada menos que 73% dos recursos, ou R$ 61,4 bilhões, captados pela indústria de fundos nos três primeiros meses do ano. Os fundos de ações tiveram menos depósitos que saques no período. O saldo negativo foi de R$ 11,2 bilhões no trimestre.
Especialistas dizem que o desempenho negativo da bolsa de valores nos dois primeiros meses do ano levou o investidor a pisar no freio do movimento de compra de ações e voltar a olhar um pouco para a renda fixa. Não que esse segmento, duramente punido pelo descompasso entre juro baixos e inflação alta, tenha voltado a acenar com maior atratividade.
O que houve, de acordo com os especialistas, foi um ajuste nas taxas de juros de títulos privados, especialmente dos papeis de crédito privado, como as debêntures. Títulos de longo prazo que precisam de juros mais altos para competir com os de prazos mais curtos para atrair o investidor.
Os riscos da rentabilidade prefixada
Há o alerta, no entanto, para o fato de que a rentabilidade prefixada desses títulos passa por fortes oscilações em momentos de grande instabilidade no mercado futuro de juros. Uma instabilidade que, avaliam, tende a crescer à medida que se aproxima a nova reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, marcada para maio.
Um cenário ideal para quem está de posse desses papeis é o de inflação e juros em queda. Em um horizonte de trajetória contrária, de alta, desses indicadores, o título se desvaloriza em relação aos que embutem taxas de juro mais elevadas, mais ajustadas ao novo cenário.
Em geral, esses títulos passaram a participar em maior volume nos fundos de renda fixa quando os gestores, diante dos juros baixos em títulos públicos e bancários, passaram a ocupar o espaço da carteira com papeis que acenam com rentabilidade mais atraente, como as debêntures.
Antes do tombo da Selic, os fundos de renda fixa rodavam com uma carteira que carregava basicamente LFT (Letra Financeira do Tesouro), com rendimento atrelado à Selic, e títulos bancários, como CDBs. A queda dos juros exigiu dos gestores maior diversificação da carteira.
Uma estratégia que pode ter potencial para turbinar o rendimento do fundo, mas com pitada maior de risco, que, se for malsucedida, poderá também redundar em perda.